Abominável

Kelan

Para mim o mais difícil de tudo era me adaptar a viver em um castelo. Passei a minha vida inteira dormindo em quartos que as vezes nem tinham uma cama e agora eu dormia em um colchão tão macio que chegava a ser desconfortável. Eu e a Ayla completamos 7 anos de casados na semana passada e ainda assim eu tinha uma enorme necessidade de ficar por perto a cada segundo

— o que foi? — perguntei

A Ayla estava sentada na janela com a mão no pescoço e mordendo o lábio com a mente mais distante que já vi

— o que?

— você está distraída

— só me lembrando da noite passada

Levantei ainda sem roupa e caminhei até ela que me olhou cheia de vergonha

— o que você está lembrando?

Já tínhamos feito sexo em todos os lugares e posições possíveis mas ainda assim ela ficava corada quando falava disse e eu acha muito fofo. Me ajoelhei na sua frente e em um único movimento rápido puxei suas pernas sob meus ombros

— Kelan...

Ela puxava tanto meu cabelo que talvez eu ficasse careca. O meu rosto estava completamente molhado e o meu pau tão duro que doía

— vem aqui

Me sentei ao seu lado e após abaixar a cueca bati em minhas coxas para que ela entendesse onde deveria ir. A Ayla veio como uma gatinha manhosa para meu colo e foi se encaixando devagar

— hmm — agarrei sua cintura com força — rebola meu amor

Após 10 minutos nós fomos interrompidos por uma batida na porta

— Kelan, você disse que ia treinar comigo e já se atrasou 30 minutos

— cai fora, Ariel — ela respondeu rápido

— vocês transam o dia inteiro, que saco

— eu já vou, me espere na sala de treinamento

— você não vai a lugar algum

Sorri a pegando no colo e nos levei para o chuveiro onde terminamos. Quando a coloquei no chão ela agarrou meus ombros para se equilibrar

— o que você acha de faltar todos os nossos compromissos da tarde para ficarmos aqui? — questionou beijando meu pescoço

— a gente anda faltando muitos compromissos para fazer sexo, você não acha?

— nunca parece o suficiente, eu olho para você e já quero mais

Ela mordeu os lábios e me olhou de uma forma que já fiquei duro de novo. Isso não era normal, esse desejo todo que estávamos sentindo

— hoje é dia de alistamento, preciso estar no quartel à tarde, mas prometo que vou voltar o mais rápido possível e passarei a noite inteira te fodendo como você merece

— não fale assim — suas bochechas foram ficando vermelhas

— você não precisa ter vergonha

— não consigo não ter

— eu sei, mas quero que se sinta livre para me dizer o que tem vontade

— tudo bem

— diga o que você quer dizer

— eu quero que você volte logo e que passe a noite toda me... — parou de falar

— diga

— me... fodendo

Dei uma gargalhada e ela escondeu o rosto no meu peito

— eu amo tanto você — a abracei

Depois que nós vestimos eu fui treinar com o Ariel. Ele estava sem paciência andando de um lado ao outro

— nunca mais combino de treinar com você

— pare de ser tão ranzinza

— você se atrasa todo dia

Ele tinha 18 anos agora, não era mais um pirralho e nós conseguíamos ter algumas lutas boas. Eu o treinava para comandar o exército já que essa era sua posição por direito mas o garoto era muito rabugento

— quando for casado você também vai se atrasar

— não preciso me casar para foder alguém, Kelan

— não é a mesma coisa, quando você ama alguém é diferente

— amor é coisa de gente velha igual você

— pirralho abusado

Ele era como um irmão para mim, nós sempre nos divertíamos muito juntos. Após o treino fomos para o quartel onde alguns garotos se enfileiravam para serem avaliados

— parecem todos idiotas — o Ariel riu

— não temos o dia todo — falei observando a dificuldade para fazer uma única fila

Um por um eles foram se apresentando e dois generais os selecionavam para uma segunda etapa onde passariam por um teste físico. Consistia basicamente em obstáculos bem complicados que a maioria não conseguia

— é fácil demais para você ficar aí rindo quando nunca precisou sujar a bota de lama, principezinho

Eu sequer tinha notado a briga que começou do Ariel com um outro garoto

— está bravinho porque seu namorado não conseguiu passar? — debochou

— venha aqui e faça melhor então

O Ariel levantou deixando a cadeira cair para trás e começou a tiras as armas que carregava no corpo

– Ariel... — comecei

— me deixa fazer isso, preciso calar a boca desse idiota

Ele tinha cara de bom garoto com aqueles olhos verdes e o rostinho de príncipe mas eu o conhecia muito bem para saber que por baixo da casca existia alguém muito poderoso, afinal ele era filho de seu pai e os dois tinham uma personalidade muito parecida

Quando a última faca caiu na mesa ele caminhou até a linha de partida ao lado do outro garoto e todos ficaram em silêncio. A sirene foi tocada e ambos correram pela lama escorregadia mas o outro garoto caiu e acabou ficando muito para trás. O Ariel escalou o muro de pedras sem dificuldade nenhuma depois terminou o percurso em tempo recorde

— Eu percorro essa floresta de olhos fechados para qualquer direção, sei usar qualquer arma existente e se te der um soco na cara minha força vai fazer com que caia duro. Só abra a boca para falar de mim quando for homem o suficiente para me superar

Ele pegou todas as armas e saiu irritado em direção a cabana. Eu o deixei lá sozinho até terminar os testes

— está mais calmo?

— eu odeio ser julgado por ter um título

— isso sempre vai acontecer, seja pelo título ou pelos dons

— mas não deveria ser

— você vê tudo que sua irmã passa só por ser mulher, o mundo não é justo mas você tem que ser mais forte que a opinião dos outros

— nunca vão me respeitar como respeitam você

— não são todos que me respeitam. Alguns homens dizem que só estou aqui porque me envolvi com sua irmã. Dizem que me aproximei dela por interesse

— Mas isso é mentira

— assim como eu você aprenderá com o tempo a não dar importância para o que não é relevante

— aquele cara passou?

— passou

— tudo bem

— vamos para casa, você precisa de um banho e eu prometi que chegaria cedo

— o relacionamento de vocês é doentio sabia?

— sim, agora vamos