Para Yuri Lukov a morte nunca foi um problema quando se tratava de pessoas cruéis, ingratas, soberbas e loucas por dinheiro, porém quando aqueles olhos pretos bateram em sua linha de visão, implorando pela vida, o seu corpo paralisou com um instinto...
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Escuto o barulho do motor de uma moto e por mais que eu queira sair correndo não consigo. Merda, fiz de tudo para fugir e no final o destino me prendeu aqui novamente, lágrimas molham o meu rosto quando tento me mover um pouco mais para o lado esquerdo, firmo o meu corpo e limpo com a minha mão as gotas salgadas que mancham a minha pele.
Para o meu azar cada canto do meu corpo doía intensamente e os desconfortos fortes em minha barriga agravavam a situação. Me forço a respirar e fecho os olhos quando uma grande equipe de construção faz uma obra barulhenta em minha cabeça.
Era por isso que eu usava um anticoncepcional que impedia a minha menstruação de vir, sofria com isso desde dos onze anos e a minha adolescência foi atormentada durante alguns dias por enxaquecas, dores abdominais, vômitos, corpo mole, ciclos desregulados e intensos.
Foi um alívio para mim quando passei a tomar aqueles comprimidos tão pequenos que tínhamos que realmente olhar se engolimos de verdade. Cerro os dentes quando outra ponta me leva de volta ao céu e me joga igual um pecador dentro do inferno.
Um corpo enorme para em minha frente e encaro o Yuri que não demonstrava nada em seu rosto. E, até os seus olhos marrons que antes me fitavam com brilho cheio de intensidade e implicância estava me lançando um olhar cru e rígido, suas órbitas desceram pelo o meu estado fúnebre e ele torceu os lábios em desagradado que logo virou um sorriso.
- Você está horrível. - Destacou ele, como se apreciasse me ver naquele estado horroroso. Fechei os dedos da minha mão diante das suas palavras e me mantive calada.
- E, só para lembrar.. - Iniciou trajando um sorriso mais aberto. - Foi você que trouxe isso para você mesma. - Fechei os meus olhos não me importando com as suas palavras e tento respirar mais uma vez ao passo que mordo os lábios com dor quando recebo outra alfinetada cheia de sensações ruins em minha barriga.
Ele se aproximou de mim percebendo que havia algo errado, já que não dei uma resposta para as suas implicações, no entanto quando percebeu o que estava fazendo ele se afastou e não tocou em mim, a única coisa que Yuri fez foi jogar uma garrafa de água em minha direção com força.
- Levanta logo. - Ordenou em um tom duro me fazendo olhar para ele estranhamente, afinal ele nunca tinha falado comigo daquele jeito grosseiro.
Yuri nunca se mostrou ruim como hoje, mas é assim que mafiosos são, não é? A parte gentil dele era apenas uma fachada para que eu não desconfiasse a sua verdadeira identidade, para que eu não enxergasse o monstro que ele esconde embaixo da sua máscara perfeita.
- Aceite que seu plano falhou e adiante, pois tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar olhando para você nessa situação tenebrosa.- Fiz uma careta e eu queria muito revidar, mas a única coisa que saiu da minha boca foi um gemido de aflição quando movi as minhas costas mais para cima, em uma tentativa idiota de conseguir me sentar em uma posição mais confortável.
