Capítulo Doze

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Rol Fisher:

Ao anoitecer, me colocaram em um terno simples que, ao me olhar no espelho, me remeteu a outra época. Estava prestes a voltar para o funeral do meu avô, uma ocasião da qual fui obrigado a participar. Foi difícil, pois ele tentava ser bondoso comigo da melhor maneira possível naquele lugar. No entanto, antes que pudesse mudar ou melhorar nossa relação, acabou falecendo. Isso me deixou sozinho contra aquelas pessoas e me estremeço só de pensar nisso novamente. O funeral não foi tão grandioso; era mais uma cerimônia simples para enterrar um corpo e oferecer algum consolo. Ao meu lado, Atila permanecia calmo, e eu segui sua liderança. Contudo, surpreendi-me ao perceber que ele pegou na mão de Carmuel, que não a retirou de imediato.

Observando mais atentamente, notei que Carmuel parecia preso em um transe ao olhar para aquele lugar. Pude apenas imaginar o turbilhão de pensamentos que passavam por sua mente. Em sequência, Tri e o casal Railane também se aproximaram, seguidos por Santiago com Gred.

Atila moveu-se até o caixão, observando por alguns instantes o pai antes de se virar e limpar as lágrimas que ameaçavam cair. Voltou para o meu lado, e foi nesse momento que percebi uma figura etérea passando ao lado do caixão. Ela beijou os lábios de Marlon e murmurou algumas palavras.

— Aquele é o pai ômega do Atila — Valmir sussurrou no meu ouvido. — Ele nunca apareceu para nenhum dos outros, apenas ficava chorando. Morreu enquanto lutava contra os demônios que invadiram nosso território para proteger o filho e o marido..

Imaginei a dor de saber que não poderia mais ver seu amado. A alma dele podia ter sido destruída completamente, e a chance de se reconstruir era nula. Esse era o preço amargo de usar sua energia vital em feitiços. O silêncio na cerimônia foi interrompido pelo eco dos suspiros e pela melancolia que pairava, então o fantasma veio até nossa direção e passou a mão fantasmagórica pelos cabelos de átila que estremeceu.

— Eu te amo, meu lobinho — Ele disse. — Seu pai também te amava, e sinto muito que não conseguimos ficar mais tempo com você.

Olhou para mim, e notei seus olhos castanhos ficarem intensos, mas ele desistiu do que iria dizer e desapareceu da minha frente.

Permaneci ali, absorvendo o momento e as palavras inacabadas que pairavam no ar. A presença fantasmagórica de Atila deixou uma sensação de conexão entre o passado e o presente. Enquanto o funeral prosseguia, pude notar que o ambiente ao nosso redor tornava-se cada vez mais denso com as emoções compartilhadas.

Valmir, que estava ao meu lado, quebrou o silêncio:

— No final ele amava demais eles

A cerimônia continuou, e a noite envolveu-nos em seu manto escuro. Cada um de nós carregava o peso da despedida, mas também a promessa de honrar a memória daqueles que partiram. Enquanto as chamas do funeral se apagavam, algo novo surgia entre os vivos. Uma compreensão silenciosa e uma conexão profunda que transcenderia a perda e a solidão. O futuro se desenrolava diante de nós, carregando consigo as marcas de um passado que moldaria as trajetórias de nossas vidas de maneiras imprevisíveis.

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Quando tudo terminou, Atilas estava quase adormecendo, e o peguei no colo com delicadeza. No final, ele ainda era uma criança que cansa facilmente, especialmente quando contém suas lágrimas.

Carmuel ainda estava em silêncio, e Tris ficou olhando para o irmão.

— Rol, se quiser, pode me passar ele e o coloco na cama — Vilma disse.

Ela se aproximou, e Atila se apertou ainda mais contra meu corpo, adormecendo. Olhei para Valma, que ficou meio sem graça.

— Não tem com o que se preocupar. Posso fazer isso ou até mesmo deixá-lo dormindo no meu quarto, se ele quiser — falei.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora