🌸2.01

232 41 58
                                    


🥀| Primeira noite


Eu realmente acreditava que a vida como humano ia ser fácil. Mas, após notar o quão os humanos são frágeis e como vivem em sociedade, recebi o choque de realidade. Acabo ignorando por pelo menos poder ficar ao lado de Celeste sem empecilhos dessa vez. Ou foi o que eu achava.

Não gostava de sair de casa, me sentia como um bicho do mato. Quanto menos contato com os humanos, melhor. Mas, igual a um humano comum, tive que fazer a atividade mais comum, trabalhar.

  Todo humano trabalha, e caso não trabalhe, algum dia irá. Eu gostava quando dinheiro era fácil, e não precisava, já que era um demônio.

   A amiga da Celeste tem um conhecido que é dono de um bar e estava precisando de um atendente. E agora, o sábado em que eu deveria estar curtindo a noite com minha noiva, tenho que ir para servir bêbados e pessoas a fim de curtir sua noite.

— Não se esqueça do seu casaco. — Celeste se aproxima com meu moletom em mãos.

— Não está tão frio...

Na verdade, não tinha tanta certeza, mas um pouco de frio não vai me matar.

— Está uma ventania lá fora, e humanos ficam resfriados com isso. — Explica estendendo o moletom.

   Decidi não contrariar e apenas concordo com a cabeça, agradecendo com um beijo em seus lábios.

— Já vou indo, durma bem. — Acaricio seu rosto, recebendo um sorriso curto.

— Vou tentar. — Diz, esbanjando preocupação em seu olhar.

— Eu sei me cuidar. — Sorrio, tentando confortar ela.

— Me liga se precisar de algo.

— Ta bom, docinho. — Dou um beijo em sua testa antes de sair.

Entendo sua preocupação, eu só saía de casa quando levava ela para o trabalho e buscava, ou quando saímos para algum lugar aleatório. Ela também está preocupada por me ouvir sussurrando palavras de outra língua enquanto durmo, mas não me lembro de sonhar nada. A única coisa que estranhei foi sentir uma respiração bem fraca de vez em quando em minha orelha. Não sei se é um espírito obsessor, já que tem um monte de protetores pela casa.

Faz uma semana que recebemos a carta do Lúcifer, e depois daí as coisas estão estranhas. Mas em relação aos sussurros e respiração, não faz sentido o Lúcifer ter algo relacionado.

   Todos esses pensamentos me perturbam durante o trajeto até o bar, e logo chego estacionando a moto. Parecia estar lotado, e chama a minha atenção um monte de motos estacionadas em fila, e uns motoqueiros de jaquetas combinando e caras bem fechadas andarem em conjunto em direção ao bar.

   Acelero o passo para entrar primeiro que eles, e vou até o balcão, vendo meu chefe terminando de servir uma pessoa e logo me encarar com uma cara não muito contente.

— Chegando agora? — Reclama.

— Mas esse é meu horário de entrada. — Respondo neutra, mostrando o horário em meu celular.

— Eu mandei vir quinze minutos mais cedo. — Me olha com reprovação.

— Na próxima eu venho. — Digo sem dar muita importância.

   Não estou com humor para aturar esse velho rabugento, e olha que já está pegando no meu pé em meu primeiro dia.

 Ele entra na porta atrás do balcão, me deixando sozinha. Espero que ele não saia dali tão cedo.

   Eu já sabia o que fazer, um dia atrás vim para fazer o teste que conta como treinamento, para analisar se levo o jeito. E tenho as exatas exigências, rapidez para preparar e ainda sair bom, não ficar de conversinha e saber o mínimo de matemática. Um trabalho moleza para mim.

Laços ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora