Capítulo XXXI

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Ao ouvir aquelas palavrinhas tão simples, não pude deixar de sorrir, mesmo que elas tenham causado uma verdadeira tormenta no interior de meu peito, afinal não esperava as ouvir tão rapidamente, tudo isso era tão novo para mim, acho que passei tanto tempo imaginando como seria ficar com ele que não consegui pensar em como seria o namorar.

Respondi com um beijo sem aviso, com ele ao meu lado eu não podia deixar de me entregar assim de corpo e alma a ele, esses poucos dias juntos foram incrivelmente maravilhosos, tirando é claro a parte das confusões da escola.

— Te amo. — Sussurrei em seu ouvido, seu sorriso foi encantador, ele me apertou em seu abraço, em seguida tentamos observar algumas poucas estrelas que conseguiam brilhar em um céu com nuvens e poluído pela luz da cidade.

— Olha uma estrela cadente, você viu? — Perguntei entusiasmado, rara eram as vezes em que eu as via, eu era um pouco supersticioso, acho que essa parte herdei da minha mãe, papai disse que quando estava grávida de mim e de meu irmão, ela viu uma estrela cadente e pediu que os filhos fossem lindos como estrelas, pena que seu desejo só foi realizado em um de seus filhos, eu é claro.

— Vi sim, azul que nem os seus olhos. —

— Vamos fazer um pedido. —

— Está bem, eu desejo... —

— Não pode falar, assim o desejo vai ser realizado em plenitude. —

Eu desejei que eu pudesse viver minha vida sem que ninguém interferisse nela, ou que alguém fosse contrário, como uns ditos conservadores. Sou tão tolo ao acreditar que uma estrela pode acabar com a homofobia do mundo.

Aproveitamos um tempinho a mais dando uma volta pelo parque, ele segurava minha mão enquanto caminhávamos, me sentia tão protegido assim. Pena que meu pai telefonou e disse que já estava ficando tarde e que eu deveria voltar para casa.

— Que ódio, queria passar a noite inteira com você, meu príncipe. —

— Eu também, mas meu pai é muito preocupado comigo. — Foi naquele momento, que uma brilhante ideia me veio a mente, lembrei que sábado haveria uma reunião na escola, meu pai não perdia uma sequer, elas aconteciam durante a noite e eram bem demoradas e o Troy por ser líder de uma classe também ia, então disse:

— Que tal você ir lá para casa no próximo sábado? —

— Para sua casa? —

— Sim, os dois bobões vão a reunião da escola, vou ficar sozinho, você quer mesmo deixar o seu namorado sozinho? —

— Claro que não, meu lindo — Ele me deu um beijinho rápido — Vou aguardar ansiosamente. — Juntos caminhamos de volta até onde sua moto estava, estar agarrado a o corpo do meu namorado era tão bom, seu eu pudesse usaria ele de ursinho de pelúcia.

Quando ele me deixou na esquina da minha casa, dei-lhe um longo beijo, quase não querendo deixá-lo ir. Dentro de seu abraço eu sentia que não precisava de nada mais e longe dele sentia que havia o mundo inteiro faltando.

— Quando chegar em casa manda mensagem, está bem?! — Queria poder ficar um pouquinho mais com ele.

— Está bem. A noite foi ótima. —

— Foi mesmo. Boa noite, amor. — Falei, senti minhas bochechas queimando de vergonha, afinal era a primeira vez que eu o chamava assim, ele me beija novamente e depois vou embora, olho para trás uma última vez e ele faz um coração para mim com as mãos, dou tchau mais uma vez. Em seguida sigo o meu caminho rumo a minha casa.

Quando lá chego meu pai já me esperava no sofá. Era nítido que ele estava curioso para saber onde eu estava a essa hora da noite, mas tentei apenas ignorar, como se nada houvesse acontecido.

— Oi pai! — Acenei.

— Onde você estava, Harry? —

— Estava no shopping. —

— Esse tempo todo? Fazendo o quê? —

— Estava no cinema, por quê? —

— Por nada, só não gosto que saia sozinho por aí, ainda mais de saias. —

— Relaxa pai, não aconteceu nada comigo, a noite foi até legal. —

— Troy me falou que você não está mais ficando com o Ashton Blake, por que? —

— Ah porque ué, não precisa de um motivo, apenas não quis mais ficar com ele. —

Depois daquele interrogatório, subo as escadas e vou para meu quarto, ao passar no corredor em frente ao quarto do Troy, ele me acompanha.

— Você tinha razão. — Parecia que algo havia lhe ocorrido, pois sua expressão estava carregada de preocupação. O tom de sua voz era calmo e raramente ele falava assim, ainda mais com um olhar perdido.

— Sobre o quê? —

— A Sophie está mesmo mal. — Fiquei em choque, pois apenas tentei o despistar, mas agora percebo que acertei em um ponto no escuro do qual não faço nem ideia do que seja.

— Nossa, o que ela tem? —

— A mãe dela desconfia que o marido tem uma amante, aí a Sophie está muito mal com essa situação porque ela nunca imaginava que o pai dela seria capaz de fazer isso. —

— Nossa, coitada. —

— Obrigado por me contar sobre ela, se você não tivesse me perguntado eu nunca teria percebido, eu sou um péssimo namorado. Ela ficou tão feliz ao saber que eu havia percebido que havia algo de errado, mas ela mal sabe que foi você quem percebeu. —

— Não precisa agradecer. — Acabei me sentindo um pouco mal, pois apenas quis me livrar do meu irmão, e não o ajudar em seu relacionamento. Mas de certa forma acho que minhas ações mesmo que com intenções erradas resultaram em um bem maior.

No próximo capítulo:

[...] — Acho que a última coisa que devemos discutir aqui nessa reunião é o que um aluno veste ou deixa de vestir. — [...]

[...] — Você tem certeza? — [...]

[...] — Oi Ashton. — [...]


Não percam, capítulo mais do que especial

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora