Rodolffo conduziu sem destino e finalmente foi parar no centro de congelação de esperma. Pediu para falar com o director e depois de juntos ouvirem a gravação da conversa de Iara com o médico resolveram ir à polícia.
Imediatamente foram requeridos ao tribunal mandatos de prisão para os dois.
Rodolffo voltou para casa e agiu como se nada tivesse acontecido. Não queria espantar a presa. Ficou a maior parte do tempo no escritório lá de casa e nem mesmo à noite foi dormir no seu quarto. Esperava a todo o momento que ela fosse presa, mas acreditava que só aconteceria no dia seguinte.
- Vem dormir, Rodolffo. Já está tarde.
- Vai indo. Tenho um trabalho para terminar que ainda vai levar horas.
- Trabalhas demais.
Ela saiu e logo o telemóvel dele deu sinal de actividade do dela.
- Vou para a cama. O trouxa está lá trabalhando. Queria estar aí. Faz dias que não me comes e tenho saudades.
- Vem aqui amanhã. Não vou sair de casa.
- Vou mesmo. Depois que ele sair eu saio também e vou.
- Vem que eu mato essa vontade. Viciou no meu pau, é?
- Não só. Contigo é sem limites.
- Espero-te amanhã, tchau.
- Tchau.
Rodolffo teve vontade de subir até ao quarto e dar-lhe uma valente sova.
O que é teu está guardado, pensou.
Deitou-se no sofá do escritório e agora o pensamento dele pairava em torno da moça que carregava o seu filho.Tinha salvado o número dela através da mensagem de Iara, mas não se atrevia a contactá-la antes que os dois fossem presos.
Pensou em mil e uma coisa para lhe dizer assim que se encontrassem, mas logo a seguir nada de que dissesse faria sentido.
Outros pensamentos vinham:
- e se ela não quiser contacto comigo?
- e se não quiser que o meu filho conheça o pai?
- e se ela achar que eu também estou metido no esquema?
- e se ela quiser tirar a criança?
- e se, e se, e se?Tentou afastar estes e outros pensamentos, mas o sono não vinha e era difícil.
Por volta das sete horas da manhã levantou-se, fez café e ficou ali a comer.
Sua avó só acordava por volta das onze horas e Iara estava prestes a descer.
Quando ela desceu já vinha pronta para sair. Deu bom dia e sentou-se ao pé dele. Se o olhar matasse, ela estaria morta naquele momento.
- Vais sair Rodolffo?
- Vou. Só não sei a que horas.
- Há tanto tempo que não saímos juntos!
- É. Alguém tem que ser trouxa nesta casa.
- Porque dizes isso?
- Porque andei ceguinho, estes anos todos. Dediquei-me a quem não merecia nada de mim.
- Estás a referir-te a quem?
- A ti. A quem mais seria?
- Porquê isso agora, do nada?
- Do nada? Do nada, Iara? Isto é o quê?
Rodolffo abriu o seu telemóvel e mostrou as mensagens entre ela e o médico na noite anterior.
- Eu posso explicar!
- Podes sim, mas não a mim. Vais explicar tudinho à polícia.
Nesse momento batem à porta e Rodolffo foi abrir deixando dois policiais entrarem.
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Permita-se Amar
Fanfiction...e pela rua, lado a lado, somos muito mais que dois (M. Benedetti)