Noah Urrea
– Me passa uma geladinha aí, cara.
Josh pede assim que chega da breve corrida de uma ponta a outra da praia.
Um grupo de mulheres que passavam ao lado do trecho de areia no qual montamos o sombreiro tropeçam em obstáculos invisíveis e retonam a compostura antes que se repare demais.
Rolo os olhos.
Com o tanquinho que é motivo de inveja a mostra, evidenciado pela pele brilhante devido ao exercício e somado aos cachos loiros úmidos dão a Josh uma aparência de "arcanjo vingador gostoso", como captei as moças cochichando.
Realmente não há como negar que o físico dele atraia olhares, e até me faça considerar uma rotina mais empenhada na academia. Embora a atenção que conquiste não corresponda a quem mais o interessava.
Josh permite a guia que tinha enrolada no pulso cair na areia ao ver que Joel, quem escolheu para se tornar seu companheiro de corridas feito aquela, estendeu-se na sombra proporcionada ali a fim de descansar.
– É pra já- me inclino para abrir o cooler e atiro uma Heiniken para ele, que apanha no ar.
À parte, retiro da bolsa gigante de praia pertencente a Any uma garrafa plástica com uma espécie de tampa destacável que serve justamente como bebedouro para pets. Não acreditava que a indústria de animais de estimação tinha evoluído para tanto até ver à venda os carrinhos de passeio idênticos aos de bebês.
Derramo um pouco de água na tampa e ofereço a Joel.Ellie vem como entrona e os dois sorvem metade do líquido na garrafa, molhando os arredores fora os próprios focinhos.
Trazê-los para praia saira melhor do que esperava. No primeiro contato, acho que poderia assumir que foi um novo mundo descoberto para eles. Se contar os buracos cavados ao redor de onde estamos e a energia eufórica dos cachorros a todo momento, sim, eles estão adorando isso.
Nem Joel fez-se de indiferente à novidade.
Pego outra cerveja e tomo um gole, ainda observando as ondas quebrando na minha frente.
Curto a estranha sensação de calmaria que a paisagem, acrescentada pelo som das conversas das pessoas em volta, os barulhos de diversão das crianças e o pagode tocando em algum sombreiro lá atrás traziam.
Conseguir um trecho de areia no Porto da Barra durante a alta estação era quase impossível, mas chegando cedo num dia de semana onde o sol hora aparecia, hora desaparecia entre as nuvens, dava para competir por um lugar decente.
Conseguimos um lugar bom o suficiente para que, conforme a maré enchia, algumas ondas se esticassem o suficiente para tocar o pé.
Um suspiro bem exagerado soa próximo de mim, e basta uma olhada para saber o motivo.
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𝗗𝗲𝘀𝗽𝗿𝗲𝘁𝗲𝗻𝘀𝗶𝗼𝘀𝗼, 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁
Fiksi PenggemarPrestes a se formar no curso de veterinária tão estimado, Sina Deinert tem convicção que relacionamentos amorosos não cabem em sua rotina apressada. Mas não significa que uma diversão casual seja impensada. Carregando um histórico de corações part...