Capítulo 2

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Jimin

— Vamos mesmo pra casa? — perguntou Soojin de manhã, sonolenta, quando a luz entrou pela janela, iluminando seu rostinho. 

Tirei-a da cama, peguei Bubba, seu ursinho e companheiro de todas as horas, e fiz os dois se sentarem na cadeira mais próxima. 

Bubba não era simplesmente um ursinho de pelúcia, era um ursinho-zumbi. 

Minha garotinha era um pouco diferente, e, depois de assistir ao Hotel Transilvânia, cheio de zumbis, vampiros e múmias, ela decidiu que adorava coisas estranhas e assustadoras.

— Vamos, sim — respondi, sorrindo ao fechar o sofá-cama. 

Não consegui dormir a noite toda e fiquei arrumando nossas coisas.

Soojin estava com um sorriso bobo no rosto, igualzinho ao do Taemin.

— Oba! — exclamou, contando a Bubba que íamos para casa.

Casa.

Sentia uma pontada no coração cada vez que ouvia essa palavra, mas continuei sorrindo. 

Aprendi que tinha que sorrir na frente de Soojin, porque ela acabava ficando triste quando percebia que eu estava mal. 

Nesses momentos ela me dava os melhores beijos de esquimó, mas esse era o tipo de responsabilidade que ela não precisava ter.

— Acho que vamos chegar a tempo de ver os fogos no telhado. Lembra quando fazíamos isso junto com o papai Tae? Lembra, lindinha? — perguntei.

Ela estreitou os olhos, tentando se lembrar. 

Como seria bom se nossa mente funcionasse como um grande arquivo e pudéssemos simplesmente reviver nossos momentos favoritos a qualquer instante, escolhendo-os num sistema bem-organizado.

— Não lembro — respondeu ela, abraçando Bubba.

Aquilo partiu meu coração.

Continuei sorrindo mesmo assim.

— Que tal pararmos no mercado e comprarmos picolés para tomar enquanto vemos os fogos?

— E salgadinho pro Bubba!

— Claro!

Ela sorriu e deu um gritinho, animada. 

Dessa vez, meu sorriso foi de verdade.

Eu a amava mais do que ela poderia imaginar. 

Se não fosse por ela, com certeza já teria me rendido ao luto. 

Soojin salvou minha alma.

Não me despedi da minha mãe porque ela não voltou para casa depois do jantar com o aventureiro da vez. 

Logo que me mudei, eu telefonava, preocupado, quando ela demorava a chegar, mas ela acabava gritando comigo, dizendo que era adulta e sabia o que estava fazendo.

Deixei um bilhete:

Indo pra casa. Amamos você.

Até breve.

J&S

A viagem durou horas no meu carro velho, e ouvimos a trilha sonora de Frozen tantas vezes que cheguei a pensar em cortar os pulsos. 

Soojin ouviu um milhão de vezes cada música e ainda incluiu seu toque pessoal nos versos. 

Sinceramente, gostei mais da versão dela.

Breath of Life - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora