Capítulo XX

1K 92 21
                                    

Nunca fui bom em lidar com coisas inesperadas na minha vida, nem com momentos, ou pessoas. Talvez pelo fato de que eu sempre gostei de planejar e controlar o rumo da minha vida. E quando algo acontecia fora do planejado eu não sabia como agir, simplesmente minha mente entrava em pane.

Por esse motivo permaneci em silêncio por um bom tempo, tentando digerir o que havia acabado de ouvir, meus lábios se moviam tentando proferir qualquer palavra, mas minha mente não respondia.

Ele havia me pedido em namoro, em namoro, o que por si só é uma grande loucura, pois não nos conhecemos muito bem, por outro é ainda mais louco já que sempre fui afim dele e saber que tudo o que fantasiei não era apenas fantasias.

— Então, o que você responde? — Ele ansiava por uma resposta, mas eu não tinha, eu não sabia se queria namorar, não sabia se o queria o suficiente para aceitar, não sabia sequer se eu queria namorar com ele.

— Você me pegou de surpresa agora. —

— Espero não ter te assustado, príncipe. —

— Você me assustou um pouco na verdade, vir aqui a essa hora da noite, falar tudo isso de uma vez, acho que é muita coisa pra uma noite só. —

— É que são sentimentos de uma vida praticamente, eu poderia ter falado mais cedo, mas deixei acumular até onde eu não aguentava mais guardar isso. —

— Por que não me disse antes? —

— Medo, muito medo, medo de rejeição, medo do mundo todo. Mas agora eu não tenho mais medo. —

— Eu nem sei o que te responder, eu gosto de você, gosto muito, mas esse pedido é muito repentino sabe, acho que eu preferiria te conhecer aos poucos. —

— É que eu não aguento nem pensar na ideia de você com outro, eu quero te conhecer, quero que me conheça, mas acima de tudo eu quero ser seu, e quero que seja meu, e só meu. —

— Luke, eu... —

— Harry, sei que isso tudo é confuso para você, mas saiba que se disser que sim, você não vai se arrepender, estou esperando por essa resposta a muito tempo. Esperando por você. Prometo que se aceitar, vou ser o melhor namorado do mundo, prometo ser o seu maior fã, mesmo já sendo agora, prometo nunca te magoar, prometo nunca, mas nunca mesmo fazer você chorar, prometo nunca trair sua confiança, nem sequer mentir para você, estou sendo sincero agora e continuarei sendo. Eu sei que sou conhecido por fazer mal as pessoas, mas a ti eu só dedico o melhor de mim, uma parte que só quero dedicar a você. —

Ele segura minha mão e entrelaça nossos dedos, no brilho de seu olhar viajo pelo espaço-tempo até a noite em que fomos ao shopping, lembrei de nós dois patinando no gelo, lembrei de seu abraço. Fui ainda mais longe, lembrei da noite da formatura em que eu o observava constantemente. Vislumbrei a a lembrança dele no primeiro dia de aula com sua expressão triste e raivosa.

Um dos meus maiores defeitos é acabar fazendo o possível e o impossível para não magoar ninguém, mesmo que uma pequena parte de mim quisesse dizer sim, minha insegurança dizia que não. Lembrei do Ashton e em como estava sendo incrível conhecê-lo. Agora eu tinha uma escolha a fazer.

— Eu aceito. — Digo com um frio na barriga, como se estacas de gelo a penetrassem. Sua reação foi fofa, ele me pegou em seus braços e me prensou contra seu corpo, ergueu-me no ar como se eu pesasse apenas dois quilos. Depois me beijou intensamente, quase me tirando o ar dos pulmões.

Ele estava feliz, isso me deixava feliz, nunca imaginei que Luke Griffin tivesse sentimentos, muito menos sentimentos por mim. Foi só então que percebi que agora ele era meu namorado, ele era meu, somente meu. Eu estava namorando, isso era tão inacreditável.

Estávamos ali, no meio da noite fria, abraçados como uma casal que havíamos acabado de nos tornar. Pena que eu não poderia dizer isso para as pessoas importantes na minha vida, afinal eu tinha que respeitar o tempo do Luke e o seu espaço.

Mas imagino o surto que a Karen e o Theo teriam ao saber que estávamos namorando, eu nem sei o que eles fariam na verdade.

Mesmo com ele ali na minha frente, não consegui deixar de pensar no Ash, por eu estar namorando agora significava que eu não poderia mais abraçá-lo, muito menos beijá-lo. Acho que pelo certo eu deveria nem falar com ele. Imagino o quão confuso ele ficará, quando eu disser que não posso mais vê-lo, ele foi dormir dizendo que queria me ver o mais rápido possível.

— Acho que precisamos conversar. —.

— Sim precisamos, quer ir lá em casa amanhã? Meus pais vão viajar com meus irmãos para a fazenda, só voltarão segunda de manhã. —

— Tudo bem, me passa o endereço. —

— Vou passar, meu baixinho, agora entra para dentro de casa, seu pai pode acordar, e a última coisa que quero é te ver metido com problemas. — Ele deslizou sua mão por meu rosto mais uma vez.

— O que foi? — Indaguei ao perceber que ele estava me encarando.

— Você é ainda mais perfeito de perto. Boa noite, meu baixinho. — Ele me deu mais um beijo, seguido de um abraço apertado e um beijo na cabeça, acenei para ele e entrei em casa, fiquei olhando ele sumir na escuridão da rua, fechei a porta e desabei na sala sem acreditar no que acabara de acontecer.

Olhei o relógio da sala, eu havia passado quase meia hora com ele lá fora, era muito tarde. Subi as escadas de fininho e fui tentar dormir, mesmo com minha cabeça quase fundindo.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora