Ayla

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Por uma semana inteira o Kelan me seguiu como uma sombra em silêncio. Não trocamos uma palavra que fosse e todas as minhas tentativas de conversa foram falhas.

Eu aproveitava cada momento de distração dele para o observar. Ele era mais alto que qualquer homem que eu conhecia. Tinha os braços bronzeados e fortes. Os olhos eram como avelãs, e ainda aquele cabelo sempre bem penteado o deixava extremamente bonito. Não precisou de muitos dias para que seu rosto começa-se a assombrar meus sonhos.

Ouvi uma batida na porta e então o motivo dos meus devaneios entrou

— você não vai jantar?

— vou — me aproximei — Kelan, sobre o que conversamos na cachoeira, eu ...

— esqueça aquilo

— mas não quero esquecer

Em um impulso eu caminhei rápido até ele e precisei ficar na ponta dos pés para alcançar sua boca. Nossos lábios se encontraram e os dele eram tão macios e quentes. Fechei os olhos soltando uma respiração e levei os braços ao seus ombros

— princesa — disse segurando meus braços e me afastando — só vim busca-la para o jantar

— mas...

— por favor, não torne meu trabalho impossível

— Kelan...

— vou pedir a outro guarda para acompanhá-la essa noite

Quando ele saiu do quarto fechado a porta eu senti minhas bochechas queimando de vergonha pela rejeição.

Um guarda diferente me acompanhou até o jantar e nos dias que se seguiram. Eu simplesmente não tive mais nenhuma notícia da onde ele tinha ido

— papai, onde está o Kelan? — questionei invadindo seu escritório

— ele está em uma missão para mim

— mas ele é meu guarda

— pensei que não quisesse um guarda — Cruzei os braços irritada e ele parou de rir — ele me pediu para colocá-lo em outra posição

— e você aceitou?

— não, mas o deixei ir e em alguns dias ele retornará

Fiquei tão ansiosa que mal conseguia me conter. Eu sentia meu coração batendo mais rápido a cada vez que alguém se aproximava e era decepcionante ver que não era ele.

Fui para o jardim tomar chá e fiquei encarando a xícara sem muito ânimo. Estava tão distraída que mal notei um pequeno filhotinho de gato se aproximando

— oi gatinho, de onde você saiu?

Me virei e o Kelan estava lá parado me observando sem piscar

— você o trouxe?

— eu o encontrei perdido, pensei que você fosse gostar de um amigo novo

Peguei o pequeno animal e sorri observando seu pelo marrom e macio. Ele abriu a boca que mal tinha dentes e tentou me morder

— você é um gatinho bravo — sorri

Levantei limpando as folhas do vestido e me virei

— obrigado

— por nada, princesa

— onde você estava? — me aproximei sentindo o coração bater mais rápido

— não posso te dizer, são ordens do seu pai

Me aproximei mais ainda e ele abaixou os olhos para me observar

AbominávelOnde histórias criam vida. Descubra agora