Para Yuri Lukov a morte nunca foi um problema quando se tratava de pessoas cruéis, ingratas, soberbas e loucas por dinheiro, porém quando aqueles olhos pretos bateram em sua linha de visão, implorando pela vida, o seu corpo paralisou com um instinto...
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Quando acabo de assistir cada uma das filmagens, meus olhos queimam, meus dedos tremem e meu peito formiga em uma sensação totalmente desconfortável para mim, algo que eu jamais senti dessa forma antes.
Respiro fundo tentando trazer o ar para os meus pulmões e fecho os meus olhos batendo na mesa com força. A culpa e remorso caminham pelas minhas veias como um parasita que está pronto para corroer todo o meu sangue e pele.
Eu prometi nunca machucá-la, e foi justamente eu que mais a feri.
— Não.... Não.... Eu não posso estar errado! — Eu não posso estar errado, porque se eu estiver, jamais conseguirei me perdoar pela dor que causei nela.
— As coisas não batem! — Sussurro para mim mesmo. — Se a Fernanda sabia que o Mikhail não ia me machucar porque não tentou falar comigo? — A resposta vem em minha mente em questão de segundos. Minha esposa não tentou falar comigo porque no fundo sabia que eu jamais acreditaria em suas palavras, e, sem dúvidas, iria interpretar errado e ia achar que era só mais um truque da parte dela.
Nós dois erramos, isso é um fato.
E, mudarei isso no futuro.
Vou destruir todas as paredes e muros que nos mantêm longe um do outro.
Sem pensar muito e agindo pelo instinto levanto da cadeira desleixadamente e corro para fora do quarto o mais rápido que as minhas pernas conseguem. Meus passos são longos e apressados e se houvesse um exército em minha frente ninguém me pararia. Eu derrubaria cada pessoa para chegar até ela.
Passo pelos corredores, abro a porta do porão, desço as escadas e quando chego na frente da sua cela abro a porta e vou até ela. Um suspiro alto sai de mim e estudo o seu rosto, apenas isso bastou para tudo em mim se quebrar por uma segunda vez. Eu nunca a vi assim, cerrei os meus dentes um nos outros e tombo de joelhos até ela.... Até o seu corpo deitado no chão sujo e frio.
Eu estava tão cego... Eu a amo e até a maior traição do mundo não me faria desistir dela, só que eu não sei lidar muito bem quando a situação envolve os meus irmãos.
Seu corpo se arrepia diante do frio e levo os meus dedos até ela bem devagar, minha mão alisa os seus cabelos e de perto consigo ver com detalhes a sujeira em seu corpo e os respingos de comida em sua roupa.
Puxo o seu corpo até o meu com pressa e escuto a sua respiração longa da mesma forma que consigo sentir a febre alta que recai sobre ela. Fecho os meus olhos sentindo o seu cheiro, seu belo aroma de frutas vermelhas.
Estou me desmoronando aqui e não sei se vai ter concerto. Como vou conseguir viver sabendo que machuquei alguém que eu amo por falta de comunicação? Por ser orgulhoso demais e não querer ouvi-la.
— Yuri. — Chama ela em um tom fraco. Meus olhos se voltam até as suas órbitas pretas e um pequeno sorriso se abre em seu rosto. — Eu sa-bia que voc-ê viria. — Diz com seus dentes tremendo conforme as palavras eram pronunciadas pelos os seus lábios. Não consigo abrir a minha boca perante a verdade das suas palavras.
