Para Yuri Lukov a morte nunca foi um problema quando se tratava de pessoas cruéis, ingratas, soberbas e loucas por dinheiro, porém quando aqueles olhos pretos bateram em sua linha de visão, implorando pela vida, o seu corpo paralisou com um instinto...
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Deixo a minha cabeça encostada e fecho os olhos não aguentando mais a fome e nem as dores pelo o meu corpo. O barulho incerto de passos chegam até mim e fico analisando o som das pisadas.
Duas pessoas estão se aproximando daqui.
Merda!
Espero que não seja a porra do Mikhail, novamente!
O único irmão do Yuri que eu não gosto e nem desejo ter como cunhado.
Fico no meu canto, porque não sabia se conseguia me levantar sem cair e espero os visitantes que vem para o meu "lindo espaço".
Quando o Yuri para de frente em minha cela meus olhos são fisgados para ficarem centrados nas suas órbitas amarronzadas. Mikhail passa uma chave para ele e o meu marido abre a cela sem separar ou deixar os meus olhos.
Engulo em seco e respiro fundo, envergonhada com a minha situação, mudo o meu olhar para outra direção e observo que o Mikhail não se move para entrar e deixa um pouco de espaço para nós dois.
— Yuri! — Chamo agradecida por ele ter vindo e com a preocupação esvaziando, finalmente iria sair daqui. Tento me levantar e minhas pernas tremem, no entanto consigo dar um passo para frente e me aproximar dele.
Suas mãos grandes me afastam no mesmo instante com um pouco de força e repugnância.
Ele não queria que eu o tocasse.
Como não havia ingerido nada, minhas pernas cederam e caio para trás. A dor subiu pelo o meu peito e a vontade de chorar veio a borda, engulo em seco e mordo o interior da minha bochecha. Olho para o chão sujo conforme a insegurança tomava conta de mim.
Suspendo os meus sentimentos e deixo de dizer a ele o que de fato queria, Pela expressão em seus olhos nada que eu diga irá fazer ele mudar de ideia. Enquanto, encaro as suas órbitas amarronzadas que me fitam de volta com tanta raiva e rancor. Me pergunto para onde foi o brilho perigoso e divertido que havia ali.
Respiro fundo e sinto os meus olhos queimarem por causa das minhas tentativas de não chorar na frente dele.
Eu nunca me senti tão humilhada.
Eu nunca quis ser abraçada como quero agora.
— Você me disse ontem que ela estava sendo bem tratada. — Afirma olhando para o irmão. Então, ele sabia que eu estava esse todo aqui e mesmo assim não veio me procurar no mesmo instante?
— Eu lhe disse que ela estava sendo tratada da melhor forma possível para ela. — Frisa ele deixando claro que os dois tinham pontos de vistas diferentes. — Sua esposa é uma traidora e não merece mais que isso de você. Deixá-la com fome e com sede por dois dias é o mínimo do que ela deveria receber.
Com os olhos voltados para o chão, sinto que o yuri está me analisando, mas não daria o gosto dele ver o quanto o seu ato feriu o meu coração.
Tudo bem, que ele estava decepcionado e eu entendia que ele possuía esse direito, mas porra eu ainda era a diaba dele e jamais pensei que ele fosse me empurrar, principalmente não nessa situação.
