Aquela noite eu simplesmente deitei na cama e apaguei como não conseguia fazer a muito tempo. Não tive nenhum pesadelo, absolutamente um completo silêncio na minha mente. Acordei com alguma coisa pulando em mim e abri os olhos assustado
— acorda, papai
— princesa
— você já perdeu o almoço
— nossa, dormi tanto assim?
— não se preocupe, eu pedi para guardarem a sobremesa pra você
— o que seria de mim sem você? Obrigado meu amorzinho
Ela deitou a cabeça no meu peito e eu fiquei enrolando uma mecha de cabelo no dedo
— onde está sua mãe?
— na biblioteca
— e o que você quer fazer hoje?
— andar a cavalo
— você sabe cavalgar?
— o vovô tentou me ensinar mas sou muito pequena
— tudo bem, você pode ir comigo
Joguei ela ao meu lado na cama e comecei a fazer cócegas
— para com isso papai — gargalhou
— vou me trocar e nós podemos ir, vá chamar sua mãe enquanto isso e me encontrem nos estábulos
Ela saiu saltitando e eu fui me arrumar. Tomei um banho rápido, depois peguei uma calça preta e uma camisa branca. Calcei as botas sujas e minhas armas, depois desci para encontrá-las
— ele é tão lindo — ouvi a Ayla falando de longe
— é grande demais para você
— para o papai não é
Assim que entrei as duas olharam para mim
— eu quero esse
— claro, princesa
Eu evitei não olhar para a Lina porque tinha certeza de que ela estava muito arrependida por ter me beijado ontem e ainda não estava pronto para me decepcionar. Depois de selar os cavalos eu peguei a Ayla no colo e a coloquei segurando as rédeas, depois subi e coloquei os braços embaixo dos seus
— segure firme, ok? Você vai conduzir sozinha
Para quem disse que não sabia cavalgar ela estava indo muito bem. Nós fomos lentos um tempo e depois apostamos corrida com sua mãe que ficou para trás
— não tem graça, vocês estão em dupla
A Ayla estava gargalhando e não parava de sorrir um segundo. Nós últimos dias eu tinha a notado muito mais feliz do que quando chegou
— onde estamos indo?
— você já vai ver, princesa
Chegamos a cachoeira e amarramos os cavalos em uma árvore onde eles poderiam comer e beber água
— você sabe nadar?
— sim, o tio Frederico me ensinou
Confesso que aquilo me doeu muito e eu sequer soube disfarçar a cara de decepção. Deveria ser eu a ensinar todas as coisas a ela, não o Frederico
— posso entrar na água?
— sim, mas não saia da beirada

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Abominável
FantasyLina sempre viveu em uma gaiola de ouro graças a seu pai e seus irmãos protetores. Ela jamais imaginou que um baile traria tantos problemas Thomas é arrogante, ambicioso e não se importa com nada além de sí mesmo. Quando seu pai decide que passará...