OBSÉQUIO.

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Christopher Collins.

ㅡ Você me viciou de uma forma, que
me deixou a mercê da morte.

ㅡ Alguém do além.

Tudo parecia congelar naquele momento, enquanto eu observava, sem palavras, a mulher que sempre amei fazendo tal coisa. Fechei os olhos por um instante, tentando processar a cena diante de mim. Cocei a ponta do meu nariz e me levantei da cama, o coração pesado de tristeza e confusão.

Sem olhar para seu corpo, e sim mirando em seu roupão no chão, eu o peguei e o coloquei ao redor de seu corpo, dando um laço cuidadosamente para evitar olhá-la diretamente.

-Já que não quer sair do meu quarto, eu irei dormir em outro. -Proferi suavemente, tentando manter a calma e a dignidade diante da situação desconcertante.

Ao passar por ela em direção à porta, as palavras ecoavam no silêncio tenso do ambiente. Abri a porta com cuidado, deixando um último olhar escapar antes de sair.

-Boa noite. -Murmurei, tentando conter a torrente de emoções que tumultuavam dentro de mim.

Saio do quarto meio zonzo. Ao chegar ao quarto de Edward, encontrei meu irmão com um olhar cabisbaixo, os traços marcados por uma mistura de compaixão e pesar.

-Eu sabia que uma hora iria acontecer isso, irmão. -Ele disse, a voz carregada de arrependimento. -Me desculpa, não era essa a intenção.

Suas palavras ecoavam pelo espaço enquanto ele se desculpava, revelando a tristeza que pairava entre nós.

Senti um nó se formar em minha garganta, as palavras de Edward ressoando em meus ouvidos. Em meio a toda a confusão e tumulto emocional, as únicas certezas que me restavam eram a dor da traição e a solidão que parecia se enraizar em meu coração.

-Eu apenas quero dormir. -Murmurei, deixando escapar um suspiro pesaroso enquanto me dirigia até a cama.

Enquanto me deitava, pude sentir o peso da traição pairando sobre mim, obscurecendo meus pensamentos e inundando meu coração com uma mistura de amargura e desolação. Edward se virou na cama, seus olhos buscando os meus.

-O que houve lá? -Ele perguntou com cuidado, tentando decifrar as emoções que eu mantinha cuidadosamente escondidas.

-Não quero falar sobre. -Respondi secamente, virando-me para o lado oposto. A solidão me envolveu, uma barreira nítida entre nós, e eu ansiava por um refúgio na claridade do quarto.

Edward se moveu como se fosse acender apagar, mas minhas palavras o fizeram.

-Apaga a luz e não me toque. -Pedi, buscando algum senso de controle na situação caótica em que me encontrava.

-Ah, certo. -Disse Edward, obedecendo meu pedido e mergulhando o quarto na escuridão.

Ele se deitou na cama em silêncio, um primeiro passo em direção a uma reconciliação que ainda parecia distante demais para alcançar.

O tempo passava lentamente, meu coração pesado de angústia e minha mente mergulhada em um redemoinho de pensamentos confusos. Eu não conseguia encontrar o sono, apesar da exaustão que pesava sobre mim, e sabia que Edward também não encontrava conforto na quietude que nos envolvia.

Em meio ao silêncio opressivo, eu me dei conta de que Edward não parava de se mexer, uma inquietação palpável que parecia ecoar minhas próprias emoções tumultuadas. O peso da traição pairava entre nós, uma sombra escura que se recusava a ser ignorada, delineando a distância que se expandia entre dois irmãos arrancados pela dor.

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