Capítulo XLII

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Eu estava na casa do Harry, talvez a última coisa que eu esperava fazer naquela noite, ao cruzar a porta meus olhos se atentaram na decoração de sua casa, nos quadros nas paredes com fotos do Harry mais, aquilo me causou uma profunda nostalgia, pois lembrei que foi mais ou menos naquela época que comecei a gostar dele.

— Meninos por que não sobem? Troy e eu iremos preparar o jantar, quando estiver pronto os chamamos. — Ao que parecia o pai do Harry era uma pessoa muito legal, toda sua família sempre me tratou bem, fico feliz pela receptividade.

— Vem Ashton, vou te mostrar o meu quarto. — Harry me chamou com a mão, o segui devagar.

— Não dá muita atenção para eles, são um pouco doidos. — Alertou-me, apenas sorri. Ao chegar em seu quarto fico encantado com a riqueza de detalhes que lá tinha.

— Pode ficar a vontade. — Ele apontou para uma poltrona na qual sentei, ele sentou-se em uma logo a frente.

— Quantos livros você tem. —

— Quase todos são presentes dados pelo Theo, você tem que ver na casa dele, acho que no quarto dele tem uns dois mil livros. —

— Meu sonho ter uma biblioteca assim, meu avô tem muitos também, mesmo já não tendo muito espaço nas estantes. —

— Sua família é tão perfeita, acho que entendi o porquê do "Sr. Perfeitinho" esse deve ser o sobrenome da sua família. —

— Ah, você não sabe de nada, tem que ver quando está todo mundo reunido a zona na mesa, todo mundo falando alto e sorrindo. —

— E você gosta muito disso, não é? —

— É parte de mim, sabe é tão bom ter tantas pessoas que torcem por mim, quando meu irmão nasceu percebi o tamanho da maravilha que eu tinha, lembro dele tentando andar e toda minha família o protegendo para não cair. —

— A minha família está mais para surtada, não se surpreenda se eles fizerem suposições sobre você. —

— Suposições sobre mim? Espero que sejam positivas. — Nunca pensei que estaria ali no seu lugar mais sagrado e secreto, onde ele passava a maior parte do seu dia. Ele parecia um pouco incomodado, isso me deixava um pouco inseguro se eu devia ou não estar ali.

— Você está bem Harry? —

— Estou, só pensando um pouco nas coisas, odeio relembrar que o fim está próximo. —

— Seus amigos já sabem para onde vão? —

— A Karen quer estudar fora, o Theo está pensando em estudar na Califórnia, eu não sei o que farei. E você, para onde pensa ir? —

— Para falar a verdade odeio pensar nisso, pois sou muito apegado com minha família, pode parece um pouco ridículo, mas toda vez que penso nisso fico triste, porque... — Acabei me emocionando, quase chorei, Harry percebeu meus olhos marejados, ele veio até mim devagar, com sua mão ele fez um carinho bem suave em meu cabelo, como se estivesse o arrumando.

— Vai ficar tudo bem, desculpa ter perguntado. — Tentei não surtar com o seu toque, haviam se passado meses desde que havíamos nos beijado, mas eu ainda sentia seus lábios nos meus. Mirei no fundo daquelas íris azui frias como um oceano.

Sei que havia jurado não ser mais invasivo com ele, mas tê-lo ali tão perto de mim tornava isso impossível de cumprir, levantei-me o abracei sem aviso, mas suavemente para minha surpresa ele me apertou de volta, como se desejasse por aquele abraço

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Sei que havia jurado não ser mais invasivo com ele, mas tê-lo ali tão perto de mim tornava isso impossível de cumprir, levantei-me o abracei sem aviso, mas suavemente para minha surpresa ele me apertou de volta, como se desejasse por aquele abraço. Senti o cheiro de seus belos cabelos negros, tinham o mesmo aromas daqueles tempos, senti falta disso.

Mais uma vez eu estava com o garoto mais lindo desse mundo todo, mas eu tinha medo de isso ser apenas momentaneamente, como foi das outras vezes nas quais criei expectativas enormes que acabaram se desfazendo como algodão doce na água. Aquele abraço durou por um bom tempo, não me atentei a exatidão, apenas sei que quando nos separamos eu já estava bem melhor, Harry me encarava com uma expressão serena como a noite.

— O que foi? — Questionei, ele apenas negou com a cabeça, como se houvesse dito que não era nada.

— É que seu abraço foi tão bom, tinha esquecido como ele é tão aconchegante. — Ele parecia ainda um pouco inseguro perto de mim, como se minha presença o incomodasse.

— Vem aqui, garoto. — O puxei de volta o abraçando, dessa vez fiz carinho nas suas costas, ele repousou sua cabeça em meu ombro, nunca havia estado com ele daquela forma, queria entender o que lhe acontecia.

— Você sempre foi tão perfeito, que achei que estava mentindo e que toda essa imagem de bom garoto seria uma mera miragem. —

— Por que achou isso? —

— Não sei, sempre fui um pouco desconfiado de todo mundo. —

— A imagem que você tem de mim não é mesmo real, eu não sou perfeito, nunca fui, se eu fosse perfeito talvez eu pudesse ter tudo o que eu quero na minha vida. — Digo isso quase querendo dizer que era ele o meu tudo, a pessoa que eu mais desejava, meu tesouro, minha perdição.

— Sabe eu odeio essa sensação de que tudo está prestes a ruir, sou uma pessoa que segura o navio ao invés de pegar uma boia e me salvar. —

— Eu sei como é. — Fiquei com dó dele, ao que parece estava passando por um momento ruim, o coitadinho sofreu tantos nesses últimos tempos, com todo o preconceito da escola. Queria ter o poder de protegê-lo de tudo de ruim, queria poder ser seu.

— Olha aqui Harry — Olho bem no fundo dos seus olhos enquanto faço um carinho em seu cabelo bem suavemente — Seja lá o que esteja passando, você não está sozinho, você tem muitas pessoas que dariam a vida por você, você é incrível Harry, qualquer um cuidaria de você, pois sua amizade é a melhor das coisas. — Ele pareceu refletir em algo bem profundo em sua alma, tão profundo quanto o fundo do oceano. Seu dedo toca na minha bochecha tão devagar.

Em seguida ele se esticou para me dar um beijo em minha bochecha, fechei os olhos e apenas aproveitei aquele singelo momento, era quase um sonho, um sonho do qual eu não queria acordar.

Depois daquele abraço nos separamos, conversamos sobre muitas coisas, ele mostrou o pinguim de pelúcia que eu havia lhe dado, pensei que ele havia se desfeito daquilo.

Seu pai veio nos chamar para o jantar, foi muito bom, conversamos por bastante tempo a mesa, o Sr. Noah falou sobre o que Harry aprontava quando criança, acabei descobrindo que ele era uma peste. Quando o jantar acabou, me despedi estava ficando um pouco tarde, Harry me acompanhou até o carro, antes de eu entrar ele me deu outro abraço.

— Obrigado por tudo Ashton, hoje foi maravilhoso, você salvou meu dia. — Ele olhou para sua casa de onde podíamos ver a sombra do seu pai e do seu irmão nas cortinas, eles estavam nos espiando.

— Não dá atenção a eles dois, são dois doidos. —

— Fico feliz por eles gostaram de mim. —

— E é possível te odiar garoto? —

— O Griffin me odeia. —

— O Griffin não gosta de ninguém além dele mesmo. — Harry falou com uma grande certeza, fico feliz por ele saber quem aquele garoto era, sempre soube que o Luke era louco pelo Harry, mas fico feliz que os dois não tenham nada.

— Você vai estar livre amanhã? — Harry perguntou, isso me deixou curioso e entusiasmado.

— Claro, claro. — Na verdade eu teria um encontro com meus amigos, mas com certeza eu não iria, eles entenderiam.

— Quer vir aqui em casa amanhã? —

— Quero. —

— Ótimo, vou te esperar. Se puder vir de manhã, peço ao meu pai fazer algo para nós. —

— Eu virei. — Dei um último abraço nele, depois entrei no carro, ele continuou ali parado de braços cruzados. Por todo caminho de volta para minha casa cantei, sorri. Com certeza aquele havia sido um dos melhores dias da minha vida.

Continua no próximo capítulo

O garoto de saiaOnde histórias criam vida. Descubra agora