𝟭𝟱. Sem compromisso

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Noah Urrea

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Noah Urrea


O ruído surdo próprio de um móvel sendo arrastado pelo piso é o primeiro a ecoar no apartamento escuro.

— Caralho, Josh- Any adverte entre dentes.

O loiro encena um grito mudo devido a topada acidental que dera bem no compartimento destinado a guardar os sapatos da rua. Chego a essa conclusão assim que Sabina acende a luz do apartamento, revelando os arredores.

Deve ser meio da madrugada agora que chegamos do festival, uma viagem não muito distante do Parque de Exposições até a morada que Sina divide com a amiga. O convite partido dessa última para que descansassemos ali ao invés de pegar um longo caminho de volta ao bairro onde moramos, do outro lado de Salvador, pegou até mesmo Sina de surpresa.

O embate visual entre ela e Sabina foi perceptível mesmo para alguém como eu.

Enfim os votos para aceitar aquele convite foram unânimes da parte de Josh e Any, que se encontravam descabelados e exauridos, a personificação de quem curtiu cada segundo do festival e teorizo dizer que além dele também.

Comportar todos no meu carro exigiu menos consenso. Me coloquei como motorista por ter bebido pouquíssimo e ingerido mais água nas horas finais, então estava bem sóbrio. Sina assumiu o cargo como copilota enquanto sua amiga e a namorada foram no banco traseiro com Any e Josh. Jurei que seria certo que Sabina sentaria-se no colo da namorada para que sobrasse espaço para os dois, no entanto, o que meus olhos visualizaram pelo retrovisor foi Josh se acomodando no colo de Any.

Nem vou comentar.

Algo provavelmente havia mudado. Ou os dois estavam bêbados o bastante para nem lembrar disso no dia seguinte, o que não duvido muito.

Antes de desligar o carro após chegarmos, pedi humildemente que Sabina tirasse uma foto pelo meu celular dos dois dormindo feito um par de saruês. Ela acatou com um sorriso de divertimento. Se viessem reclamar, diria que todos ali foram cúmplices a parte.

Com o pouco de lucidez que sobra nas pessoas que chamo de amigos, conseguem tirar e guardar os calçados na sapateira ao lado da porta. Dão alguns passos trôpegos e capotam no sofá-cama que sequer acompanhei as meninas montarem ali.

— Vou deixar um blusão meu aqui caso Any acorde mais tarde e queira se trocar- Sabina avisa, sumindo no corredor em seguida.

— Quanto a você e o loirinho atrapalhado a gente não tem o que oferecer para vestir, mas o banheiro é no fim do corredor se quiserem tomar uma ducha- a namorada dela, que recordo ser um nome com inicial J, adiciona direcionada à mim.

— Tudo bem, a gente se ajeita.

— Boa noite então- ela mostra um sorriso fechado, mas meigo, geralmente destinado a pessoas que ainda não se tem tanta intimidade assim. — Boa noite, Sins!- fala para a loira que está abrindo as portas de correr da varanda, fazendo o ar fresco circular pelo ambiente.

𝗗𝗲𝘀𝗽𝗿𝗲𝘁𝗲𝗻𝘀𝗶𝗼𝘀𝗼, 𝗻𝗼𝗮𝗿𝘁Onde histórias criam vida. Descubra agora