Uma bruxa, magoada e com ego ferido, profetizou a ruína do rei de Celestia e a chegada de seu filho, que traria o fim à dinastia Magnus; a morte e a desonra andariam ao seu lado. Mas eram apenas boatos, histórias para assustar crianças, e Ellianor M...
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DESDE A CHEGADA de Thaya de Arthman a Celestia, Dorian vinha dedicando um tempo considerável à sua companhia, o que não passou despercebido pelos criados. Nos corredores do castelo, murmurava-se sobre toques desnecessariamente íntimos, risadas altas e até mesmo uma tentativa furtiva de roubar um beijo da jovem princesa. Embora fossem apenas rumores, Dorian sabia que boatos, quando sussurrados incessantemente, tendiam a enraizar-se como verdades incontestáveis. Ele tomava precauções; estava ciente de que o adultério era um crime severamente punido em Celestia. A exposição poderia significar a morte pública, o banimento ou, no mínimo, uma desonra irreparável.
Mas Ellianor, a rainha, enfrentava suas próprias limitações. Sem provas concretas, uma acusação contra o popular rei consorte seria, no mínimo, complicada. Mesmo em um julgamento por combate, o apoio do povo a Dorian poderia inclinar qualquer decisão. Sua recente vitória nas arenas havia assegurado um lugar intocável nos corações celestianos, e Ellianor sabia que confrontá-lo abertamente poderia ser um erro fatal.
Era uma tarde ensolarada quando Dorian decidiu levar Thaya ao coração pulsante do reino: a rua do comércio. Enquanto caminhavam pelos jardins em direção ao mercado, ele contou histórias heroicas sobre guerreiros do passado, suas palavras estrategicamente pontuadas para impressionar a jovem princesa. Ao chegarem a uma pequena tenda de lenços de seda e tapeçarias, ele fez um gesto galante, guiando-a com a segurança de quem sabia exatamente como manipular os olhos que os observavam.
Thaya estava trajada à maneira celestiana. Seu vestido branco, com mangas longas e delicadamente adornado por bordados prateados, marcava sua cintura com perfeição. O cabelo, de um vermelho intenso, caía em uma única trança que imitava o estilo de Ellianor – uma escolha que parecia proposital. Apesar de ser uma estrangeira, a princesa de Arthman adaptava-se surpreendentemente bem ao novo reino.
— Meu pai comentou sobre a rua do comércio — começou Thaya, observando o movimento ao seu redor. Mercadores gritavam suas ofertas, e o cheiro inconfundível de especiarias, carne fresca e sopa de legumes preenchia o ar. — Disse que não há nada pior para um rei do que misturar-se aos sujos.
Dorian riu suavemente, o canto de sua boca erguendo-se em um sorriso malicioso.
— Seu pai é um homem sábio — respondeu ele, desviando o olhar para o caos organizado do mercado. — Mas a verdade é que essa "sujeira" é útil. Mostrar-se entre o povo, mesmo que brevemente, conquista corações facilmente iludidos. Eles querem acreditar que nos importamos.
— Ainda assim, parece que você os despreza — retrucou Thaya, arqueando uma sobrancelha. — Por que insistir em se expor a algo que considera tão repulsivo?
Dorian parou e virou-se para ela, inclinando levemente a cabeça, como quem contempla um quebra-cabeça simples.
— Porque eles me adoram — disse, a voz carregada de uma soberba quase cínica. — Aos olhos deles, sou um deus caminhando entre mortais. Ellianor, por ser mulher, jamais alcançaria o mesmo. Não importa o quanto se esforce, ela sempre estará à sombra da coroa que carrego.