ÚLTIMO DIA.

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Christopher Collins.

ㅡ Talvez se apegar ao passado, esteja destruindo minha mente aos poucos.

ㅡ Alguém do além.

Desde que me lembro por gente, sempre estou e tive dificuldade em deixar o passado para trás. Os gritos da minha mãe, os socos do meu pai, a sensação de impotência que me consumia quando presenciava tudo aquilo. A imagem dela caída no chão, os hematomas em seu rosto, as lágrimas que não conseguiam parar de cair dos meus olhos. Tudo isso se tornou uma parte de mim, uma ferida que nunca cicatrizou.

E, mesmo agora, anos depois, ainda sinto o peso dessas lembranças me sufocando. As mãos que me tocavam com violência, os olhos de raiva que me encaravam, a sensação de medo que nunca me deixou. Apegar-me ao passado está destruindo minha mente aos poucos, corroendo minhas esperanças, minhas vontades, meus sonhos. E, mesmo que eu tente seguir em frente, essas memórias estão sempre presentes, como fantasmas que me assombram a cada esquina.

Eu sei que preciso me libertar desse fardo, deixar essas lembranças ruins para trás e buscar uma vida melhor. Mas é difícil, tão difícil. Sinto-me preso em um ciclo de dor e sofrimento que parece nunca ter fim. Sempre ele estará aqui, em algum lugar.. E, enquanto o tempo passa, vejo minha mente sendo lentamente destruída, minhas emoções se tornando um caos. Até minha vida social tá um caos.

Eu só queria esquecer, apagar da minha mente tudo o que vivi, tudo o que senti. Mas, sei que não posso simplismente apagar o passado. A única saída é enfrentá-lo, aceitá-lo, superá-lo, matá-lo talvez?. E, é isso que tento fazer todos os dias, lutando contra meus traumas, construindo um novo caminho para mim mesmo. Eu nunca consigo.

Porque eu tenho total consciência de que o passado não pode mais me definir, não pode mais me controlar. Eu sou mais forte do que isso, mesmo que às vezes pareça que estou desmoronando por dentro. Ainda há esperança, ainda há luz no fim do túnel. E eu sei que, um dia, poderei finalmente me libertar e ser verdadeiramente livre. Amar alguém, seria a solução? Uma forma de me libertar? Será? Quem sabe.

Hoje todos estão sinceramente felizes e um pouco tristes, pois a tarde iremos embora e hoje é o último dia. Sendo sincero, eu tive boas memórias de todos aqui e desse lugar, por mais que eu fale que eu odeio pessoas, eles até que são legais. Irei voltar ao meu ciclo normal, só, isolado.

Foi bom ficar aqui, até porque é temporario, sei que cada um vai seguir o seu caminho e ir para sua casa, e eu vou continuar a minha vida como a de sempre, sem muitos amigos e conversando com a única pessoa que eu suporto perto de mim, a Lis.

Praticamente a manhã toda, ficamos tomando banho de piscina, arrumamos a casa, jogamos alguns jogos de tabuleiro, futebol, cartas, o que era um pouco chato, mas, até que deu para passar o tempo. E, eu me pergunto, por quê não consigo abrir a boca, e falar o que penso? Sorrir como o outros, por quê?

Não espero a hora de chegar em casa e ler o meu amado livro. Sei que sou obcecado por livros e ler. É algo que veio comigo quando eu nasci, não é fetiche é uma verdadeira paixão por palavras, letras, e o cheiro de livros empoeirados á minha frente.

Mia chama todos para nos reunimos na sala. Geral já havia pegado e arrumado suas malas, mochilas.

-Bom, foi legal né gente, sei que para alguns não foi muita coisa, mas, me diverti bastante com vocês, espero que vocês também. -Diz sorridente.

-Que fique em nossas memórias. -Marcos completa.

Ouvi todos se declarando e quando chegou minha vez, nenhuma palavra sequer ousou sair de minha boca. Eu não consegui esboçar reação nenhuma. E, eu tinha algo pra falar.

AMOR ALÉM DO TOQUE.Onde histórias criam vida. Descubra agora