2. A morena

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Boa noite, gente boa 🥰

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Maraisa

Tenho 29 anos, e a minha vida é aquilo a que se pode chamar, uma vida completamente solitária e rotineira.

Mudei de cidade aos 18 anos, para estudar fora de casa e afastei-me dos meus pais. A nossa relação era bastante conflituosa e tóxica, da parte deles. Nunca me respeitaram como ser humano, ou deram qualquer tipo de afeto, e à primeira oportunidade que tive, afastei-me fisicamente.

Emocionalmente, fui-me também afastando com o tempo, e hoje em dia, praticamente não nos falamos.

Desde sempre que os meus pais foram controladores, criaram-me de forma a que eu nunca consegui socializar bem com as pessoas, nunca consegui manter uma amizade por mais do que algum tempo, e cheguei a esta fase da minha vida, e estava completamente entregue a mim própria.

Não digo isto de forma exagerada. Sou eu por mim própria. Desde os 18 anos que trabalho e me sustento. Não tenho dinheiro para muitos luxos, porque sei que não tenho a quem recorrer caso precise, além de não gostar de depender de ninguém.

Não tenho amigos, porque não tenho capacidade de socializar, tenho dificuldade em falar com as pessoas, não sei criar intimidade, e assusta-me que alguém tenho acesso ao meu ser mais profundo.

Sou filha única, portanto não tenho nenhum irmão a quem recorrer ou ligar. Mal falo com os meus pais. E os meus dias são passados entre o trabalho, e a minha casa.

Aos 18 anos consegui entrada numa licenciatura de fisioterapia, que terminei enquanto trabalhava como rececionista numa academia. Foi lá que ganhei o gosto por desporto, e que descobri o quanto treinar me fazia bem. Tinha acesso a várias aulas, desportos e equipamentos. A natação e os treinos de musculação ganharam o meu coração, como as corridas que fazia fora da academia.

Quando acabei a licenciatura em fisioterapia, tirei uma especialização em desporto, e hoje era treinadora numa academia.

Vivo nesta cidade há cerca de 4 anos. Além das pessoas com quem tenho de falar no trabalho, por obrigação, e dos meus alunos, não falo com mais ninguém.

Além de mim, e da minha própria companhia, tenho a Meg, uma cadela sem raça, que adotei num canil, ainda ela era bebé. A Meg é de porte médio, castanha clara, e a menina dos meus olhos. Foi abandonada pelos primeiros donos, e isso tornou o início da nossa relação mais turbulento. Mas com tempo e paciência, ela aproximou-se de mim, e hoje somos inseparáveis.

Cheguei a casa depois de mais um dia exaustivo no trabalho. Socializar era sempre esgotante para mim, e sabia-me bem, chegar ao silêncio, e paz da minha casa.

Vivo numa casa pequena, tem dois quartos, uma sala aberta para a cozinha, e uma pequena zona exterior, que tinha com várias plantas, e onde a Meg amava estar.

Quando cheguei a casa, e assim que abri a porta, ouvi as patinhas dela a correr pela casa. Ela não ladrava, era muito raro, e só quando se assustava muito.

Maraisa: Olá, meu amor - baixei-me e dei-lhe carinhos - como estás? Passaste bem o dia? - brinquei e ela rodopiou à minha frente

Fui com ela até ao pequeno jardim da parte de trás, e estivemos a brincar com uma bolinha, que ela amava.

Quando ela se cansou, deixei música a tocar baixo por casa, e fui tomar um banho. Coloquei a roupa interior e uma tshirt comprida, e saí para a cozinha. A Meg sentou-se com a língua de fora, perto da tigela com a comida.

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