AMOR ALÉM DO TOQUE.

INEFÁVEL.

Stella Coller.

ㅡ Se tudo o que eu faço é para lhe manter feliz e
longe de mim, porquê sempre volta para mim
quebrado?!

ㅡ Uma garota qualquer.

Christopher está caído em meu colo, completamente embriagado, com os olhos sem foco e as palavras saindo arrastadas de sua boca. Ele tenta se levantar, mas acaba caindo no chão, sem forças para se mover. Enquanto isso, o Edward está sozinho na escada, provavelmente preocupado com a situação.

-Você se parece com a minha garota. -Sua voz sai trêmula enquanto respiro fundo, tentando manter a calma diante das palavras inesperadas de Christopher.

-Sua garota? -Pergunto, sentindo meu coração acelerar.

Christopher balança a cabeça lentamente, como se estivesse tentando se concentrar em minhas palavras.

-Sim, Stella... ela é linda, não é? -Ele sorri de forma boba, os olhos semicerrados devido ao álcool.

Sinto um nó se formar em minha garganta, minhas mãos tremendo levemente enquanto acaricio os cabelos bagunçados de Christopher.

-Deve ser... ela deve ser incrível. -Murmuro, tentando disfarçar a tensão em minha voz.

Ele se esforça para manter o equilíbrio, apoiando-se em mim enquanto tenta se expressar da forma mais clara possível.

-Eu gosto dela. -Diz finalmente, com um brilho de felicidade nos olhos, embora sua voz revele a confusão causada pela embriaguez.

-Gosta? Como? -Pergunto, observando atentamente as expressões confusas de Christopher enquanto ele tenta falar.

A embriaguez em sua voz denota a falta de clareza em suas palavras.

-Não sei. O jeitinho dela é único, ela... é bonita, bonita.. bonita... -Ele murmura, com os olhos semicerrados, como se tentasse visualizar a garota em sua mente turva.

Encaro Christopher com um misto de curiosidade e incerteza.

-Gosta dessa garota só por ela ser tão bonita assim? -Questiono, analisando sua reação diante da pergunta.

Seus olhos escurecem e ele parece concentrar-se em formular uma resposta coerente.

-Não. -Sua voz soa mais firme, tentando expressar algo mais profundo do que simples aparência. -Ela é inteligente, educada às vezes, humilde, tem empatia, e...

Interrompo-o antes que possa continuar, sentindo um lampejo de frustração.

-Eu já entendi. -Digo, um leve traço de raiva se fazendo presente em minha voz, diante da confusão causada pela embriaguez de Christopher.

-Eu... não terminei. -Ele murmura, sua voz parecendo mais firme agora, apesar do álcool em seu sistema, e eu coro, sentindo um misto de surpresa e curiosidade diante da sua persistência.

Sinto seus fios de cabelo entre meus dedos ao perguntar sobre seus pais, tentando manter leveza na conversa, apesar do assunto delicado.

-O papai batia muito em mim -Ele confessa, sua expressão distorcida por um sorriso que não alcança seus olhos, e um arrepio percorre minha espinha diante da revelação chocante.

-Sabe o que é mais engraçado? -Ele diz sorrindo, um sorriso triste e perturbador que me faz estremecer.

Um silêncio pesado paira entre nós antes de eu conseguir perguntar com uma voz trêmula.

-O que é mais engraçado?

Ele desvia o olhar, perdido em lembranças sombrias, antes de murmurar.

-Você parece a mamãe. -Seu olhar vago se fixa em um ponto distante, enquanto sua voz ecoa no ambiente, carregada de nostalgia e dor. -Ela me pegava assim no colo, e eu deitava minha cabeça e nós dois chorávamos.