6. A bolsa

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Oi, oi 🤭

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Marília

Gostei da energia da Maraisa, ela parecia boa gente, mas era calada demais. O tempo todo que estivemos no carro, fui sempre eu a falar e ela respondia com frases mais curtas.

Talvez eu estivesse a ser aborrecida. Só queria ser simpática.

Tinha estado com o Lucas nessa noite. Depois de sairmos mais cedo da festa, estive em casa dela, mas não fizemos sexo. Demos alguns beijos, mas não mais que isso.

Quando entrei em casa, tive uma sensação de vazio enorme. A casa estava vazia, não havia luz em nenhuma divisão, estava tudo em total silêncio, e arrumado como tinha deixado.

Tinha saudades da Helena. Também tinha saudades de ser amada. De ter alguém que me quisesses, que cuidasse de mim, que me fizesse sentir uma mulher amada, além do papel de mãe. Mas não me ia pôr à frente da minha filha, nunca.

O meu telemóvel tocou.

Chamada On

Marília: Maraisa? - perguntei confusa

Maraisa: Olá - parecia sem jeito - desculpa, não queria atrapalhar

Marília: Não atrapalhas - sorri - precisas de alguma coisa?

Ela fez uns segundos de pausa.

Maraisa: Deixaste uma coisa no meu carro - falou - uma bolsa cor de rosa

Marília: Ah, não acredito, espera - fui à minha mala e confirmei - eu preciso mesmo dessa bolsa

Maraisa: Queres que vá aí levar-ta?

Marília: Não, agora não, é tarde - sorri - eu sei que te vou pedir um grande favor, mas achas que nos podemos encontrar amanhã? É que eu preciso dela na segunda feira de manhã

Maraisa: Claro, sem problema - respondeu simpática

[...]
Chamada Off

Eu não acredito que deixei cair a bolsa com os documentos do médico da Helena. Na segunda de manhã ia levá-la ao pediatra, para uma consulta de rotina, e qualquer mala de mãe tem sempre sinais dos filhos. Eu tinha levado a bolsinha e nem tinha percebido.

Ainda bem que a perdi no carro da Maraisa e não noutro lugar qualquer. Porque tem lá coisas muito importantes da minha filha.

Depois de desligar a chamada dela, tomei um banho e deitei-me a descansar. Já que estava sozinha, ia aproveitar essa noite para descansar.

Na manhã do dia seguinte, acordei sem despertador, e cedo. Apesar de querer dormir muito, o facto de estar habituada a acordar todos os dias com a minha filha, fez com que não dormisse muito.

Levantei-me, abri as janelas todas de casa, e depois de passar água fria na cara, fiz um bom pequeno almoço. Sentei-me à mesa, a comer, enquanto passava os olhos pelas redes sociais.

Vi posts de algumas pessoas que estavam no jantar na noite anterior. Numa das fotografias, estava a Maraisa, abri a página dela.

Parece que a morena era um pequeno fantasma no mundo das redes sociais. Quase não tinha publicações, a última já tinha algum tempo, e eram sobre trabalho. Não a segui, porque apesar de me ter dado boleia na noite anterior, não éramos amigas. Ao contrário do que fez a Maiara, que já aparecia como um dos amigos em comum, por já a seguir, entre a minha página e a dela.

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora