Prestes a se formar no curso de veterinária tão estimado, Sina Deinert tem convicção que relacionamentos amorosos não cabem em sua rotina apressada.
Mas não significa que uma diversão casual seja impensada.
Carregando um histórico de corações part...
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Sina Deinert
É um desafio manter a mente limpa e calma para controlar o nervosismo diante de uma prova iminente.
No corredor do laboratório de práticas destinado ao curso de medicina veterinária, eu e Jeky, minha dupla durante a avaliação, aguardávamos nossa vez de sermos chamadas pela professora.
Qualquer estudante que passasse e nos visse, certamente diria que somos mais duas enfrentando as últimas provas do período. Isto se a maioria não estivesse tão focada nas próprias, com livros na cara ou tentando absorver o máximo de conteúdo em folhas de resumo, até assistindo vídeo aulas pelo celular na velocidade triplicada.
Se tudo corresse bem, as férias de verão viriam aí. Embora pensar no arco-íris depois da tempestade fosse complicado no momento.
– Ah, caramba. Vou desfalecer aqui- Jeky reclama, alisando o jaleco que usamos como uniforme obrigatório para as práticas em laboratório. – Ela devia chamar os alunos quando já pudéssemos entrar direto.
Tento dar uma espiada pelas frestas da lona que cobria os vidros da sala. Sem sucesso.
– A felicidade dela é colocar nossos nervos à flor da pele, isso é apenas parte do teste- minha fala não condiz em nada com meu estado borbulhante por dentro.
Apesar de ser permitido a turma escolher duplas para aquela prova e podermos ter a companhia um do outro, seria somente isso, companhia. A verdadeira questão residia em sermos avaliados individualmente, numa prova abordando todo conteúdo que aprendemos no semestre em Técnicas Cirúrgicas. Conhecer e manusear os instrumentos, tipos de fio, tipos de sutura, o quanto de destreza temos realizando uma em tempo estimado. E o caso dependeria de uma escolha da professora.
Os meses praticando as suturas em bastidores com o kit que reaproveitei do semestre anterior de Theo precisavam se mostrar úteis hoje.
Uma dupla de alunos sai do laboratório com expressões marcadas de temor, como se tivessem sido jogados numa situação qual nem soubessem por onde começar. Quando se é aluno de Danielle Moraes, especialista em cirurgia de grandes e pequenos animais, reações assim são comuns.
Eles passam direto, como nos foi instruído a agir, e Jeky toma minha mão a apertando de modo reconfortante. Retribuo.
– Jeky Lee e Sina Deinert- a voz da professora Moraes chama da sala. Uma vez que entramos, entrega a lista de presença para assinarmos. – Como vão, meninas?
Ela aparenta estar na casa dos trinta, em seu pijama cirúrgico azul marinho estampado com Huskies Siberianos, cabelo escuro preso num rabo de cavalo e óculos de armação elegante. O fato de ser uma especialista na área que leciona e repassar bem seu conhecimento, não anula seu gosto por instigar o emocional dos alunos com essas provas.
Correspondemos as amenidades, que de certa forma servem para aliviar um pouco a tensão.
Nos acompanhando assumir nossos lugares em mesas separadas que continham amostras de pele sintética e toda paramentação cirúrgica avulsa para, além da finalidade de simular um procedimento real, também testar se sabemos preparar a mesa. Nossa professora caminha pela sala, pensativa, para logo depois designar um caso para cada uma de nós.
