Cap. VII

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Rodolffo conduziu sem destino e finalmente foi parar no centro de congelação de esperma.   Pediu para falar com o director e depois de juntos ouvirem a gravação da conversa de Iara com o médico resolveram ir à polícia.

Imediatamente foram requeridos ao tribunal mandatos de prisão para os dois.  

Rodolffo voltou para casa e agiu como se nada tivesse acontecido.  Não queria espantar a presa.  Ficou a maior parte do tempo no escritório lá de casa e nem mesmo à noite foi dormir no seu quarto.   Esperava a todo o momento que ela fosse presa, mas acreditava que só  aconteceria no dia seguinte.

- Vem dormir, Rodolffo.   Já está tarde.

- Vai indo.  Tenho um trabalho para terminar que ainda vai levar horas.

- Trabalhas demais.

Ela saiu e logo o telemóvel dele deu sinal de actividade do dela.

- Vou para a cama.  O trouxa está lá trabalhando.  Queria estar aí.  Faz dias que não me comes e tenho saudades.

- Vem aqui amanhã.  Não vou sair de casa.

- Vou mesmo.  Depois que ele sair eu saio também e vou.

- Vem que eu mato essa vontade.  Viciou no meu pau, é?

- Não só.  Contigo é sem limites.

- Espero-te amanhã,  tchau.

- Tchau.

Rodolffo teve vontade de subir até ao quarto e dar-lhe uma valente  sova.

O que é teu está guardado, pensou.
Deitou-se no sofá do escritório e agora o pensamento dele pairava em torno da moça que carregava o seu filho.

Tinha salvado o número dela através  da mensagem de Iara, mas não se atrevia a contactá-la antes que os dois fossem presos.

Pensou em mil e uma coisa para lhe dizer assim que se encontrassem, mas logo a seguir nada de que dissesse faria sentido.

Outros pensamentos vinham:

- e se ela não quiser contacto comigo?
- e se não quiser que o meu filho conheça o pai?
- e se ela achar que eu também estou metido no esquema?
- e se ela quiser tirar a criança?
- e se, e se, e se?

Tentou afastar estes e outros pensamentos, mas o sono não vinha e era difícil.

Por volta das sete horas da manhã  levantou-se, fez café e ficou ali a comer.

Sua avó só acordava por volta das onze horas e Iara estava prestes a descer.

Quando ela desceu já vinha pronta para sair.  Deu bom dia e sentou-se ao pé dele.  Se o olhar matasse, ela estaria morta naquele momento.

- Vais sair Rodolffo?

- Vou.  Só  não sei a que horas.

- Há tanto tempo que não saímos juntos!

- É.  Alguém tem que ser trouxa nesta casa.

- Porque dizes isso?

- Porque andei ceguinho, estes anos todos.  Dediquei-me a quem não merecia nada de mim.

- Estás a referir-te a quem?

- A ti.  A quem mais seria?

- Porquê isso agora, do nada?

- Do nada?  Do nada, Iara?  Isto é o quê?

Rodolffo abriu o seu telemóvel e mostrou as mensagens entre ela e o médico na noite anterior.

- Eu posso explicar!

- Podes sim, mas não a mim.  Vais explicar tudinho à polícia.

Nesse momento batem à porta e Rodolffo foi abrir deixando dois policiais entrarem.

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