JungKook
3 de abril de 2014
Quatro dias antes do adeus
De pé na varanda dos meus pais, eu observava a chuva forte que caía no balanço feito de pneu que eu e meu pai tínhamos feito para Sunjong.
Ele ia e voltava, batendo contra a moldura de madeira.
— Como você está? — perguntou meu pai, aproximando-se de mim.
Estava acompanhado de Zeus, que logo encontrou um canto seco para se deitar.
Virei-me e olhei para ele, um rosto muito parecido com o meu, apenas mais velho e mais sábio.
Não respondi e continuei observando a chuva.
— Sua mãe comentou que você não está conseguindo escrever o obituário — continuou ele. — Posso ajudar.
— Não quero sua ajuda — resmunguei, minhas mãos se fechando, as unhas cravadas nas palmas.
Eu odiava sentir a raiva aumentar com o passar dos dias.
Odiava culpar pessoas próximas pelo acidente.
Odiava aquela pessoa fria que eu estava me tornando a cada momento.
— Não preciso de ninguém.
— Filho... — Ele suspirou, colocando a mão no meu ombro.
— Só quero ficar sozinho — respondi, me afastando.
Ele abaixou a cabeça e passou a mão pela nuca.
— Tudo bem. Estarei lá dentro com sua mãe. — Ele se afastou e abriu a porta de tela. — Mas, JungKook, só porque você quer ficar sozinho, não significa que esteja sozinho. Lembre-se disso. Sempre estaremos aqui quando você precisar.
Ouvi a porta se fechar e respirei fundo.
Sempre estaremos aqui quando você precisar.
A verdade era que o “sempre” não durava para sempre.
Coloquei a mão no bolso e peguei o pedaço de papel que eu estava encarando há três horas.
Eu tinha terminado o obituário de Suho de manhã, mas o de Sunjong ainda estava em branco, apenas com o nome dele escrito.
Como eu poderia fazer aquilo?
Como eu escreveria a história de sua vida, quando ele nem teve a chance de viver?
A chuva começou a cair no papel, e as lágrimas, dos meus olhos.
Pisquei algumas vezes antes de enfiá-lo de novo no bolso.
Eu não ia chorar.
As lágrimas que se fodam.
Meus pés desceram os degraus da varanda, e em segundos eu estava encharcado da cabeça aos pés, me tornando parte da tempestade que caía.
Precisava de ar.
Precisava de tempo.
Precisava escapar.
Precisava correr.
Comecei a correr descalço, sem pensar, sem ter uma direção.
Zeus veio correndo atrás de mim.
— Volta pra casa, Zeus! — gritei para o cachorro, que já estava tão molhado quanto eu. — Vai embora! — berrei, querendo ficar sozinho.
Corri mais rápido, mas ele me acompanhou.
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Breath of Life - Jikook
Fiksi PenggemarComo superar a dor de uma perda irreparável? Todos me alertaram sobre Jeon JungKook. "Fique longe dele", diziam. "Ele é cruel." "Ele é frio." "Ele é perigoso." É fácil julgar um homem pelo seu passado. Olhar para JungKook e ver um monstro. Mas eu...