Capítulo 18

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ALEERA

Entro em meus aposentos e ando de um lado para o outro, até perder a noção do tempo.

Ódio me consome. Como meu pai pode confiar tão cegamente em pessoas que só pensam em poder? Que não tem o mínimo de dignidade?

-rainha, eu... — a voz de Samira me desperta. Havia esquecido de sua presença — Eu, sinto muito por isso agora...

-não sinta. Apenas me ajude a tirar esse vestido insuportável, para que eu possa me lavar.

Começo a tentar tirar aquele monte de tecido, quando minha porta é aberta furiosamente.

Observo atrás, Oliver serio enquanto aquele homem vinha para cima de mim e em outro segundo de distração nessa noite, ele consegue me acertar um tapa do lado esquerdo de meu rosto, com as costas da mão, que faz meu rosto virar.

E se eu fosse como as mulheres daqui, provavelmente estaria no chão e gemendo de dor, mas eu não sou.

Assim que volto meu rosto para ele — que agora contém um leve corte devido ao seu anel — já percebo arrependimento por seu ato inconsequente, mas já era tarde demais.

Soco seu rosto com ódio, acertando o nariz, o deixando desnorteado, fazendo cambalear para trás.

Caminho até ele lhe acertando meu joelho esquerdo em sua barriga com toda minha força e quando ele abaixa devido ao impacto, pego seu braço direito e giro para suas costas.

Piso na curva de sua perna e ele cai de joelhos.

Ponho meu pé esquerdo no meio de suas costas, empurrando para frente, até que seu corpo esteja no chao.

Levo o mesmo pé para a curva do seu pescoço e aperto sem dó. Torço mais ainda seu braço, se é que é possível.

Quero que ele sinta a mesma dor que senti.

Meu joelho direito vai para cima de sua  mão com força, a prendendo nas costas.

Com minha mão esquerda livre e muita habilidade para que ele não se solte, pego uma pequena faca que carrego em minha perna e coloco próximo ao seu pescoço.

Sangue escorria de seu nariz e eu gostei do que vi.

-eu deveria te matar agora, por ter encostado em mim dessa forma. VOCÊ NAO É ABSOLUTAMENTE NADA REI! NADA! — grito descontrolada — É apenas um MULEQUE carregando a coroa, com uma MERETRIZ ao lado, que se diz sua mulher.

-voce?... Como fez?...

Forço meu pé em seu pescoço.

-ouça: NUNCA mais na sua vida, SE QUER, PENSE EM ME TOCAR DE NOVO DESSA FORMA. Seu pai e você são covardes e DIGNOS DE PENA. VOCÊ NÃO MERECE A COROA e só não te mato agora, pois tudo que eu menos quero é uma guerra e a morte de seu povo em minhas mãos, mas se fizer isso de novo, se OUSAR ENCOSTAR EM MIM, uma morte rápida é a última coisa que terá... ELA QUERIA A COROA!  — grito — Eu APENAS DEI A ELA.  AQUELA RATAZANA IMUNDA, QUIS ME DIMINUIR E EU MOSTREI A ELA O SEU LUGAR, QUE É EMBAIXO DOS MEUS PÉS, ASSIM COMO VOCÊ ESTA AGORA. VOCÊS NUNCA ME FARAM MENOS QUE VOCÊS. NUNCA! Me ouviu? Ouviu? Seu REI FRACO, TOLO e FACILMENTE MANIPULÁVEL. Chega ser PATÉTICO a forma com que ela te leva sem nenhuma dificuldade. ME QUESTIONO COMO AINDA CONSEGUE SER REI? Eu vim para cá com grandes expectativas, sabia que não seria fácil mas eu queria tentar e eu fiz isso, queria ser a rainha que o REI das GRANDES TERRAS, que tanto ouvi falar, merecia. — sorrio — Só que eu nunca vou ser e sabe por que? — abaixo meu tom — Eu sou superior a você, rei Noah e eu me recuso a me diminuir para caber no seu mundo — percebo um filete de sangue, onde a faca está encostada — e eu mal posso esperar para esse acordo acabar e eu sumir daqui.

O solto e rapidamente Oliver entra e o ajuda a se levantar.

Samira continua parada, assim como ficou no corredor em meio ao meu embate com Genevieve.

Ela demonstra seu pavor diante da situação.

Me viro de costas na tentativa inútil de me acalmar. Estou furiosa.

Como eu gostaria que ele tentasse me atacar novamente, seria tão bom descontar toda minha fúria nele.

Tenho certeza que assim, de fato, eu ficaria calma.

-você mentiu esse tempo todo. — diz tentando se recuperar — Sabe lutar e...

-eu sei e pelo visto sou muito melhor que você — digo indo até ele — deveria gastar mais tempo treinando, do que dentro daquela ratazana. Agora saia daqui antes que eu te mate.

-NÃO! Você me deve explicações.

-chega Noah! — Oliver intervém. Tenho certeza que percebeu meu estado e sabe que se o rei continuar aqui, será pior para ele — A rainha lhe dará uma explicação, mas não hoje e não agora. Vamos cuidar disso antes que piore e amanhã com calma, vai entender tudo que houve aqui.

-não Oliver, ela tem que me dizer.

-e ela vai, mas não agora. Entenda isso de uma vez. — rosna para seu rei — Não vamos fazer dessa situação, pior do que já está. Anda, vamos.

Ele sai empurrando Noah para fora, deixando a mim e uma Samira completamente atônita com tudo que viu.

Respiro fundo algumas vezes e consigo me acalmar minimamente.

-esta com medo Samira?

-n-não, e-eu...

Sorrio. Ela está sim, mas nem devia. Sou incapaz de machuca-la.

-me ajude! Preciso do meu banho.

E ela faz tudo extremamente automática, como se não estivesse ali e tenho certeza que sua mente vaga por toda a situação.

Agora estou em meu banho, enquanto ela está sentada em uma poltrona perto de mim.

-majestade... O que aquela mulher falou?... — diz chamando minha atenção.

-eu não esperava Samira! — sou sincera — Fiquei com ódio, mas agora já vejo vantagem. Eu achava que seria para sempre, mas agora posso ser livre e quem não quer ser livre não é mesmo?

-sim senhora! — abaixa a cabeça.

-virá comigo Samira!

-o que? — arregala os olhos.

-enquanto eu estiver aqui, não permitirei que se case com ninguém, a não ser que você queira, mas quando o acordo acabar e se ainda estiver sozinha, virá comigo.

-senhora?... Mas

-vou te ajudar a ser uma mulher tão forte, que não vai temer nada, e nem ficará atônita diante de algo tão simples como isso que aconteceu aqui.

-simples? Você, imobilizou o rei, nosso melhor guerreiro depois do general Oliver, e ainda colocou uma faca no pescoço dele. Quem é você, Aleera?

Ela ainda está tão nervosa que até me chamou por nome.

Sorrio disso.

-o pior pesadelo daqueles que ousarem se por no meu caminho... Samira? — lhe chamo a atenção — Você está comigo? Posso contar com você? Não tenha medo, jamais lhe farei mal.

-sim, majestade! Confio em minha senhora.

-ninguém pode saber o que houve aqui, entendeu?

Ela me encara firme.

-tem a minha palavra rainha, eu nunca vou falar.

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Rainha - Minha Doce SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora