Capítulo VIII

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Quando o meu relógio marcava cinco da tarde finalmente eu havia acabado o slide. Luke fazia alguma coisa no seu celular.

— Então, acho que acabamos o slide. —

— Posso ver? —

— Claro. — Ele olhou cada página e pareceu satisfeito com o resultado.

— Está muito bom. —

— Acho que está faltando alguma coisa. — Digo com essa sensação de que ainda não estava bom.

— O quê? —

— Não sei, o professor falou para sermos criativos. Fizemos um slide. O que mais poderemos fazer além disso? —

— Não sei. —

— A Karen falou que vai levar sushi amanhã. —

— Olha, eu vi um cachorro agora a pouco na sua rua, se você souber preparar, eu posso. — Ele torceu as mãos como se estivesse torcendo um pescoço. Até que sua piadinha foi engraçada, espero que tenha sido uma piada.

— Podemos levar comida da Malásia. —

— E podemos, mas não sei se quero comer. —

— Nem eu. —

— E se levarmos uma bandeira da Malásia também e o hino. Não podemos? —

— Sim, é uma excelente ideia, o problema é conseguir. —

— Ué podemos sair para comprar as três coisas, ainda é dia. —

— Tudo bem, eu peço para o meu irmão nos levar. —

— Não precisa, estou de moto esqueceu? —

— Vou pegar minha mochila. — Eu era assim, enquanto a Karen só andava com sua bolsa eu só andava com minha mochila para onde quer que eu fosse.

Depois de avisar o meu pai que iria sair e depois de sobreviver ao fogo cruzado de olhares dele e do meu irmão, Luke e eu caminhamos até sua moto, ela era alta e muito bonita, brilhava como um pedaço de obsidiana. Luke deveria ter muito cuidado com ela.

— Pode subir. — Meio desajeitado subi em cima da moto, eu nunca havia subido em uma muito menos andando.

— Onde que eu seguro? —

— Onde quiser, nos ombros ou na minha  frente. — Achei mais seguro segurar em sua frente, foi então que eu percebi que eu estava o abraçando bem forte e quando ele acelerou meu corpo interior estremeceu. Olhei no velocímetro ele estava a mais de 90 km/h.

— Luke, vai mais devagar. —

— Calma Harry, não sabia que era tão medroso. — Ele acelerou ainda mais, por sorte estávamos em uma avenida longa e reta que dava uma ampla visão. Árvores diversas decoravam as calçadas, o Sol tingia o céu de um laranja quente mesmo em um dia ameno como aquele, o vento frio soprava as folhas que dançavam em direção ao chão.

Olhei o retrovisor para Luke, Ele me devolvia o olhar. O medo passou e deu lugar a uma paz, mesmo em alta velocidade, era como voar, voar pelo chão e olhar para o céu.

Luke virou a esquerda em um caminho conhecido, depois se dirigiu ao estacionamento do shopping. Onde estacionou

— Acho que você já pode me soltar. — Falou sorrindo. O soltei imediatamente e depois desci da moto, arrumei meu cabelo que estava bagunça por conta do capacete.

— Você dirige rápido demais. —

— E você é medroso demais. — Não continuei aquela pequena discussão. Quando ele estava em minha frente, cocei meu nariz e acidentalmente senti o seu cheiro que havia ficado em minha mão, era bom, tão bom, não consigo descrevê-lo, mas era bem mais forte e marcante que o de Ash, mais masculino e rude, assim como o dono.

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora