Capítulo XLI

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Eu realmente possuía um sério problema em lidar com situações inesperadas, era como se meu cérebro fritasse e eu não pudesse sequer raciocinar. Foi assim que fiquei quando o Liam me puxou para dançar, o que mais me assustava nele era o fato de dele ser um tremendo gostoso, quando digo isso não estou sendo exagerado, ele era bonito de tantas formas que isso me causava tontura.

— O seu cabelo é natural? — Questionou no meio da dança, próximo ao meu ouvido, quase tive um desmaio.

— O que? — Não conseguia agir naturalmente.

— Eu perguntei se o seu cabelo é natural ou se você o pinta. —

— Ele é natural. — Respondi evitando contato visual, se houvesse um buraco eu teria me enfiado nele e enterrado a mim mesmo.

— Legal, você foi beijado pelo fogo então. — Meio que ele havia feito uma referência a Game of Thrones, até que gostei.

— Não entendi a sua fantasia! — Falei.

— Eu vim de príncipe africano. —

— Que príncipe? —

— Eu próprio. — O pior que ele tinha um humor bem sagaz, que somado a uma dose excessiva de autoconfiança, acho que era por isso que ele era tão ousado, essa ousadia eu não possuía, pois sempre tive muito medo da rejeição. Sorri, ele o fez também logo em seguida, olhei para Karen, ela estava distante e olhava-me de volta, pedi socorro com nosso código, ela apenas respondeu negativamente com o dedo.

O pior é que começou uma música mais lenta, aí todo mundo começou a fumar uns pares para dançar juntos, tenho certeza que tem dedo de Karen nisso, ela estava com o Harry dançando juntos enquanto eu estava ali com aquele garoto esquisito. Ele segurou minhas mãos com as suas, elas eram grandes, rígidas e quentes.

Eu sentia uma inexplicável ansiedade, eu estava tendo um gay panic, arrisquei olhar no fundo de seus olhos cor de avelã, eles passavam uma segurança inexplicável, como se aquele garoto fosse inabalável.

— Você é lindo! — Falou-me, senti minhas bochechas queimarem.

— Obrigado. — Tentei ao máximo não surtar, curiosamente eu estava conseguindo, dancei com ele outras três músicas. Até que ele pergunta:

— Posso perguntar uma coisa? —

— Pode, mas isso já não é uma pergunta?—

— Posso te beijar? — Isso não aguentei, surtei.

— Não, eu sou alérgico a camarão. — Dei a primeira desculpa que veio a minha mente.

— Mas eu não comi camarão. —

— Mas eu comi. —

— Você está tendo uma crise alérgica? Quer que eu chame uma ambulância? Nossa você está ficando vermelho. — Ele olhou ao redor do salão, até que viu a Karen novamente e apontou para mim, ela veio correndo junto do Harry.

— O que foi? —

— Ele comeu camarão. — Liam parecia desesperado.

— E daí? — Harry retrucou inocentemente.

— Ele tem alergia a camarão. —

— Você tem alergia a camarão? Desde quando você... — Tive que beliscar aquela pomba lesa até que ele finalmente se calou, Karen compreendeu.

— Amigo, vem comigo sei onde tem uma seringa de adrenalina. — Ela segurou a minha mão e me levou até uma salinha mais afastada.

Quando lá chegamos, tranquei a porta e finalmente pude surtar. Respirei aliviado os dois idiotas me olharam sem entender nada.

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora