Capítulo 30

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Sexta-feira chegou trazendo grande agitação. Logo cedo, saí com Bento para comprar as coisas da barraquinha do bolo. No centro estavam sendo montadas as barraquinhas, decorações, uma enorme fogueira, e um espaço para a quadrilha.

A cidadezinha toda cheirava a milho, vinho quente, canjica, pipoca, cachorro-quente, algodão doce, maçã do amor, e inúmeras comidas que eu ainda não sabia quais eram.

Havia vários jogos também sendo montados, músicos ensaiando na sanfona e na viola, e crianças correndo agitadas de um lado para o outro.

Nas escolas, ainda havia aula, porém com a ansiedade para a festa, muitos alunos faltavam.

—Pinguinho, você vai precisar tirar uma pausa do trabalho hoje.

—Por quê?

—Advinha quem serão os noivinhos da quadrilha dos jovens?

—Não! Eu não vou. Não tenho nem vestido para isto.

—Minha mãe costurou um.

—Eu não me lembro como dança quadrilha.

—Se corrermos, dá tempo de ensaiar hoje e amanhã cedo.

Compramos bastante farinha, ovos caipira, chocolate, fubá e farinha de milho. Colhemos ainda laranja e limão. Pegamos o leite da Bolinho e da Lili.

Corremos para a casa de Tia Dulce e Bento já fora aquecer o fogão à lenha.

—Lembra quando fizemos um bolo escondido no fogão à lenha? —Bento perguntou.

—Lembro sim.

—Éramos tão ingênuos que esquecemos da fumaça do lado de fora. Meu pai descobriu por isso — contou, rindo.

Comecei a separar as vasilhas e formas de bolo. Lavei as frutas e deixei as barras de chocolate ao leite e meio amargo já cortadas para derreter.

—Que horas seus amigos chegam?

—Tia Liz avisou que os traria mais cedo para ajudarem.

—Como eles são?

—A Aline é minha amiga mais chegada, eu a ensinei a subir em árvores, e ela está ansiosa para o bolo de forno à lenha e quer conhecer você.

—Me conhecer? — perguntou surpreso.

—Digamos que eu falava um pouquinho de você para ela

—E o que você falava? — perguntou ao mesmo tempo em que me puxou pela cintura.

—Falava mal, é claro. E suas mãos estão sujas de carvão e cinzas do forno, sujou toda minha roupa.

Bento levou suas duas mãos até meu rosto e puxou-me outra vez para um beijo rápido.

—Acho que seu rosto está sujo — disse entre risos. —E se pensar em jogar farinha em mim, eu não vou cumprir com o dedinho de lavar a louça.

A ameaça não adiantou. Peguei um pouco de farinha que havia caído na mesa para não desperdiçar, sem que Bento visse. Me aproximei dele e esfreguei a mão enfarinhada no rosto dele.

—Aurora — ralhou ele.

—Eu não vou lavar a louça — respondi convencida

Voltamos a cozinhar e eu continuei a falar de meus amigos.

—Aline tem um irmão gêmeo, que é o Léo. Eles parecem um pouco com a Dora e o Levi na personalidade. Ágata é minha amiga, mas não tão chegada como a Aline, e sinceramente, ela parece a Isabela algumas vezes. É um pouco enjoada e reclama bastante. E por último tem o Noah.

Desenhos de uma SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora