Capítulo 36

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> Reino Elysium <

[Liam]

- O que? - Ela sussurra, sua voz trêmula de incredulidade. - Você... você se apaixonou?

            Assinto com a cabeça, incapaz de suportar o olhar de descrença em seus olhos.

- Sim, mãe. - Murmuro, minha voz mal audível. - Eu sei que é difícil de aceitar, mas é a verdade.

            Ela fica em silêncio por um momento, sua expressão uma mistura de choque e preocupação.

- Mas... mas como isso aconteceu? - Pergunta ela, sua voz vacilante com a magnitude do que estou confessando. - Eu... eu nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer.

            Sinto um aperto no peito ao ver o medo e a confusão estampados no rosto da minha mãe.

- Eu também não, mãe. - Admito, minhas palavras pesando como chumbo em minha língua. - Mas... mas aconteceu, e agora eu preciso enfrentar as consequências.

- Eu não posso acreditar filho, já imaginou? Esse escândalo vai atravessar reinos, imagina se isso chegar aos ouvidos do Rei Cedric.

- Mãe, tem outra coisa que eu preciso contar. - O receio toma conta de mim, meu corpo treme, minhas mãos estão úmidas. - Eu... Nós... Eu e o Cedric nos beijamos.

- O QUE? - Minha mãe põe a mão no peito. - Liam, pelos Deuses o que aconteceu com você?

- Eu não sei mãe, juro... Eu também não queria estar nessa posição.

- Rei Cedric tem quase a idade do seu pai, como você foi se apaixonar por ele? - Ela põe a mão na cabeça.

- Eu queria te responder sua pergunta, mas eu também não sei a resposta.

- Ah Liam... - Minha mãe solta os ombros.

- Por isso eu quero ir embora mãe, quero sumir desse reino, quero voltar pra lá e pensar direto em tudo que aconteceu.

- Você pode pensar sobre isso aqui Liam...

- Mãe, aqui eu sou só um prisioneiro e eu não vou aguentar por muito tempo essa situação.

            Minha mãe me abraça e eu sinto as lágrimas vindo. Vai ser triste ir embora e perder o carinho que minha mãe me deu todos esses anos.

- Pense bem sobre isso filho, quero o melhor pra você mas pense bem. - Ela diz saindo e me deixando no quarto sozinho.

*****

            Estamos de pé diante do povo, minha família e eu, sorrisos falsos pintados em nossos rostos enquanto nos preparamos para fazer uma aparição pública. Por fora, estamos unidos, uma família completa e feliz mais uma vez. Mas por dentro, a tensão entre meu pai e eu é quase palpável, um abismo de ressentimento e desconfiança que se estende entre nós. Sinto-me sufocado pela falsidade do momento, pela necessidade de fingir que estamos todos bem quando, na realidade, estamos desmoronando por dentro. Meu pai, o Rei Aldric, está ao meu lado, sua postura rígida e sua expressão tensa revelando a verdadeira natureza de nossos relacionamentos.
            Minha mãe e Amara tentam sorrir para a multidão, mas posso ver a preocupação em seus olhos, a angústia de terem que participar desta farsa junto conosco. É como se estivéssemos todos presos em um pesadelo, incapazes de escapar da teia de mentiras que tecemos ao nosso redor.
            E então, no meio de nossa fachada cuidadosamente construída, somos interrompidos pelo som repentino de passos apressados ecoando pelo salão. Todos nós nos viramos para ver um guarda entrar, seu rosto pálido e sua respiração acelerada revelando a gravidade da situação.

- Rei Aldric. - Começa ele, sua voz ecoando pela sala. - Houve um ataque na praça leste. O Reino Escuro está voltando.

            Um calafrio percorre minha espinha enquanto absorvo as palavras do guarda. O peso da ameaça iminente se abate sobre nós, transformando nossa farsa em uma realidade sombria e assustadora. Meu pai fica tenso ao meu lado, seus olhos faiscando com determinação enquanto ele se prepara para enfrentar o inimigo.

- convoquem os reinos vizinhos, eles precisam saber urgentemente disso e não esqueçam de colocar as tropas em todos os portos do reino, não vamos deixar esse reino conquistar nossos local.

            Meu pai fala impõe, ele é autoritário,  todas as suas ordem são seguidas sem qualquer questionamento.

- Vocês. - Ele aponta pra gente. - Fiquem em um lugar seguro.

- Vamos para outra sala. - Minha mãe me nos guia.

            Entro na sala junto com minha mãe e Amara, fechando a porta atrás de nós. O clima dentro da sala é carregado, pesado com a tensão e o medo que paira sobre nós desde a notícia do ataque do Reino Escuro. Decido romper o silêncio, buscando entender melhor a ameaça que enfrentamos.

- Por que todos têm tanto medo do Reino Escuro? - Pergunto, minha voz ecoando no espaço silencioso da sala.

            Minha mãe olha para mim com tristeza em seus olhos, como se não quisesse compartilhar a verdade sombria que esconde.

- O Reino Escuro é um lugar perigoso, Liam. - Começa ela, sua voz baixa e grave. - É um reino que mexe com magia escura e poderes sombrios que a maioria de nós não compreende. Eles têm a capacidade de destruir um reino inteiro, sem deixar vestígios para trás.

            Engulo em seco, uma sensação de medo se formando em minhas entranhas enquanto imagino o poder assustador do Reino Escuro.

- E quem governa lá? - Pergunto, minha curiosidade superando meu medo.

- Pelo que o papai falou. - Amara começa. - O Rei e a Rainha do Reino Escuro são figuras misteriosas e temidas. - Diz ela, sua voz pesada com o peso do conhecimento. - Eles são poderosos, implacáveis e sem piedade.

            Minha mãe para por um momento, parecendo reunir suas forças antes de continuar.

- Houve um ataque do Reino Escuro em um reino próximo há alguns anos. - Diz ela, sua voz vacilante. - Foi devastador. O reino foi reduzido a cinzas, e seus habitantes simplesmente desapareceram, sem deixar rastro.

            Sinto um calafrio percorrer minha espinha enquanto absorvo as palavras sombrias de minha mãe. O Reino Escuro parece ser uma ameaça muito maior do que jamais imaginei, uma força implacável que não pode ser subestimada.

- Que os Deuses nos protejam desse mal eminente. - Minha irmã fecha os olhos.

            Fico pensando no Rei Cedric, será que ele já sabe do ataque? Espero que ele esteja seguro.

[CONTINUA]

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