• Capítulo Vinte - Pra sempre

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Depois de termos colocado todas as cartas na mesa, não havia mais clima para um romance, então pedi para que o Justin me levasse para casa. O caminho havia sido silencioso, mas apenas dentro daquele carro, porque a minha cabeça simplesmente não parava de trabalhar um segundo, me mostrando os prós e os contras de aceitar entrar nessa relação.

— Eu te vejo amanhã? — Ele pergunta, cauteloso quando paramos em frente a minha casa.

— Sim, temos que escolher o cardápio das bebidas. — Eu o lembro.

— Eu te busco.

— Tudo bem, te mando o horário certinho amanhã. — Abro a porta do carro.

— Ariana. — Ele me chama antes que eu saia do carro.

Eu me viro para encara-lo, ele se inclina na minha direção e eu sei que ele está prestes a me beijar. Mas como posso beija-lo agora depois de tudo o que conversamos essa noite?

Eu desvio o rosto e ele acerta em cheio a minha bochecha, eu consigo ver a sua frustração quando eu o deixo sozinho no carro.

— Boa noite, a gente se vê amanhã. — Eu sorrio fraco.

— Boa noite, Ariana. — Ele sorri do mesmo modo.

Eu bato a porta do carro e está é última vez que eu o vejo, porque caminho em direção a minha casa sem olhar para trás.

Abro a porta enquanto as lágrimas começam a encher os meus olhos e finalmente escuto o carro dele arrancar pelas ruas vazias do meu bairro rico.

— Ariana? — Minha mãe olha, surpresa. — Aconteceu alguma coisa?

Havia tanta coisa passando pela minha cabeça que eu sequer havia notado que a minha mãe estava sentada no sofá.

— Eu preciso de ajuda, mãe.

— Vem cá, bebê. — Ela abre os braços para mim.

Eu caminho em sua direção e me jogo no sofá ao lado dela, deixando os seus braços me envolverem.

— O que houve, filha?

— Justin acha que devemos construir um amor, que devemos fazer o nosso casamento ser mais do que um simples contrato. — Eu conto a ela enquanto choro.

— E por quê isso é ruim, filha? — Ela indaga, sem entender.

— Ele ama outra pessoa, mãe. — Eu a encaro. — Ele me contou hoje, o coração dele não está vazio, mãe.

— Vocês conversaram sobre isso? — Ela pergunta devagar.

— Sim. — Eu suspiro. — Ele me disse que ela está no passado.

— Isso é bom, filha. — Ela sorri. — Por que você está chorando?

Eu nem sabia ao certo porque eu estava chorando, acho que era apenas um misto de emoções reprimidas que agora vieram a tona.

A história de casamento por arranjado, o fato de eu saber que perdi tanto tempo da minha vida me preparando para algo que só obterei por meio desse contrato, o fato de estar finalmente tudo dando certo com o Justin depois de tanto caos que passamos e agora, toda essa situação dele não estar com o coração vazio.

— Porque eu quero construir um amor, eu quero um casamento por amor. — Eu a olho. — E como vou fazer isso se ele já ama outra pessoa?

— Eu vou te falar uma coisa que nenhum jovem acredita. — Ela limpa as minhas lágrimas. — Mas o Justin vai amar de novo e vai ser tão incrível ou até mais do que foi no passado, e por que essa pessoa não pode ser você?

Eu não digo nada.

— Ele te garantiu que essa história acabou, não garantiu? — Ela questiona e eu balanço a cabeça assentindo. — Então não tem porque você estar assim, não deixe uma história do passado, algo que acabou e não tem mais relevância destruir algo que vocês podem construir juntos.

Eu conseguia entender tudo o que ela dizia, mas não conseguia deixar o meu coração em paz.

Estaria me abrindo para um amor, um que eu já sei que pertence a outra pessoa mesmo que momentaneamente, eu estaria vulnerável, eu estaria longe da minha zona de conforto, entrando em algo que eu não tenho controle, algo que eu não posso garantir que não vou sair machucada.

— Eu não quero um coração partido.

— Você está se protegendo e ninguém pode te culpar por isso, mas se você passar a vida inteira se protegendo, nada vai acontecer com você, nem as coisas ruins e nem as boas. — Ela acaricia o meu cabelo. — Amar alguém  ou se permitir sentir algo por alguém é isso, se permitir ficar vulnerável, dar a chance da pessoa te machucar e acreditar que ela não vai fazer isso.

Seria mais fácil se o Justin fosse um quadro limpo como eu, mas ele já tinha marcas, as quais eu teria que apagar, as quais eu teria que superar.

É difícil me imaginar construindo algo com ele quando a todo momento ficarei pensando que ele não queria que fosse eu ali do lado dele, não de verdade.

— E se ele nunca parar de amar ela?

— Filha, amores românticos são a verdade do momento. — Minha mãe sorri. — Inúmeras pessoas se amaram, mas não deram certo, não estão juntas e depois amaram outras pessoas e isso não torna menos amor.

— Eu não entendo.

— Ele ama ela agora, mas não quer dizer que vai ama-la para sempre, ainda mais quando você é quem vai estar ali, do lado dele, sendo a esposa dele, a companheira de empresa e de vida. — Ela garante. — Eu vejo como vocês dois estão diferentes um com o outro, não há nenhum motivo para você estar assim, essa história acabou, ele te disse isso e ainda está disposto a construir um amor com você.

Talvez, eu só precisasse de alguém de fora para me dizer as coisas que eu já estava vendo sozinha, mas não queria acreditar por julgar ser um conto de fadas idiota que eu quero acreditar.

Justin amou alguém no passado, uma história que não terminou bem, uma relação que ficou no passado e ele me garantiu isso. Ele terminou com o coração partido e ela não está mais aqui, agora sou eu quem está.

Ela é o passado dele e eu sou o seu presente e futuro.

Minha mãe tem razão, eu não posso deixar isso interferir na minha vida, na vida que vamos construir juntos, algo que nós dois estamos dispostos a fazer. Eu preciso construir o meu final feliz e eu vou fazer isso ao lado do Justin, não vou deixar nada nos atrapalhar.

— Obrigada por me dizer isso. — Eu sorrio.

— Estou aqui para sempre, filha. — Ela sorri para mim. — Agora erga a sua cabeça, deixe o passado no passado, construa sua vida e a viva da melhor forma possível.

DYNASTYOnde histórias criam vida. Descubra agora