Capítulo Cinqueta

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Carmuel So-jeff:

Olhei para Tri, cuja expressão confusa refletia a incerteza diante das minhas palavras recém-proferidas. Não conseguia discernir se ela as interpretava como uma piada ou algo sério. Um silêncio tenso pairou entre nós por alguns preciosos segundos, até que finalmente ela quebrou o impasse, abrindo a boca para me encarar intensamente.

— Está me expulsando? — perguntou, com uma mistura de surpresa e incredulidade em sua voz. Neguei com a cabeça, deixando escapar uma risada. — Então por que está me mandando preparar as malas? Se não for para me expulsar, ou pior, se não me disser por quê, vou chutar sua bunda e amaldiçoar sua alma.

Ela me encarou com um olhar ameaçador, seus olhos brilhando com intensidade, assim como suas mãos pareciam prestes a desferir um golpe. Desde quando minha doce irmãzinha se tornara tão furiosa e pronta para me atacar? No entanto, eu sabia que não estava errado em exigir uma explicação antes de agir.

Decidi tomar a iniciativa e me aproximei dela, bagunçando seus cabelos delicadamente, o que a deixou emburrada e fez com que ela desse um tapa na minha mão.

— Conta logo — Tri disse, revirando os olhos com impaciência.

— Lembro-me de você sempre dizer na infância que sonhava em viajar pelo mundo e fazer as coisas à sua maneira, sem se preocupar com nada, até mesmo inventando algumas poções novas — falei, e novamente ela me olhou com incredulidade. — Estou sugerindo que você possa fazer sua viagem sem se preocupar comigo ou com a alcateia. Tirei algumas férias junto com a Alana.

— Mas fazer-me viajar assim, sem que eu tenha tido tempo para me preparar e decidir para onde irei... Foi muito repentino, especialmente com tudo o que ainda precisa ser feito na alcateia — disse Tri, com uma expressão pensativa, enquanto batia delicadamente no meu ombro.

— Eu entendo, Tri. Foi uma decisão repentina, e peço desculpas por isso. Mas eu queria te surpreender, proporcionar uma oportunidade para você realizar seus sonhos. Podemos resolver as questões da alcateia juntos antes de partir, se preferir. O que acha? — falei calmamente.

Ela suspirou.

— Vou pensar — respondeu Tri.

— Sei que você é capaz de decidir em uma hora. — falei, sorrindo, e ela concordou enquanto ela saía do escritório.

— Quem você acha que consegue fazer isso em apenas uma hora?! — gritou Tri passando pela porta, me fazendo rir.

Em instantes, Rol surgiu com uma expressão calma.

— Não sei se é um pedido difícil, mas... quero que você cuide bem das coisas que os Fishers fizeram contra nosso povo — ele disse, fazendo-me erguer uma sobrancelha em sua direção.

— Você quer que eu cuide bem deles? — perguntei, estranhando o pedido, considerando as horríveis ações daquelas pessoas miseráveis que o haviam machucado repetidamente e até mesmo o vendido para um casamento arranjado dias antes. Senti-me envergonhado, como se tivesse ouvido palavras ridículas. Rol engoliu uma risada enquanto eu questionava: — Você está delirando?

Era um tom amargo, e se houvesse mais pessoas aqui, tenho certeza de que concordariam comigo. Enquanto via Rol tentando defender pessoas que o haviam machucado e humilhado, senti uma mistura de incredulidade e frustração. Rol finalmente teria a chance de destruí-los, mas eu não conseguia entender por que ele estava falando essas palavras.

Enquanto isso, Rol me analisou e percebeu que eu não havia simplesmente entendido o seu pedido. Então, soltou um suspiro, revelando sua verdadeira intenção antes de me responder.

O Jovem Soldado(ABO/MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora