Capítulo Trinta e Cinco 1°PARTE

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Carmuel So-jeff:

— Huh? — Exclamei, abrindo os olhos e tentando me levantar da cama. Mas percebi que estava preso à minha cama, firmemente protegido. Notei que meu braço estava bem enfaixado, assim como a perna, e isso me deu um desespero ao perceber que não conseguia me curar como de costume, e a magia parecia estar tão distante.

Com um gemido de dor, tentei me levantar, mas meus membros protestaram, fazendo com que soltasse um xingamento. Resignado, voltei a me deitar. Respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos tumultuados que invadiam minha mente. A sensação de impotência era avassaladora. Eu, que sempre me orgulhei da minha habilidade com a magia e da minha capacidade de me curar rapidamente, agora me via frágil e limitado.

Olhei ao redor do quarto, buscando alguma pista que pudesse explicar o que havia acontecido. As lembranças da batalha contra o monstro e da morte de Valkar inundaram minha mente, trazendo à tona uma mistura de tristeza, raiva e determinação.

Decidi que precisava encontrar respostas e retomar o controle da situação. Mesmo que meus poderes parecessem enfraquecidos, eu não podia permitir que o medo e a incerteza me dominassem.

Com um esforço, consegui me sentar na cama, ignorando a dor pulsante em meu corpo. Eu não desistiria tão facilmente. Eu era Carmuel, e ainda havia uma batalha a ser travada.

A porta se abriu e Tri entrou no quarto. Seus olhos encontraram os meus com uma calma forçada enquanto ela puxava uma cadeira e se sentava ao lado da cama.

— Nem tente fazer nada! — sua voz saiu firme, mas carregada de preocupação. — Você não precisa se forçar a levantar. Estará apenas se esgotando ainda mais.

Virei minha cabeça na direção dela, buscando algum conforto em sua presença. Sua expressão estava completamente abatida, como se tivesse passado a noite inteira chorando.

— A maldição dividiu você e libertou seus sentimentos negativos, criando um monstro — ela explicou, sua voz embargada. — Os guardas passaram a madrugada inteira na floresta tentando localizar aquela besta, mas não tiveram sucesso algum.

— Eu não queria fazer isso, Tri, eu juro. Não sabia que a maldição seria capaz de algo assim. Ela tirou meu lobo de mim e até meus poderes de bruxo — falei, com a voz embargada pela culpa, enquanto ela balançava a cabeça lentamente. Em seus olhos, não havia nada além de uma grande dor.

— Ele era como um pai para mim, e para você também. Agora você espera que eu simplesmente fique ao seu lado — Tri disse, sua voz carregada de mágoa. — Você prometeu que faria de tudo para não deixar isso acontecer novamente, mas nada adiantou. Sabia que o feitiço era uma péssima ideia, ainda mais com a maldição tendo ficado ainda mais forte sobre você e sobre mim.

Olhei na direção dela e percebi que estava usando mangas compridas. Ela as dobrou, revelando as veias roxas que começavam a surgir. Um desespero me invadiu e fechei os olhos quando percebi que sua expressão estava completamente vazia de emoção.

— Tri... — Comecei, mas me calei, afinal, o que poderia dizer? Só queria chorar novamente.

— Eu sei o que vai dizer, mas... — Ela começou, e eu a cortei.

— Não adianta discutir. Temos que encontrar meu lobo antes que faça mais uma vítima — Falei, levantando-me, e a dor voltou com tudo, fazendo-me soltar um palavrão. — Inferno, por que não estou me recuperando?

— Nenhum feitiço de cura está tendo efeito em seu corpo — Tri disse friamente, e engoli em seco. — É como se tivesse uma enorme coisa sobre sua pele que impede qualquer feitiço de te curar.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora