Cap. XIX

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Eu andava angustiado com toda esta situação.   Juliette recusava-se a conversar comigo e eu tinha medo que ela decidisse terminar a nossa relação.

Amo demais esta mulher, mas esta gravidez veio estragar tudo entre nós.

Eu sei que depois que contraí malária tudo mudou.   Eu fiz exames e mais exames até que veio o diagnóstico de infertilidade.  Como é que ela queria que eu reagisse?

A Vitória acordou.  Fui buscá-la e levei-a para perto da mãe para ela brincar no jardim.

- Posso sentar-me aqui?

- Está livre.

- Juliette,  nós não  podemos continuar assim.  Temos que conversar.

Ao ouvir a palavra conversar,  lembrei-me das últimas palavras da avó Isabel."conversem muito. Sempre que tiverem problemas.  Não deixem de conversar"

- Está bem.  Podes falar.

- Sei que não reagi bem à noticia da tua gravidez, mas põe-te no meu lugar.  Eu tenho um relatório que atesta a minha infertilidade.
A Iara nunca engravidou durante o tempo que estivemos juntos.

- Qual a parte em que ela não tinha útero nem ovários, não entendeste?

- E o relatório?

- Que se f**da o relatório.   Acaso procuraste uma segunda opinião?

Foste rápido a julgar o meu carácter, mas não tiveste a mesma rapidez nem discernimento para procurares outro médico e outro diagnóstico.

- Amanhã eu vou procurar esclarecer tudo.

- Pouco me interessa isso agora.  O estrago está feito.  Eu não preciso de nenhum relatório para saber que este filho é teu, mas sim, procura outro médico mais que não seja para evitar que outra passe o que eu estou a passar.

- Que conversa é essa?  Não vai haver outra na minha vida.

- Isso agora não interessa.

- Olha para mim, Juliette!  Não estás a pensar terminar a nossa relação?  Vamos conversar e superar mais esta fase.

- Não é uma fase.  Para mim dói mais a tua desconfiança do que tudo o que já passei.

- E então o que queres fazer?

- Não sei.  Não tenho cabeça para pensar agora.

- Não tomes decisões precipitadas.  Pensa em toda a nossa trajectória.  Deixa-me ir ao médico pedir segunda opinião.

- Vês?  Mesmo agora tu precisas dessa confirmação para teres a certeza que o filho é teu.  Mesmo agora continuas a duvidar de mim.
Que amor dizes sentir por mim que não confia?  A minha palavra vale nada ao pé de uma folha de papel.

Rodolffo ficou calado.  Quanto mais falava mais se enterrava.

Juliette deixou-o com a filha e entrou em casa.
Sabia que não queria conversar com ele para não se desiludir mais e neste momento estava sim muito mais magoada do que antes.



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