Capítulo 35

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JungKook

6 de abril de 2014

Um dia antes do adeus

— Estou morto — murmurei ao olhar para o espelho do banheiro.

A garrafa de uísque vazia estava na bancada, o frasco de comprimidos laranja ao lado, minha vista completamente embaçada.

Eu ouvia meus pais falando do lado de fora sobre os últimos detalhes, os planos para o funeral, nosso transporte da igreja para o cemitério.

— Estou morto — repeti.

A gravata estava pendurada no pescoço, esperando o nó.

Pisquei e, quando abri os olhos novamente, vi Suho diante de mim, arrumando minha gravata.

— O que aconteceu, meu amor? — murmurou ele, meus olhos se enchendo de lágrimas. Levantei a mão e toquei seu rosto suave. — Por que você está assim?

— Estou morto, Suho, eu morri. — Solucei, sem conseguir controlar minha dor. — Quero que tudo acabe. Quero que isso acabe. Não quero mais ficar aqui.

— Shh — sussurrou, aproximando os lábios do meu ouvido. — Amor, você precisa respirar fundo. Está tudo bem.

— Não está nada bem. Não está nada bem.

Ouvi a batida na porta do banheiro.

JungKook, sou eu, seu pai. Abre a porta, filho.

Eu não conseguia.

Estava morto.

Estava morto.

Suho olhou para a pia e viu a garrafa de uísque vazia e o frasco.

— Amor, o que você fez? — Encostei na parede e deslizei para dentro da banheira, soluçando. Suho veio, apressado, até mim. — Jun, você tem que vomitar agora.

— Não posso... não posso...

Minhas mãos cobriram o rosto, estava tudo embaçado.

Minha mente me pregava peças.

Eu estava desmaiando.

Eu sentia que ia desmaiar.

— Amor, pense em Sun. Ele não ia querer ver você assim. Vamos lá. — Ele me levou até o vaso sanitário. — Não faça isso, Jun.

Vomitei.

Senti tudo queimando dentro de mim.

Minha garganta parecia pegar fogo quando finalmente botei o uísque e os comprimidos para fora do meu corpo.

Encostei de novo na parede.

Abri os olhos e Suho tinha ido embora, ele nunca esteve ali.

— Sinto muito — murmurei, passando as mãos pelo cabelo.

O que seria de mim?

Como eu iria sobreviver?

JungKook, por favor, precisamos saber se você está bem — gritavam minha mãe e meu pai do outro lado da porta do banheiro.

— Estou bem — menti. Ouvi o suspiro de alívio da minha mãe. — Já vou sair.

Eu quase conseguia sentir a mão do meu pai no meu ombro, tentando me confortar.

Tudo bem, filho. Nós estamos aqui, esperando você. Não vamos a lugar algum.

Breath of Life - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora