MARTÍRIO.

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Stella Coller.

ㅡ Sentir muito não significa que eu me coloquei no seu lugar, porém eu sinto muito, muito mesmo.

ㅡ Uma garota qualquer.

Eu estava deitada na cama, distraída com um mangá em minhas mãos, quando meu celular tocou ao meu lado. Sem pensar duas vezes, peguei o aparelho e atendi sem nem olhar quem era.

-Oii Mia? -Perguntei, reconhecendo o nome da minha amiga na tela. A expressão no meu rosto era de surpresa e preocupação.

-Amiga, ontem... morreu. -Ela parecia nervosa do outro lado da linha, e sua voz tremeu quando disse. Sua frase foi interrompida por um soluço, mostrando o quão abalada ela estava.

-Quem? -Perguntei, temendo a resposta. Minha voz tremia enquanto eu segurava o telefone firmemente.

-A babá ou mãe de Christopher Collins... -A informação me atingiu como um soco no estômago, fazendo com que tudo ao meu redor parecesse parar. Eu sabia que a Lis tinha previsto sua própria morte e agora isso se tornava realidade. Minha mente começou a girar, tentando absorver o impacto da notícia.

Coitado do Christopher...

Uma onda de compaixão e tristeza invadiu meu coração. Agora estou imaginando a dor que ele deveria estar sentindo. O peso da notícia era avassalador, e tudo o que eu podia fazer era processar a perda e tentar me concentrar e procurar rumo. Meu rosto estava pálido e minhas mãos tremiam levemente.

-Mano... -Foi o único som que saiu da minha boca, sem conseguir articular mais nada. Minha voz estava rouca e fraca, refletindo meu estado de choque.

-Vida, não vai ter velório, parece que ele não quis, o corpo foi cremado e ele não deu entrevista. A casa dele tá trancada. -Mia falava rápido, como se tivesse investigado todos os detalhes do que aconteceu. Sua voz carregava uma mistura de tristeza e determinação.

Claro que ele não ia dar entrevista, o Christopher sempre foi meio isolado. Mas mesmo ele sendo assim, perder alguém não é fácil. Deve estar doendo demais. Meu coração se apertou ao pensar na solidão e angústia que Christopher devia estar enfrentando.

-Obrigada por me ligar. -Agradeci, minhas palavras carregadas de gratidão por Mia ter me informado. Senti a urgência de desligar o telefone antes que a emoção me dominasse completamente. Corri para ligar a TV, tentando entender melhor o que estava acontecendo. Meus olhos estavam marejados e meu corpo tremia com a intensidade dos meus sentimentos.

Com as mãos trêmulas, ligo a televisão e sintonizo em um canal de notícias. O visor mostra a informação que faz meu coração se apertar : "Morreu ontem, sexta-feira, Lis Mackenzie. Babá da falecida família Collins, renomada e influente na sociedade. O filho do Sr. Collins, herdeiro da fortuna da família, ainda não se manifestou sobre a trágica perda. O corpo da querida babá foi cremado nesta manhã e suas cinzas foram enviadas para a mansão dos Collins em Las Vegas."

Discretamente, uma lágrima escorre pelo meu rosto ao receber a notícia da morte de Lis.

O barulho insistente na porta quebra o silêncio da sala e me sobressalto ao me levantar para atender. O carteiro está lá, segurando uma carta que parece pesar um mundo de notícias sombrias. Seus olhos encontram os meus, e ele sorri amigavelmente ao me entregar a folha de papel e uma caneta. Ouço as batidas aceleradas do meu coração enquanto assino apressadamente, sem nem olhar direito para o que estou fazendo. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, o carteiro já se despediu e fechou a porta atrás de si.

Corro para meu quarto em um frenesi de ansiedade, rasgando a embalagem com mãos trêmulas. Dentro da caixa, encontro apenas uma carta, delicadamente dobrada e depositada ali, como se estivesse guardando algo muitíssimo importante.

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