Thomas

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O Aires me empurrou contra a parede agarrando meu casaco

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O Aires me empurrou contra a parede agarrando meu casaco. Seus olhos estavam brancos como leite, as veias de sua testa saltavam para fora

— eu fui muito tolerante com isso tudo até agora, mas você passou dos limites

— eu precisava conversar com ela

Nesses 7 meses que se passaram eu tentei diversas vezes conversar, perdia conta de quantas vezes vim ao reino do ar mas sequer me deixaram passar do portão.

Eu me sentia destruído, desejava a cada segundo do dia ter morrido com aquela perfuração no pulmão para não precisar viver um segundo sem a Lina. O arrependimento corroía minhas veias, era doloroso demais, eu não conseguia nem me olhar no espelho

— senhor, eu a amo e eu quero concertar as coisas

— não tem como concertar algo que você destruiu completamente — ele foi ficando ainda mais irritado — Eu não vejo a minha filha sorrir a meses, ela mal sai do quarto

O Aires me soltou e deu alguns passos para trás. Eu passei a mão no cabelo frustrado e tentei passar por ele para ir em direção ao quarto da Lina só que uma grande parede de vento me impediu de ir adiante

— deixei você se aproximar uma vez, não vou correr o erro novamente. Volte para o reino da terra e a deixe em paz

— eu não posso, não consigo

Meu estado era deplorável. A camisa amarrotada já estava encharcada de tanto chorar, os meus olhos ardiam e eu sentia um pouco de falta de ar devido o esforço para escalar a janela

— Kalel — sequer o vi chegar — acompanhe o Thomas até o reino da terra e garanta que ele não vai fazer nenhuma burrada

— sim, senhor

Diferente do pai o Kalel não teve a menor paciência comigo. Assim que nos afastamos do castelo ele me deu a maior surra e eu deixei com que me socasse o quanto quisesse porque eu merecia

— nós só não te matamos porque ela pediu, mas saiba que por mim você estaria a sete palmos do chão agora

— me matar logo seria menos doloroso

— vai se foder, Thomas. Suma daqui, não quero te ver no reino do ar

Eu voltei para o reino da terra. Viajei a noite toda a cavalo e cheguei com a maior dor no corpo.

— majestade — o Ciro me parou no portão e olhou para minha camisa suja de sangue

— não foi nada, só um soco no nariz

— temos que resolver algumas coisas...

— agora não, a gente fala sobre isso amanhã

Assim que me recuperei para poder voltar a trabalhar o meu pai  pegou a minha mãe e caiu fora. Os dois moravam em uma fazenda no interior sequer falavam comigo. A Estela me odiava, o Felipe estava preso e eu estava sozinho. Eu entendia todos eles por não quererem falar comigo. Enganei as pessoas que mais se importava comigo porque era ganancioso demais e muito burro para perceber que o problema estava todo em mim, eu só precisava me esforçar um pouco para ser uma pessoa decente.

AbominávelOnde histórias criam vida. Descubra agora