🌸2.06

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🌸| Retorno

Meu alarme toca e desligo imediatamente, parando aquele barulho irritante. Me ergo na cama, coçando os olhos e olho para o lado, avistando Dahlia dormindo, com seus cabelos espalhados pelo travesseiro, e lábios entreabertos, com as próprias mãos ao lado do rosto, que rapidamente as feridas chamaram minha atenção. Franzo o cenho, estranhando ver suas mãos machucadas daquela forma específica, como se tivesse brigado ou talvez caído?

   Quanto tento pegar em sua mão, ela se vira para o outro lado ainda dormindo. Vou deixá-la descansar, depois pergunto o que aconteceu. Me levanto e tomo um banho, para depois me arrumar e comer algo antes de ir trabalhar.

   Depois de tudo feito, deixo umas panquecas e café para Dahlia comer quando acordar. Vou de bicicleta até meu trabalho e vejo como o temporal está nublado e com cara de que mais tarde choverá. Por sorte, trouxe uma blusa e cachecol, e um guarda-chuva que me espera na floricultura. Quando chego, a loja já estava aberta, mas estranho em não ver ninguém entre os corredores.

   Talvez a Antonella já tenha chegado? Bato algumas vezes em sua porta, e noto ela meio entreaberta.

— Senhorita Antonella? — Chamo, mas ninguém atende.

   Não sei se deveria entrar, com o seu mau-humor ela iria reclamar para a Mia, mas preciso saber quem abriu a loja. Suspiro e empurro a porta, vendo que não tinha ninguém ali. Olho ao arredor e noto o quanto está bagunçada aquela sala, parecendo que houve uma briga.

— Nossa… o que acontec-

   Olho para trás assustada com o barulho da porta se batendo, e quando volto a me virar, surge Antonella extremamente machucada, caindo sobre mim, derrubando nas duas no chão.

— So-socorro… — Segura em meus braços com força, seu olhar apavorado fazia meu corpo entrar em alerta. — Foi ele… — Tenta buscar ar, mas parecia estar sendo sufocada.

— Vou chamar ajuda!

   Coloco-a delicadamente no chão e me levanto procurando algum telefone, e acho em cima da mesa. Rapidamente disco o número, e quando escuto a voz do outro lado da linha, Antonella começa a convulsionar no chão, e sangue começa a transbordar de sua boca. Deixo o telefone de lado e levanto a cabeça da loira, tentando fazê-la não se engasgar com o próprio sangue, mas parecia que ela não ia parar de vomitar.

— Antonella! — Exclamo chorosa.

   Estranhamente, ela para de se tremer e levanta seu olhar para mim, porém seus olhos não eram mais os mesmos. Estavam escuros, e em seguida um sorriso macabro sai de seus lábios ensanguentados. Me dando a certeza de que naquele momento não é Antonella que está aqui.

— As férias acabaram, Celeste. — Diz com sua voz distorcida, me fazendo largar sua cabeça e se levantar assustada, esbarrando nas coisas.

— O-oque…

— Todos à sua volta vão morrer. — O corpo de Antonella começa a se torcer. — Não restará ninguém, nem mesmo Dahlia. — Em seguida, começa a rir.

   Estava totalmente paralisada, não conseguia me mover com tamanha energia negativa, meus pés congelam no chão e só podia observar o corpo de Antonella ser torcido, e logo seus olhos voltam ao normal, porém sem vida dessa vez. Só podia ouvir meus batimentos e sentir meus olhos se sobrecarregarem de lágrimas.

   Tomo coragem e me aproximo do corpo. Em toda minha vida como anjo, tenho certeza de que nunca vi nada tão brutal acontecer dessa forma. Faço uma oração desejando que a alma daquela mulher encontre o reino dos céus, e em seguida me levanto ainda trêmula e saio do escritório para chamar ajuda.

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