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*Riko On*

Eu estava ali outra vez, no mar lilas formado pelas flores de lavanda, e no exato momento em que o cheiro me invadiu senti meus olhos merejarem.

Itachi deixaria que Sasuke o matasse.

Eu não deveria ter ficado muito surpresa, mas a tristeza me atingiu em cheio, eu nunca mais o veria já que ele provavelmente não me deixaria sair antes de estar morto.

Dessa vez no meio do campo de flores tinha uma pequena cabana, eu vi um feixe de luz brilhar lá dentro e isso me fez caminhar em direção ao local, antes de entrar peguei uma das flores e a encarei.

Depois de ser capturada e presa perdi aquela que havia pego antes, então segurei firmemente a nova antes de entrar na cabana.

Estava quente lá dentro e o fogo de uma lareira brilhava pelo local quase vazio.

Encarei os fios castanhos longos, normalmente presos em um rabo de cavalo baixo, mas dessa vez estavam soltos e alguns fios flutuavam por conta da fraca brisa que entrava pela porta. Itachi estava de costas para mim enquanto enchia duas xícaras, o cheiro agradável de chocolate alcançou minhas narinas antes dele se virar para mim.

Itachi não tinha sua aparência cansada de costume, as marcas em seu rosto não eram tão visíveis, agora eram apenas dois pequenos sinais no canto de seus olhos, como quando ele era criança que vi em suas lembranças.

E o sorriso que ele me deu foi tão grande que fez com que seus olhos se fechassem por um instante, era tão leve e feliz. Eu nunca tinha visto ninguém sorrir daquele jeito, muito menos Itachi.

— Fiz chocolate quente. — Ele se aproximou de mim e esticou uma das xícaras, elas eram um par, com desenhos iguais que pareciam se completar lado a lado, antes de pegar a xícara eu ergui o olhar para o encarar, queria respostas, mesmo que não houvessem mais perguntas a serem feitas. Mas Itachi parecia despreocupado e apenas se aproximou ainda mais, seu sorriso ficou ainda maior. — Quer que eu te dê na boca? — Não respondi e ele tocou meus lábios com o porcelanato antes de gentilmente inclinar a xícara, fazendo o líquido quente tocar meus lábios, eu apenas aceitei aquilo e tomei um pouco do líquido, que me aqueceu de imediato. — Como está?

A voz dele também parecia diferente, mais doce e leve.

— Perfeito.

Itachi riu baixinho antes de provar e acenou com a cabeça.

— Eu acertei dessa vez.

— Acho que sim.

Os olhos negros se encontraram com os meus, mas apesar da minha preocupação e tristeza o homem em minha frente ainda sorria.

— O que pretende fazer com isso?

Ele apontou com a cabeça para a flor em minhas mãos, abaixei o olhar para ela e respirei fundo.

— Não sei...só queria passar mais um tempo com ela.

— Quer colocar em um vaso? Acho que tem um aqui, em algum lugar.

Ele se virou e se afastou de mim, quase como de imediato o segui, meu interior amedrontado de que ele fosse desaparecer a qualquer momento.

Itachi deixou às duas xícaras no balcão da cozinha e começou a abrir os poucos armários em busca do tal vaso.

— Itachi?

— O quê?

Ele não se virou para mim, continuava a olhar dentro dos armários.

— Vai mesmo fingir que não tem nada acontecendo?

Ele finalmente encontrou o que buscava e foi até a pia, começando a colocar água no objeto.

A Garota RenegadaOnde histórias criam vida. Descubra agora