Thomas

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Aquela noite eu simplesmente deitei na cama e apaguei como não conseguia fazer a muito tempo. Não tive nenhum pesadelo, absolutamente um completo silêncio na minha mente. Acordei com alguma coisa pulando em mim e abri os olhos assustado

— acorda, papai

— princesa

— você já perdeu o almoço

— nossa, dormi tanto assim?

— não se preocupe, eu pedi para guardarem a sobremesa pra você

— o que seria de mim sem você? Obrigado meu amorzinho

Ela deitou a cabeça no meu peito e eu fiquei enrolando uma mecha de cabelo no dedo

— onde está sua mãe?

— na biblioteca

— e o que você quer fazer hoje?

— andar a cavalo

— você sabe cavalgar?

— o vovô tentou me ensinar mas sou muito pequena

— tudo bem, você pode ir comigo

Joguei ela ao meu lado na cama e comecei a fazer cócegas

— para com isso papai — gargalhou

— vou me trocar e nós podemos ir, vá chamar sua mãe enquanto isso e me encontrem nos estábulos

Ela saiu saltitando e eu fui me arrumar. Tomei um banho rápido, depois peguei uma calça preta e uma camisa branca. Calcei as botas sujas e minhas armas, depois desci para encontrá-las

— ele é tão lindo — ouvi a Ayla falando de longe

— é grande demais para você

— para o papai não é

Assim que entrei as duas olharam para mim

— eu quero esse

— claro, princesa

Eu evitei não olhar para a Lina porque tinha certeza de que ela estava muito arrependida por ter me beijado ontem e ainda não estava pronto para me decepcionar. Depois de selar os cavalos eu peguei a Ayla no colo e a coloquei segurando as rédeas, depois subi e coloquei os braços embaixo dos seus

— segure firme, ok? Você vai conduzir sozinha

Para quem disse que não sabia cavalgar ela estava indo muito bem. Nós fomos lentos um tempo e depois apostamos corrida com sua mãe que ficou para trás

— não tem graça, vocês estão em dupla

A Ayla estava gargalhando e não parava de sorrir um segundo. Nós últimos dias eu tinha a notado muito mais feliz do que quando chegou 

— onde estamos indo?

— você já vai ver, princesa

Chegamos a cachoeira e amarramos os cavalos em uma árvore onde eles poderiam comer e beber água

— você sabe nadar?

— sim, o tio Frederico me ensinou

Confesso que aquilo me doeu muito e eu sequer soube disfarçar a cara de decepção. Deveria ser eu a ensinar todas as coisas a ela, não o Frederico

— posso entrar na água?

— sim, mas não saia da beirada

AbominávelOnde histórias criam vida. Descubra agora