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*Riko On*


*Flashback On*
   

— Levanta! Vamos! — Meu corpo sentiu o choque e se levantou de imediato, eu estava toda molhada e o frio daquela água alcançou até meus ossos, quando ergui o olhar cerrei o maxilar.

Por que ele estava ali?

— Anda logo, tá achando que temos todo o tempo do mundo? Você tem trabalho para fazer.

— Eu não quero. — Eu não havia aberto a boca, porém minha voz ecoou pelo local, mas minha voz estava levemente diferente, mais aguda e mais amedrontada.

Aquilo era uma lembrança. Um pesadelo.

Os olhos verdes idênticos aos meus me encararam duramente através das grades.

— Eu não estou perguntando se quer, não tire minha paciência!

— Não! Eu estou cansada...não quero mais fazer isso, eu não quero machucar ninguém! — Outro choque em meu corpo, mas dessa vez não era a água gelada e sim o balde de metal, que voou diretamente para a minha testa, o sangue quente começou a escorrer imediatamente e eu coloquei as mãos no local, a corrente que prendia meus pulsos se esfregou no meu nariz.

— Não quer!? Deveria ter pensado nisso muito antes! Agora é só para isso que você serve.  — O portão se abriu, rangendo dolorosamente contra os meus ouvidos e a corrente foi puxada pelo homem, o tranco fez com que meus braços fossem puxados com tudo e eu não tive escolha a não ser o seguir.

— E-eu sinto muito, eu não me lembro, mas eu não fiz de propósito e-eu- — Outra coisa acertou minha cabeça, mais precisamente a sola da bota de couro que ele usava.

Meu corpo foi lançado para trás e eu cai de costas no chão, a bota logo voltou a pressionar minha cabeça e me apertou.

— CALE A BOCA! — O ódio em seus olhos era quase tão doloroso quanto sua sola em meu rosto.

— Ei, que demora é essa? Ela está dando trabalho outra vez? — Outra voz invadiu o local e eu me encolhi, mas não me atrevi a falar mais nada.

— Leve ela logo, não aguento mais olhar para essa cara. 

O homem que tinha acabado de entrar se aproximou e pegou a corrente que agora estava no chão, ele a puxou fazendo com que eu fosse forçada a me levantar e nossos olhares se encontraram. Meu tio me encarou e franziu o nariz antes de cuspir no chão.

— Ninguém aguenta. — Ele me puxou para fora dali com brutalidade, mas antes de sair eu dei uma última olhada por cima do ombro.

O homem ainda me encarava com o mesmo ódio de sempre e também cuspiu no chão enquanto me olhava ser arrastada para fora.

— Espero que dessa vez alguém de um jeito de te matar. — Aquelas foram umas das últimas palavras que escutei do meu pai, e eu também desejei para que alguém fizesse aquilo.

Mas como sempre eu retornei, depois de dar um "jeito" em outro grupo de soldados inimigos. E fui jogada naquela cela mais uma vez depois disso. E fiquei ali por dias, sem receber a visita inesperada de mais ninguém, até que um dia ela entrou no meio da noite. Sem fazer quase nenhum barulho. Yuna ficou me encarando do outro lado da grade por um tempo antes de se pronunciar.

— Você precisa me curar hoje! — A encarei de volta e ergui uma sobrancelha.

— Está morrendo mais rápido? — Ela cerrou os dentes.

— Cala essa boca imunda e faça logo! — Mordi minha bochecha, até sentir sangue sair dela, acenei com a cabeça, o que deixou minha irmã surpresa.

A Garota RenegadaOnde histórias criam vida. Descubra agora