Abominável

Lina

Após uma semana no reino da terra a Ayla teve um enorme avanço. O Thomas tinha a ensinado muitas coisas. Ela já sabia fazer nascer flores, árvores, criar escudos de terra, abrir buracos no chão e gerar terremotos. Era um pouco assustador ver uma criança tão pequena fazer o chão tremer, mas ele a ensinou como parar e agora eu tinha uma miniatura completa dele em casa

Para mim as coisas estavam sendo mais complicadas do que pareciam. Eu tentava mantê-lo afastado com grosserias só que ele sempre parecia um filhotinho de cachorro abandonado quando eu falava algo e isso acabava comigo. Nós não tivemos um minuto de conversa que seja mas o simples fato de estar perto dele já era demais. Me odiava por isso, me odiava por gostar tanto de olhar para a cara bonita dele e sentir falta dos nossos momentos

— estou falando com você, mamãe

— me desculpa, o que você disse?

— o papai quer me levar até a cidade

— tudo bem

Nesses dias que ficaram juntos os dois se tornaram inseparáveis. A Ayla só queria desgrudar do pai quando ia dormir e mesmo assim me pediu várias vezes para dormir com ele. Eu não permitia, ainda não confiava no Thomas o suficiente para deixá-los sozinhos

— o que viemos fazer aqui? — questionei olhando um restaurante

— o que se faz em um restaurante?

— podemos jantar no castelo

— sim, mas quis trazer a Ayla para conhecer um lugar diferente

Nós sentamos em uma mesa pequena no canto e infelizmente não conseguimos passar despercebidos. Havia muitos olhares e fofocas que eu não entendia o motivo

— majestades — uma senhora comprimento — é um prazer recebê-los aqui

— obrigado — respondeu

— querem beber algo?

— um suco de morango — a Ayla disse

— tudo bem, volto logo

Quando ficamos a sós ele encostou na parede e ficou olhando a nossa filha tentando entender o cardápio com um enorme sorriso

— quando vou aprender a ler?

— quando você for um pouco maior

— o que está dizendo aqui?

— batata

Ele começou a explicar a fonética das palavras para ela e eu fiquei de boca aberta. Nunca imaginei que o Thomas seria assim com crianças.

Após nosso delicioso jantar onde os dois conversaram o tempo todo a Ayla quis andar pelas lojas mesmo já sendo tarde. A gente tomou sorvete e na volta para o castelo ela dormiu no colo do Thomas.

— posso carrega-la se estiver pesada

— você acha que não aguento?

— sei que aguenta, você esta todo fortão — falei sem pensar

Ele deu um sorriso de lado bem provocativo e me olhou

— eu estou todo fortão?

— esqueça que disse isso

— não vou esquecer, sinto muito

Quando chegamos no castelo ele a levou para o quarto e a colocou na cama

— sonhe com as fadinhas, princesa — sussurrou beijando sua testa — eu amo você