Capítulo LIII

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Logo após chegar naquela festa, me vi admirando ele a distância mais uma vez seus cabelos negros estavam tão lindos, ele parecia um verdadeiro príncipe, tão elegante e perfeito. Enfim eu poderia usar todas as palavras da língua portuguesa e ainda assim não seriam suficientes para descrever a sua perfeição. Nossos olhares se encontraram, por um momento pareceu que não exista ali ninguém além de nós dois. Mas voltei a realidade assim que lembrei dos acontecimentos daquela noite. Eu não estava interessado em passar por tudo isso de novo, mesmo sendo tão convidativo os seus lábios.

Entretanto, novamente estávamos juntos, da maneira como eu queria a tantos anos atrás, quando fui Rei do Baile de Formatura do Ensino Fundamental, mas infelizmente não pude dançar com a pessoa com a pessoa que mais queria. Mas o tempo era outro, eu poderia ter prosseguido com a ideia de me manter distante dele, o ignorar de minha vida, mas eu não quero isso. Primeiro preciso entender o que houve naquela noite, a razão pela qual fez aquilo comigo e com seu ex namorado e saber também o que represento em sua vida. Sinceramente, fico feliz de mais uma vez estar com ele.

— Ashton, você está muito lindo. — Disse-me, sorri, era difícil não acreditar naqueles dizeres, quando um par de olhos azuis e brilhantes estavam diante de mim, sentia-me como se estivesse a tocar o céu.

— Então somos dois. — Sorrimos, aquela coroa em seu cabelo era um toque a mais, dava-lhe um ar nobre e aristocrático, como se ele fizesse parte de uma pintura rococó. Mais cedo tive uma conversa com minha nonna, ela me disse duras verdades.

— Ashton, não adianta fingir para mim, você gosta do Harry ainda, você o deseja mais do que tudo, por que você não o ouve? Vai lhe custar alguma coisa? —

— Não sei, nonna. Já me machuquei tanto tentando, acho que essa foi a gota d'água, eu tenho que autopreservar. —

— Ashton, nem tudo é como nos livros, nem tudo é como nos filmes, nem todo relacionamento começa de uma maneira bonitinha e certa. Talvez o Harry precisava entender a si mesmo para poder entender que gosta de você. Mas você apenas saberá a verdade se conversar com ele, Bambino. —

Segurando sua mão e dançando junto a ele, tenho plena certeza de que minha nonna estava mais do que certa. Eu o queria, precisava conversar com ele, precisava entender a tudo, mas estava tão bom aquele momento, eu tinha medo de que aquele fosse um fim, apenas uma despedida, uma triste e bela despedida. Como a tristeza pode ser tão bela assim?

No meio da dança, ele coloca sua cabeça sob o meu peito e fecha os olhos, faço o mesmo, foi simplesmente incrível eu sentia uma estranha e forte conexão, como se nossas almas conversassem em silêncio, enquanto nossos corpos bailavam. Não sei por quanto tempos dançamos, mas quando a música acabou e outra mais agitada começou, nos encaramos por um bom tempo, sem saber o que faríamos dali para frente. Mas aí, do nada ele se afastou de mim e me puxou pelo braço:

— Vem comigo, preciso conversar com você. — O segui, juntos passamos por uma porta e caminhamos pelos corredores, alguns casais se beijavam, caminhamos alguns metros até o vestiário e depois saímos até o campo de futebol. Quando chegamos na arquibancada ele parou, sentei-me ele fez o mesmo, eu podia ver claramente a sua inquietude.

— Você está bem? —

— Eu queria te pedir desculpas, na verdade eu te devo mil desculpas. —

— Sendo bem sincero você deve sim, o que você fez naquela noite me magoou demais. —

— Não quero pedir desculpas apenas por isso. —

— Do que mais, então? —

— Quero te pedir desculpas por ter te dispensado e não ter ficado com você no momento em que me quis, mas eu achava que queria uma coisa, mas na verdade, era você quem eu queria. Ashton, não tem nenhuma razão para acreditar em uma palavra minha sequer, mas por favor me escuta. —

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora