O Jovem Soldado(ABO/MPreg)

Bônus Três (Leonardo Watch e Klauons Reinherz)

Leonardo Watch:

No início da minha juventude, eu era uma pessoa solitária e independente. Fui criado pela matriarca de uma família nobre, com meu pai sendo um demônio. Aos três anos, descobriram esse fato sobre mim quando finalmente viram meus olhos sem os óculos que eu costumava usar, os quais minha mãe tentou esconder de todos.

Devido ao fato de meus olhos serem a marca do meu feiticeiro, eu era frequentemente assediado por meus meio-irmãos mais velhos ou meu padrasto, que não escondiam seu desgosto por mim. Em uma ocasião, fui levado ao limite depois de ser intimidado por esses idiotas, e o incidente despertou meus poderes mágicos por completo. Meus poderes fortes se manifestaram contra meus irmãos cruéis, ferindo-os. No entanto, esse ato me fez fugir daquele lugar.

Quando completei dezesseis anos, minha mãe, à beira da morte, enviou-me uma carta implorando para que eu a visitasse uma última vez antes que o último suspiro escapasse de seus lábios. Ao chegar àquela casa, todos me viram como um monstro e sussurravam pelas minhas costas a cada passo que dava em direção ao quarto daquela mulher.

Encontrei minha mãe deitada na cama ao lado do meu padrasto. Naquele momento, percebi que ela já não conseguia mais sair da cama, nem mesmo tinha forças para segurar uma simples colher. Meu padrasto foi quem transmitiu a notícia à família e aos amigos, tentando manter-se o mais calmo possível, mas pude sentir que seu coração estava sendo arrancado do peito. Ele sempre amou aquela mulher até o fim, mesmo quando descobriu a verdade sobre o nascimento do seu querido terceiro filho.

Aquele homem era repugnante para mim, assim como todos naquela casa. Foi gratificante ver a sensação de impotência deles, incapazes de ajudar minha mãe ou compreender sua doença e o que ela queria me dizer naquele momento.

Ainda guardo a lembrança dela pedindo perdão por nunca ter sido uma boa mãe, por não ter dado o carinho e amor que eu precisava. Ela se via como uma vítima, assim como eu me via. Mas essa é a diferença dos feiticeiros: quando suas marcas ficam expostas, a família vira as costas e se torna algozes. Meu padrasto ficou paralisado no lugar, suas mãos tremiam, provavelmente imaginando que eu iria surtar e destruir aquele lugar. Era tão fácil ler aquele homem.

Ajoelhei-me ao lado da cama e segurei a mão dela, enquanto meu padrasto se levantava em alerta e ia até a cabeceira da cama, onde tinha uma arma, provavelmente preparando-se para atirar em mim. Encarei-o com calma, como ele era tolo em pensar que uma arma de fogo seria mais rápida que um feiticeiro.

— Não posso guardar rancor para sempre — falei, e seus olhos castanhos se arregalaram. — Mas também não quero que sinta culpa por toda a minha infância. Você fez o possível para ser uma boa pessoa, e isso é algo que não precisa levar para outra vida sua culpa.

Ela olhou para mim, surpresa, como se não esperasse minhas palavras. Seus lábios tremeram ligeiramente enquanto ela tentava processar minha compaixão inesperada. Por um momento, houve um silêncio tenso na sala, quebrado apenas pelo som abafado da respiração irregular de minha mãe.

Meu padrasto permaneceu tenso, segurando a arma, mas seus olhos mostravam uma mistura de incredulidade e confusão diante da cena que se desenrolava diante dele. Era como se ele não conseguisse entender como eu poderia demonstrar tal compaixão depois de tudo o que havia acontecido entre nós.

Então, lentamente, minha mãe estendeu a mão trêmula e tocou meu rosto com ternura, seus olhos lacrimejando com uma mistura de gratidão e remorso.

O céu estava escurecido quando a família se reuniu em torno da cama, e todos a beijaram gentilmente, um por um. Sem esperar mais nada, fui embora, nunca olhando para trás.

Era o que desejava fazer, mas um dia meu padrasto e irmãos tramaram contra minha vida. No fim, tive que fazer a escolha de matá-los se quisesse viver livre, mas antes de fazê-lo, ao menos dei uma chance. Meu segundo irmão fugiu para longe e o primeiro fez o mesmo.