Jimin
Acordei com o barulho do cortador de grama vindo do quintal.
O sol tinha acabado de nascer, e não havia qualquer motivo para alguém cortar a grama àquela hora.
Fui até a varanda nos fundos da casa e vi JungKook no local onde havia acontecido o incidente com Jin-ki.
Levei a mão ao coração e desci a escada, sentindo a grama molhada da manhã nos meus pés.
— O que você está fazendo? — perguntei.
Ele olhou na minha direção e desligou o cortador.
— Eu não queria que você visse o gramado daquele jeito quando olhasse para o quintal. Eu não queria que você se lembrasse do que aconteceu. — Ele colocou a mão no bolso e pegou uma moeda. — Jin-ki deixou cair essa moeda... você já a tinha visto antes? — Ele a jogou na minha direção. — É uma moeda com dois lados iguais. É só cara.
— Ele nunca ganhou nenhum cara ou coroa, então? — constatei, um pouco chocado.
— Nunca. Não acredito que não percebi tudo antes, que ele quase conseguiu fazer mal a você e a Soojin... Eu devia ter percebido que tinha algo errado. Devia ter percebido...
Ele é tudo para mim.
Eu queria muito pensar melhor sobre toda aquela situação.
Sobre o fato de ele ter nos abandonado, sobre seu retorno.
Eu queria duvidar de que ele poderia ser a pessoa certa para mim, mas meu coração silenciava minha mente.
Meu coração dizia apenas para eu sentir, viver o momento, porque era tudo que eu tinha, aqui e agora.
Num piscar de olhos, eu poderia perder tudo.
Eu precisava abraçar esse homem que estava diante de mim.
— Eu te amo — sussurrei.
Os olhos sombrios de JungKook sorriram, melancólicos, e ele colocou as mãos nos bolsos.
— Não mereço isso.
Eu me aproximei, e meus dedos se entrelaçaram em sua nuca, trazendo seus lábios para perto dos meus.
Os braços dele envolveram minha cintura, e eu estremeci ao sentir um pouco de dor.
— Você está bem? — perguntou ele.
— Já senti dor muito pior.
Meus lábios tocaram os dele, e senti o ar saindo de sua boca.
Acompanhei sua respiração; enquanto ele expirava, eu inspirava.
O sol da manhã se erguia atrás de nós, iluminando levemente a grama.
— Eu te amo — sussurrei novamente.
Ele encostou a testa na minha.
— Jiminie... preciso provar que não vou abandonar você de novo, que sou bom o suficiente pra você e pra Soojin.
— Cala a boca, JungKook.
— O quê?
— Eu disse cala a boca. Você salvou a vida da minha filha. Salvou a minha vida. Você não é só bom. Você é tudo pra nós.
— Nunca vou deixar de amar vocês dois, Jiminie. Prometo que vou te provar o quanto eu te amo por toda a minha vida.
Meu rosto roçou a barba por fazer, e meu dedo tocou seus lábios.
— JungKook?
— Sim?
— Me beija?
— Claro.
E foi exatamente o que ele fez.
Na manhã seguinte, Soojin e eu estávamos sentados na varanda da frente, bebendo o chá e o chocolate quente que o Sr. Han havia trazido.
Um carro se aproximou, e Soojin começou a gritar, superanimada, quando o motorista parou e abriu porta de trás.
Zeus saiu correndo do carro na direção dela.
— Zeus! — gritou ela com um sorriso enorme no rosto. — Você voltou!
Ele balançava o rabo de alegria, a animação tomando conta dos dois.
Derrubou Soojin no chão e começou a lambê-la.
Fiquei muito feliz ao ver o casal de meia-idade que saiu do carro.
— Desculpe — falei, apontando para Soojin e Zeus. — Eles são muito amigos.
Antes que eu falasse mais alguma coisa, a senhora me abraçou.
— Muito obrigada — murmurou ela. — Muito obrigada.
Quando nos separamos, sorri para aquela que, sem dúvida, era a mãe de JungKook.
— Ele tem seus olhos. Da primeira vez que o vi, achei algo familiar. E, agora entendo, eram os seus olhos.
— Acho que não nos apresentamos ainda. Sou Nam Hyuna, e esse é meu marido, Jeon Junghoon.
— É um prazer conhecê-los. Sou Park Jimin, e aquela é minha filha, Soojin.
— Ela é linda — disse Junghoon. — Ela se parece muito com você.
— Você acha? Sempre achei que era a cara do outro pai.
— Acredite em mim, querido. Ela é sua versão feminina. Vamos entrar. JungKook disse que você decorou a casa. Que tal você me mostrar tudo?
Hyuna deu uma piscadela, e nós entramos.
Soojin e Zeus nos seguiram.
— Então, JungKook já contou sobre a loja que o Sr. Han deixou pra ele? — prosseguiu ela.
— Contou sim, e achei incrível. JungKook é muito talentoso. Acho que ele vai se sair muito bem. — Sorri e me virei para Junghoon. — Ouvi dizer que o senhor vai ser sócio dele?
— Esse é o plano — respondeu. — Acho que vai ser muito bom. Um novo começo pra todos nós.
Enquanto eu mostrava a nova casa de JungKook, Hyuna comentou que eu deveria pensar em voltar a trabalhar com design de interiores.
Pela primeira vez em muito tempo, considerei a possibilidade de recomeçar.
Eu não sentia medo como antes.
Na verdade, a ideia me inspirava.
Eu tinha esperança de que, no futuro, minha filha sentisse muito orgulho de mim.
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Breath of Life - Jikook
FanficComo superar a dor de uma perda irreparável? Todos me alertaram sobre Jeon JungKook. "Fique longe dele", diziam. "Ele é cruel." "Ele é frio." "Ele é perigoso." É fácil julgar um homem pelo seu passado. Olhar para JungKook e ver um monstro. Mas eu...