Capítulo Trinta e Três

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Carmuel So-jeff:

Ter aquela conversa com o Rol foi uma experiência verdadeiramente especial. Apesar de inicialmente me sentir um pouco desconfortável, conforme as palavras fluíam entre nós, percebi que estava diante de alguém com quem podia me abrir completamente. Foi como se as barreiras que normalmente guardam meu coração se dissolvessem na presença dele.

O que mais me cativou durante nossa conversa foi a sua autenticidade. Rol tem essa capacidade única de irradiar uma força tranquila, uma determinação que não se vê com frequência. Ele é alguém que não tem medo de lutar pelo que acredita ser correto, mesmo que o mundo pareça se opor a ele. É essa coragem, essa convicção, que me atrai profundamente.

Sei que minhas palavras podem tê-lo deixado confuso. Talvez ele não entenda completamente por que sinto essa conexão tão intensa com ele. Mas para mim, é simples: Rol é único. Sua essência, seu coração, é como nenhum outro que já conheci. Ele é um daqueles raros indivíduos que têm o poder de iluminar minha vida com sua presença, e por isso, sinto-me irresistivelmente atraído por ele.

Aquela conversa com Rol foi um turbilhão de emoções para mim. Mesmo que eu tenha tentado trancar meus sentimentos, suas palavras penetraram profundamente. Elas foram como facas afiadas, perfurando a armadura que construí ao redor do meu coração.

Suas palavras foram duras, eu sei. Elas cutucaram feridas antigas, aquelas que eu tentei tão desesperadamente manter trancadas. Mas agora, esses sentimentos negativos que eu tanto tentei reprimir estão emergindo com uma força avassaladora. É como se eu estivesse preso em uma tempestade de memórias dolorosas, ouvindo os sussurros dos que perdi e dos que matei ecoando em minha mente.

A dor é insuportável. É como se cada batida da minha cabeça contra a parede fosse uma tentativa desesperada de afastar esses fantasmas, de silenciar suas vozes que clamam pela minha alma. Mas mesmo assim, eles persistem, como sombras que se recusam a desaparecer.

Eu sei que preciso encontrar uma maneira de lidar com isso, de confrontar meu passado e aceitar quem eu sou. Mas neste momento, tudo o que posso fazer é sucumbir à dor, deixá-la consumir-me até que não reste mais nada. E esperar, esperar por um raio de luz que me guie para fora desse abismo de escuridão. então me senti cair e desabar no chão

Aos poucos, a agonia se transformou em caos dentro de mim. Minha cabeça parecia uma tempestade, os tremores percorriam todo o meu corpo, e então, de repente, algo negro começou a emergir de dentro de mim, forçando-se para fora com uma violência sufocante. Engasguei-me, sentindo a pressão daquela massa negra contra minha garganta, me afogando em desespero enquanto lutava para respirar.

Sem pensar, meu corpo se lançou ao chão, as mãos batendo com força contra a superfície dura. Cada impacto enviava ondas de dor através de mim, mas era como se eu estivesse tentando esmagar essa escuridão que ameaçava me consumir por dentro.

Uma voz familiar, cheia de preocupação, rompeu a névoa de angústia que me envolvia. Era um dos meus subordinados, seu rosto pálido com o terror refletido em seus olhos. Eu o encarei, lutando para me orientar naquele turbilhão de sensações.

Foi então que notei o pequeno beta, aquele que Rol havia salvado de minha ira assassina. Ele estava ali, ao meu lado, olhando-me com uma expressão curiosa e corajosa. Como ele ousava se aproximar assim, quando todos os outros recuavam com medo?

Ele segurou minhas mãos ensanguentadas nas suas, e por um momento, a sensação de toque humano trouxe uma estranha calma para meu caos interior.

Mas a realidade rapidamente se impôs novamente. Minhas mãos, tão vitimadas quanto meu coração, estavam dilaceradas, retalhadas por lascas de madeira e reboco. Sangue escorria em um padrão macabro, uma colcha de retalhos vermelhos sobre minha pele.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora