Capítulo III

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Ao chegar em casa vou direto ao banheiro e relaxo sob a água morna que caía do chuveiro, aquele dia havia sido surpreendentemente positivo, já que embora alguns idiotas tenham me ridicularizado, ainda assim não foi nada tão grave assim.

Depois do banho me deitei na cama tirei um cochilo bem gostoso, acordei já no fim da tarde, estava quase morrendo de fome, fui até minha mochila, de dentro tirei o pote no qual estava o maravilhoso bolo de chocolate do Ashton Blake. Ele nunca havia falado comigo como então. Ele era um fofo, além de bonito e cheiroso.

Ashton era gentil, mas foi muito curioso o fato de que ele foi ainda mais gentil no dia de hoje, logo no dia em que apareci na escola usando saia. A cada colher de bolo de chocolate que eu levava a boca, mas eu tinha certeza de que ambos os fatos estavam de alguma forma interligados.

Estudamos o terceiro e quarto ano do ensino fundamental juntos, mas com certeza ele nem se lembra muito bem disso, lembro que ele era bem diferente nessa época, um pouco gordinho e bochechudo com longos cabelos ruivos. Ele usava todos os dias um moletom amarelo que parecia irradiar calor por onde quer que passasse, aliás ele era assim mesmo, quente como o verão.

Já o Luke Griffin era bem diferente, ele era frio, misterioso, sombrio, seu olhar parecia ser carregado de pequenos e grandes mistérios. Também estudamos juntos, mas foi no primeiro ano do fundamental, não lembro muito bem dele. O fato é que ele e o Ashton não se gostam, o motivo nunca foi muito bem explicado por ninguém, mas segundo Theo, Luke tem inveja do Ash pois ele é bem mais popular na escola e melhor no futebol do que o Luke é o no roquei.

Luke Griffin nunca me dirigiu a palavra, nem para pedir licença, ele apenas ignorava a minha existência, agindo como se eu fosse um ser insignificante a sua existência.

Sou retirado de meus devaneios por uma batida em minha porta, logo em seguida meu pai entra no meu quarto, ele com certeza havia acabado de chegar do seu trabalho.

— Oi filho, só passei para saber se está tudo bem. —

— Está sim pai, meu dia foi ótimo inclusive. —

— Ah que bom. Ninguém quis tirar sarro com você? —

— Só um idiota, mas o Troy o colocou pra correr. — Ele sorriu aliviado, parecia que alguém havia retirado um elefante de sua cabeça.

— O que está comendo? —

— Bolo de chocolate. —

— Onde comprou? —

— Um garoto me deu. —

— Um garoto? —

— Sim, um garoto. —

— Não quero saber de você dando trela pra nenhum garoto, ouviu bem? —

— Sério? —

— Garotos são perversos, não quero que ninguém te machuque. —

— Pai, só porque eu uso saias não quer dizer que sou indefeso. —

— Eu sei meu filho. — Meu pai era bem protetor principalmente comigo, minha avó disse que era porque quando nasci eu era bem pequenininho, enquanto o Troy era gigante, como minha mãe morreu no parto meu pai desenvolveu alguns traumas, mas ainda assim não tenho o que reclamar dele, nem do meu irmão.

Conversando com meus amigos pela webcam, um hábito que tínhamos antes de dormir, acabei tocando no assunto do bolo de chocolate, ambos os idiotas fizeram uma cara de espanto misturada de felicidade.

— Meu Deus, estou incrédula, quer dizer que o "Senhor Perfeitinho" te deu um pedação de bolo de chocolate? —

— Vai conta mais, vocês se beijaram? Você deu seu número para ele? — Theo já estava criando um gigantesco romance gay na sua cabeça.

— Não garoto, ele só me deu um pedaço de bolo, para de alucinar. —

— Esse é o poder que uma saia tem, amigo não perde a oportunidade, ele está muito afim de você. —

— Não perder a oportunidade do quê? —

— Ué, fica com ele, dá só um beijinho se gostar dá outro. — Karen era outra perturbada das ideias.

— Eu não sei se quero ficar com alguém. —

— Mas se fosse o Luke Griffin... —

— Eu lá quero saber de Luke Griffin, garoto. —

— Aposto que se você ficar com o Ashton, nunca mais vai lembrar do Griffin. — Troy pareceu concordar com o que Karen havia dito.

— Olha se querem saber, eu não vou correr atrás de homem nenhum, eu nem quero saber de homem, homem não presta. — Meu pai se estivesse ouvindo aquela conversa certamente estaria feliz com o que eu acabara de dizer.

— Nem precisa ir atrás, o Ashton já não resistiu a você de saia, quem vê aquela carinha fofa nem imagina o safadinho que se esconde por detrás daquelas sardas. —

— Até que achei ele um fofo. — Confessei quase me dando por vencido.

— Ah, eu sabia. — Karen comemorou.

— Ashton, Ashton, Ashton... — Theo começou a falar o nome dele e a bater palmas, como se fosse um torcedor em uma partida de futebol.

— Mas isso não significa que eu vou ficar com ele. —

— Garoto o que você está esperando? Por acaso vai ficar esperando pelo Luke Griffin? Amigo ele não presta. —

— E se eu quiser ficar com ele ainda assim? — Disse já irritado.

— Ué, por que? — Troy questionou.

— Ele é atraente, é bonito. —

— É a porra do Luke Griffin. Ele é o filho do mal, esse apelido tem uma razão. —

— Ué não estou entendendo vocês, vocês disseram que eu poderia ficar com o Ash, caso eu gostasse, mas o mesmo não vale para o Luke? —

— Ele gosta dos maus Karen. —

— Isso que dá ouvir muito Lana Del Rey. —

— Olha já que você quer ficar tanto com o Griffin, experimenta vê se é bom, só assim para se convencer. — Theo falou com um tom conciliador.

— É, foi bem assim que peguei nojo da cara da Header. —

— Bem meus amores, obrigado por seus palpites na minha vida, mas já tenho que ir dormir. — Acenei e em seguida desliguei a câmera, fui para a cama e fiquei pensando profundamente naquela conversa. Ash, Luke, ambos muito complicados. Naquele momento lembrei de colocar o pote do Ash na minha mochila, meu pai tinha feito torta gelada, achei que seria uma boa ideia retribuir o agrado.

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora