NOAH
-Oliver, como aquela mulher!?...
Eu ainda não conseguia acreditar.
Primeiro em tudo que houve, segundo, como ela pode ser tão boa em combate assim?
Aleera luta.
Desde os doze anos eu enfrento batalhas, e nunca, ninguém me pegou daquela forma, nem se quer chegaram a mim e Aleera, conseguiu isso.
Eu estou com raiva e admirado, mesmo tendo acabado de levar uma surra e estar revoltado com isso.
-já enchi a bacia. Venha lavar esse nariz.
Caminho até a bacia, massageando meu braço, o pescoço vai ter que aguentar mais um pouco. Tiro o sangue e apenas com o braço esquerdo, enxugo meu rosto e quando tiro a toalha, meu mentor está me observando.
-Oliver...
-me questiono quando foi que eu perdi o Noah, que vi crescer e que jamais, tocaria em uma mulher daquela forma.
-eu também me questiono. Fui tomado por uma fúria que nem eu sei explicar. — suspiro derrotado me sentando na poltrona do gabinete. Não podia ir ao quarto, Genevieve estava lá sendo cuidada e até entender o que houve aqui, não irei falar disso com ela, e mesmo depois, eu tenho certeza que também não o farei. São muitas coisas para serem esclarecidas e diante de tudo que ouvi, constatei que a mulher com quem divido meu leito, não é de confiança — Quando dei por mim, já tinha o feito e já tinha me arrependido amargamente. Mesmo que ela tenha me dado uma surra, eu jamais deveria ter feito isso. Uma batalha é uma coisa, mas aqui, foi covardia...
-você insistiu em travar essa guerra sozinho e acabou perdendo. Cansei de te dizer que Aleera estava do seu lado.
-e foi dançar com meu inimigo? Que eu tinha proibido de entrar aqui? Eu errei em agredi-la, mas ela também teve sua parcela de culpa. Fez isso tudo e ainda agrediu Genevieve. Viu como o rosto dela estava?
-péssimo, admito. Mas tenho certeza que a rainha tem uma explicação.
-não existe explicação e acabamos de ver isso. Ela é uma selvagem Oliver e nunca vai mudar. Além disso, é uma grande mentirosa. Disse que foi ensinada com nossos costumes e estava lutando contra mim.
Reverbero revoltado, enquanto meu general se encontra com a mão no queixo pensativo, e tenho certeza que ele nem me ouviu.
-o que ela falou... — diz ainda pensativo.
-o que?
-ela disse que mal pode esperar o acordo acabar para ir embora, majestade. — então me dou conta. — Você contou a ela?
-nao. — digo desconcertado.
-contou para alguém? — me questiona já sabendo a resposta.
-Genevieve estava descontrolada, querendo me deixar e eu tive que dar um motivo a ela, para não desistir da gente, então eu falei.
-muleque tolo! — me enfureço com a forma com que ele fala, mas me calo. Sei que agora é meu mentor que fala — Como pode fazer algo tão estúpido?
-Oliver, veja como fala...
-eu estou vendo e estou tentando me conter, mas é que é tão absurdo, que não posso acreditar! Que espécie de rei é você que conta nossos segredos de forma tão leviana, assim?
Ele esbraveja e o encaro, seguro seu olhar assim como ele faz com o meu, ficamos assim por um tempo, que é quando me dou por vencido...
-eu não pensei! — admito revoltado — Achei que Genevieve fosse guardar segredo, não imaginei que na primeira oportunidade, ela contaria a rainha.
-deveria ter imaginado. Deveria ter trabalhado possibilidades, deveria ter feito qualquer coisa, antes de simplesmente falar... Deveria ter sido o rei. E se a rainha contar, não sabemos como o povo dela irá reagir, mas imagino que muito mal. Seu pai fez isso pelas costas, em completa desonra, algo que eu nunca imaginei, já que era tão justo... — agora ele parece mais contido — Bom! Se bem que, provavelmente a tia vera isso como uma excelente notícia. Ela repudiava essa união e a você. Tenho certeza que fará de tudo para ver sua cabeça rolar no chão.
-maldição! — movo meu braço sem pensar e a dor me atinge, fazendo com que eu pare imediatamente — Como minha vida saiu daquele marasmo para essa tempestade?
-amanhã, com calma, você vai descobrir isso e muito mais. Por agora, precisa ficar bem, para a partida dos reis e lordes amanhã.
-ainda bem que esse festival acabou.
Oliver pega uma toalha limpa, molha em outra bacia, e vem me ajudar com o meu pescoço.
Bufo e sigo tentando ignorar a dor que se instalou nas partes afetadas pela agressão.
Aleera parecia outra pessoa.
Quantos segredos mais, ela esconde?
******
ALEERA
Me deito depois de um longo banho. Estou exausta e é de absolutamente tudo, mas eu preciso suportar, como tenho feito.
Antes, eu ainda tinha esperanças dele reconhecer a mulher que eu sou e com o tempo, talvez tentarmos, afinal, o que eu achava era que iríamos ficar juntos para sempre, mas agora, vou apenas tentar evitar o banho de sangue que minha tia vai querer causar aqui.
Sorrio lembrando do belo estrago no rosto da ratazana, tenho certeza que agora ela pensará duas vezes antes de me desafiar novamente.
Viro-me e me permito pegar no sono. Eu poderia passar a noite remoendo os problemas, mas terei o dia todo amanhã, então prefiro dormir.
Sinto meu rosto arder e sei que acordarei com ele inchado. Vão dizer que apanhei do rei, mas isso pouco importa aqui, já que é cultura deles.
E apesar da dor física e emocional, durmo tranquilamente, como a muito tempo não fazia, afinal, eu enfrentei meus inimigos e venci.
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Rainha - Minha Doce Selvagem
FantasíaCansados de uma luta que acabava com muitos mortos e nenhuma vitória, dois reis: um das Grandes Terras, nobre, com suas regras e povo próspero e outro, líder do Povo do Norte, um povo conhecido por serem selvagens, que criaram suas próprias leis...