[...]
Uma semana depois:
Eu não achei que fosse me "recuperar" tão fácil a morte do meu pai. Minha mãe recebeu alta do hospital mais esta enfrentando a depressão, Larissa está inconsolável e Tainys é a única da família que está nos sustentando emocionalmente já que era pouco apegada ao nosso pai, não que isso não a tenha entristecido...
Dizem que damos mais valor a algo ou alguém quando perdemos, e eu por experiência própria afirmo isso.
O Luka tem sido incrível durante esse tempo, ele não me deixa sozinha durante o dia e faz de tudo pra me animar.
Ele me leva pra sair, ver filmes, comer, passear, faz chocolate e pipoca, cuida da Pelúcia pra mim, e sempre que uma lágrima escorre do meu olho está ali pra poder enxugar.
Sinto até falta dele de noite na hora de dormir já que ele fica aqui a todo instante.
Estou olhando a hora no relógio e pelos os meus cálculos ele está atrasado cinco minutos... Quando pego meu celular pra perguntar se alguma coisa aconteceu a companhia toca e eu vou de imediato atender.
- Ei? - Disse estendendo um pacote de lanche-.
- Oi.- disse pegando o pacote e fazendo sinal pra que ele entrasse-.
- Alguma novidade?- perguntei fechando a porta-.
- Nenhuma, a única coisa que mudou foi o meu perfume.
- Não acredito.
- Que foi? Algum problema? - Disse se segurando pra não rir-.
- Eu gostava dele...- assumi corando-.
- Eu troquei temporáriamente, porque o meu pai importa exclusivamente pra mim e ele ainda não chegou.
- Ata.
- Você está bem melhor hoje, acho que já posso parar se vir aqui todos os dias.
- Você está me testando!?- Disse dando um tapa no seu ombro direito-.
- Testando!? Eu? Pra que?
- Pra saber o quão apegada a você eu sou!- disse e cruzei os braços como uma criança fazendo birra-.
- Talvez.- disse com aquele sorriso torto que lhe cai perfeitamente bem e eu dei-lhe um leve empurrão-.
- Você tem algo planejado pra hoje?- perguntei mudando logo o foco da conversa-.
- Na verdade eu até tenho, e vai ser bastante simples, vamos fazer tudo o que fizemos durante a semana só querem casa.
- Está bem mais vamos começar pelo que?
- Que tal pelo filme?
- Tá, mais qual?
[...]
Conversa vai conversa vem e optamos por tomar sorvete. Eu escolhi de baunilha claro.
- Você vai voltar pra escola essa semana?- ele me perguntou distraído-.
- Vou sim, não quero reprovar por falta.- respondi pensativa-.
De repente me deu um aperto no coração, ao me lembrar das vezes em que eu e meu pai sentavamos aqui na bancada da cozinha e contávamos como tinha sido o dia, tomávamos sorvete e sorriamos das coisas mais bobas.
Sem dar conta já estava chorando, aquele choro repleto de angústia e saudades. O Luka me envolveu em seus braços como sempre faz quando choro.
[...]
Um tempo depois ele me solto quando percebeu que eu já estava mais calma. Ele deu um beijo na minha testa e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Olhei nos olhos dele e logo depois desviei. Ele pegou minha mão e meu corpo inteiro se arrepiou, ele tirou uma caneta do bolso e desenhou um ponto e vírgula ( ; ), e percebendo a confusão que se formou no meu rosto me explicou:
- Isso é meio que do The Semicolon Tattoo Project ("Projeto da Tatuagem Ponto e Vírgula") é uma campanha que nasceu nas redes sociais em 2013 e desde então vem ajudando milhares de pessoas ao redor do mundo a se manterem firmes e fortes. O sinal ponto e vírgula é usado quando o autor de um texto poderia terminar uma frase, mas escolhe continuá-la. O intuito da campanha é justamente esse: que as pessoas com tendências depressivas e suicidas tatuem esse sinal em alguma parte do corpo e, sempre que olharem para ele, escolham também seguir em frente, continuar, sem desistir no meio do caminho. Não que você esteja tentando se suicidar ou com depressão, eu só acho que todos temos nossos limites, e a morte do seu pai te abateu muito, por isso eu desenhei esse ponto e vírgula em você. Pra que você saiba que não prescisa parar agora.
Eu o encarei e não sabia nem o que falar. Aí ele olhou nos meus olhos e continuou.
- Teve uma fase na minha vida... Bastante difícil, logo no início da minha adolescência, eu me achava bastante sortudo, tinha tudo, era rico, popular, rodeado de amigo, e tinha uma namorada perfeita ao meu ver.- nesse momento eu engasguei um pouco mais ele prosseguiu- Aí eu resolvi que poderia ser muito melhor, meus amigos estavam indo por um caminho que parecia ser melhor, e eu quis esperimentar coisas novas, o mundo do crime era tão conquistador, eu entrei nessa e estava indo tudo bem... Até que o quadro virou, e eu já não tinha mais nada, meus pais viviam discutindo, meus amigos brigando, minha namorada me traindo e eu entrando em depressão, a riqueza de nada me ajudava e os "amigos" estavam cada vez mais distantes. Uma noite estávamos reunidos no divertindo até que o acontece aquela tragédia, depois de terem me acusado de matar a Anelise tive um curto prazo depressivo e logo após me tornei frio, a dor foi mais forte do que eu. Mais durante esse período depressivo eu participei da companhia, e tatuei no braço em cima do nome da Anelise um ponto e vírgula. Não quero que fique depressiva, iria detestar ver minha princesa com depressão.
A história dele me comoveu tanto, que a única coisa que eu fiz foi beijá-lo. Eu já havia escutado outras vezes essa história, mais assim contada detalhadamente pelo Luka nunca. É terrível ver como ele ficou, e pelo que ele passou. É necessário ser muito forte pra superar tudo isso sozinho e tão rápido.
O beijo quente e ardente me fez arrepiar por inteiro. Aquela sensação indescritível de que você está nas nuvens ou em qualquer outro lugar do universo tomou conta de mim. Aos poucos o meu pulmão foi se esvaziando e infelizmente precisamos parar por falta de ar.
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Completamente Atraídos
Novela JuvenilLei n°9.610- Plágio é crime, 01/01/2015. Livro 2 da série Destinados: Posteriormente aos encontros e desencontros que aconteceram a vida mostrou que ainda é só o começo. Em continuidade a obra "Completamente Opostos" essa estória ir...