Capítulo 44

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Jimin

Acordei com o barulho do cortador de grama vindo do quintal.

O sol tinha acabado de nascer, e não havia qualquer motivo para alguém cortar a grama àquela hora.

Fui até a varanda nos fundos da casa e vi JungKook no local onde havia acontecido o incidente com Jin-ki.

Levei a mão ao coração e desci a escada, sentindo a grama molhada da manhã nos meus pés.

— O que você está fazendo? — perguntei.

Ele olhou na minha direção e desligou o cortador.

— Eu não queria que você visse o gramado daquele jeito quando olhasse para o quintal. Eu não queria que você se lembrasse do que aconteceu. — Ele colocou a mão no bolso e pegou uma moeda. — Jin-ki deixou cair essa moeda... você já a tinha visto antes? — Ele a jogou na minha direção. — É uma moeda com dois lados iguais. É só cara.

— Ele nunca ganhou nenhum cara ou coroa, então? — constatei, um pouco chocado.

— Nunca. Não acredito que não percebi tudo antes, que ele quase conseguiu fazer mal a você e a Soojin... Eu devia ter percebido que tinha algo errado. Devia ter percebido...

Ele é tudo para mim.

Eu queria muito pensar melhor sobre toda aquela situação.

Sobre o fato de ele ter nos abandonado, sobre seu retorno.

Eu queria duvidar de que ele poderia ser a pessoa certa para mim, mas meu coração silenciava minha mente.

Meu coração dizia apenas para eu sentir, viver o momento, porque era tudo que eu tinha, aqui e agora.

Num piscar de olhos, eu poderia perder tudo.

Eu precisava abraçar esse homem que estava diante de mim.

— Eu te amo — sussurrei.

Os olhos sombrios de JungKook sorriram, melancólicos, e ele colocou as mãos nos bolsos.

— Não mereço isso.

Eu me aproximei, e meus dedos se entrelaçaram em sua nuca, trazendo seus lábios para perto dos meus.

Os braços dele envolveram minha cintura, e eu estremeci ao sentir um pouco de dor.

— Você está bem? — perguntou ele.

— Já senti dor muito pior.

Meus lábios tocaram os dele, e senti o ar saindo de sua boca.

Acompanhei sua respiração; enquanto ele expirava, eu inspirava.

O sol da manhã se erguia atrás de nós, iluminando levemente a grama.

— Eu te amo — sussurrei novamente.

Ele encostou a testa na minha.

— Jiminie... preciso provar que não vou abandonar você de novo, que sou bom o suficiente pra você e pra Soojin.

— Cala a boca, JungKook.

— O quê?

— Eu disse cala a boca. Você salvou a vida da minha filha. Salvou a minha vida. Você não é só bom. Você é tudo pra nós.

— Nunca vou deixar de amar vocês dois, Jiminie. Prometo que vou te provar o quanto eu te amo por toda a minha vida.

Meu rosto roçou a barba por fazer, e meu dedo tocou seus lábios.

— JungKook?

— Sim?

— Me beija?

— Claro.

E foi exatamente o que ele fez.

Na manhã seguinte, Soojin e eu estávamos sentados na varanda da frente, bebendo o chá e o chocolate quente que o Sr. Han havia trazido.

Um carro se aproximou, e Soojin começou a gritar, superanimada, quando o motorista parou e abriu porta de trás.

Zeus saiu correndo do carro na direção dela.

— Zeus! — gritou ela com um sorriso enorme no rosto. — Você voltou!

Ele balançava o rabo de alegria, a animação tomando conta dos dois.

Derrubou Soojin no chão e começou a lambê-la.

Fiquei muito feliz ao ver o casal de meia-idade que saiu do carro.

— Desculpe — falei, apontando para Soojin e Zeus. — Eles são muito amigos.

Antes que eu falasse mais alguma coisa, a senhora me abraçou.

— Muito obrigada — murmurou ela. — Muito obrigada.

Quando nos separamos, sorri para aquela que, sem dúvida, era a mãe de JungKook.

— Ele tem seus olhos. Da primeira vez que o vi, achei algo familiar. E, agora entendo, eram os seus olhos.

— Acho que não nos apresentamos ainda. Sou Nam Hyuna, e esse é meu marido, Jeon Junghoon.

— É um prazer conhecê-los. Sou Park Jimin, e aquela é minha filha, Soojin.

— Ela é linda — disse Junghoon. — Ela se parece muito com você.

— Você acha? Sempre achei que era a cara do outro pai.

— Acredite em mim, querido. Ela é sua versão feminina. Vamos entrar. JungKook disse que você decorou a casa. Que tal você me mostrar tudo?

Hyuna deu uma piscadela, e nós entramos.

Soojin e Zeus nos seguiram.

— Então, JungKook já contou sobre a loja que o Sr. Han deixou pra ele? — prosseguiu ela.

— Contou sim, e achei incrível. JungKook é muito talentoso. Acho que ele vai se sair muito bem. — Sorri e me virei para Junghoon. — Ouvi dizer que o senhor vai ser sócio dele?

— Esse é o plano — respondeu. — Acho que vai ser muito bom. Um novo começo pra todos nós.

Enquanto eu mostrava a nova casa de JungKook, Hyuna comentou que eu deveria pensar em voltar a trabalhar com design de interiores.

Pela primeira vez em muito tempo, considerei a possibilidade de recomeçar.

Eu não sentia medo como antes.

Na verdade, a ideia me inspirava.

Eu tinha esperança de que, no futuro, minha filha sentisse muito orgulho de mim.

Breath of Life - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora