Capítulo Dois

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RRol Fisher:

Fico cada vez mais curioso sobre aquela aldeia de Betas enquanto ainda estávamos na estrada. Sempre ouvi dizer que os betas escolhem viver isolados dos ômegas e alfas devido ao preconceito, seja por serem mais parecidos com mundanos ou considerados fracos em suas formas de lobo. Atualmente, é bastante raro encontrar um beta em uma aldeia de lobos.

Posso garantir, por experiência própria, que antes de encontrar o Santiago, sempre passava por algumas alcateias, e os lobos betas, sempre que possível, me aconselhavam a permanecer por pouco tempo para evitar problemas com alfas ou ômegas.

Cada beta me permitia ficar em sua casa por um curto período, até eu decidir para onde ir em seguida. Sempre tomava cuidado para não me misturar demais, evitando que alguém me visse e tentasse intimidar.

Mas quando há tantos betas quase próximos a uma alcateia, sem sequer tentarem disfarçar, chega a ser um pouco estranho para mim, especialmente considerando que vivem tão intensamente em suas formas de lobos.

Às vezes, os betas parecem se sentir mais relacionados aos mundanos do que aos lobos, evitando transformações que são comuns entre os outros membros da alcateia. Essa peculiaridade adiciona uma camada de mistério à dinâmica daquela aldeia de Betas, despertando ainda mais minha curiosidade.

— Você não pode contar, mesmo? — perguntou Santiago ao motorista, que permanecia em silêncio há algum tempo. Ambos, Santiago e eu, ansiávamos por respostas, pois a ideia de betas formarem uma alcateia exclusiva era algo inédito e intrigante.

Eles detestam carregar lembranças dos outros lobos, constantemente rebaixados por serem considerados fracos. Se possível, buscam ter filhos com alfas ou ômegas, apenas para serem abandonados quando seus predestinados chegam. Sempre será assim; no momento em que o predestinado do alfa ou do ômega aparece, eles podem abandonar seu parceiro, especialmente se for um simples beta. Uma realidade difícil de lidar para esses lobos marginalizados.

— Senhor, já falei que não posso falar sobre esse assunto — reiterou o motorista. — É particular da própria Alcateia.

— Pare de dizer isso e abre a boca — insistiu Santiago.

Certamente, Santiago estava prestes a brigar com o pobre motorista, e tive que intervir para evitar que isso acontecesse. Afinal, a culpa não é totalmente do motorista, que está impossibilitado de fornecer informações sem ser considerado um traidor se alguém descobrir. Desde o início, esse motorista tem sido gentil conosco, desde o momento em que entramos no carro até agora.

— Tudo bem, Santiago — falei, pegando em sua mão. — Não force... — Deixei espaço para ela falar o seu nome.

— Gred Simas, pode não parecer, mas sou um bruxo — disse o motorista. — Tenho 58 anos.

Se não estivesse sob o efeito da Alcateia de betas ou da queimação que a marca de escravidão deixou em mim, deixando meu cérebro meio distante, juraria que Gred olhou rapidamente para Santiago por alguns segundos ao dizer isso, mas disfarçou um pouco mal.

— O que um bruxo faz sendo motorista para o líder de uma Alcateia? — perguntei.

— Bem, os So-jeff recebem tanto lobos quanto bruxos que não têm para onde ir — explicou Gred, com uma certa admiração na voz. — Já que o líder e a irmã são mestiços de um lobo e uma bruxa. Isso começou assim que a mãe deles conheceu o líder anterior.

— Entendo, o que te trouxe até essa Alcateia em particular? — Santiago perguntou.

— O meu clã de bruxos entrou em guerra com outro clã — explicou Gred. — Como não sou de lutar, acabei me escondendo para proteger os jovens e idosos. A verdade é que o clã em que vivia, para não ser capturado pelos inimigos, fugiu e nos separamos. Acabei vindo para esse lugar, e quando cheguei, a mãe do líder e da jovem mestra me acolheu. Desde então, jurei lealdade.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora