Jimin
Todas as sextas-feiras, depois de deixar Soojin na casa dos avós, eu caminhava rumo ao mercado central.
Os moradores vinham até o centro de Goyang para vender e trocar seus produtos.
O cheiro de pão fresco, os arranjos de flores e as fofocas de uma cidade pequena faziam o passeio valer a pena.
Taemin e eu gostávamos de ver as flores, então, quando a sexta-feira chegava e trazia consigo o aroma das rosas recém-colhidas, eu sempre ficava bem ali, no meio de todo aquele movimento, inspirando as recordações e expirando a dor.
Durante minhas visitas ao mercado, sempre via JungKook andando por lá.
Não tínhamos trocado nenhuma palavra desde que ele cortou a grama do meu jardim, mas eu não conseguia parar de pensar naqueles olhos tristes.
Não conseguia parar de pensar no marido e no filho dele.
Quando eles morreram?
Como?
Há quanto tempo JungKook vivia esse pesadelo?
Eu queria saber mais.
De vez em quando, eu o via sair do galpão no quintal.
Ele ficava lá por horas e saía apenas para cortar madeira na serra de mesa.
Toda vez que ele passava por mim parecia que meu rosto ia pegar fogo, e eu fazia de conta que não o via.
Mas eu o via, sim.
Eu sempre o via, e não sabia exatamente o porquê.
Todo mundo falava que ele era grosseiro, e eu acreditei nisso.
Vi sua hostilidade.
Mas também vi uma parte dele que ninguém conhecia.
Vi quando ele desmoronou ao saber que Zeus ficaria bem.
Vi quando ele se abriu com timidez, falando da perda do marido e do filho.
Vi o lado gentil e devastado de JungKook, coisa que a maioria das pessoas não enxergava.
Quando eu estava parado no meio do mercado central, ocorreu-me que havia mais um lado de JungKook que me intrigava.
Todas as sextas, ele andava como se não enxergasse ninguém.
Concentrava-se apenas em sua missão, que consistia em comprar sacolas de mantimentos e flores.
Depois, ele desaparecia ladeira acima, até uma ponte, onde entregava as compras e as flores para um mendigo.
Só soube disso quando retornei para casa um dia e o vi entregar as sacolas.
Sem conseguir disfarçar o sorriso, me aproximei.
Mas ele começou a andar para casa.
— Oi, JungKook.
Ele olhou para mim sem dar a mínima.
Continuou andando.
Parecia até que estávamos voltando à estaca zero.
Corri para alcançá-lo.
— Só queria dizer que achei seu gesto muito legal. Foi muito lindo o que você fez por aquele homem. Acho que...
Ele parou e se virou na minha direção.
Com o semblante fechado, estreitou os olhos.
— Que diabos você pensa que está fazendo?
— O quê? — gaguejei, confuso com seu tom de voz.
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Breath of Life - Jikook
FanfictionComo superar a dor de uma perda irreparável? Todos me alertaram sobre Jeon JungKook. "Fique longe dele", diziam. "Ele é cruel." "Ele é frio." "Ele é perigoso." É fácil julgar um homem pelo seu passado. Olhar para JungKook e ver um monstro. Mas eu...