Eu andava angustiado com toda esta situação. Juliette recusava-se a conversar comigo e eu tinha medo que ela decidisse terminar a nossa relação.
Amo demais esta mulher, mas esta gravidez veio estragar tudo entre nós.
Eu sei que depois que contraí malária tudo mudou. Eu fiz exames e mais exames até que veio o diagnóstico de infertilidade. Como é que ela queria que eu reagisse?
A Vitória acordou. Fui buscá-la e levei-a para perto da mãe para ela brincar no jardim.
- Posso sentar-me aqui?
- Está livre.
- Juliette, nós não podemos continuar assim. Temos que conversar.
Ao ouvir a palavra conversar, lembrei-me das últimas palavras da avó Isabel."conversem muito. Sempre que tiverem problemas. Não deixem de conversar"
- Está bem. Podes falar.
- Sei que não reagi bem à noticia da tua gravidez, mas põe-te no meu lugar. Eu tenho um relatório que atesta a minha infertilidade.
A Iara nunca engravidou durante o tempo que estivemos juntos.- Qual a parte em que ela não tinha útero nem ovários, não entendeste?
- E o relatório?
- Que se f**da o relatório. Acaso procuraste uma segunda opinião?
Foste rápido a julgar o meu carácter, mas não tiveste a mesma rapidez nem discernimento para procurares outro médico e outro diagnóstico.
- Amanhã eu vou procurar esclarecer tudo.
- Pouco me interessa isso agora. O estrago está feito. Eu não preciso de nenhum relatório para saber que este filho é teu, mas sim, procura outro médico mais que não seja para evitar que outra passe o que eu estou a passar.
- Que conversa é essa? Não vai haver outra na minha vida.
- Isso agora não interessa.
- Olha para mim, Juliette! Não estás a pensar terminar a nossa relação? Vamos conversar e superar mais esta fase.
- Não é uma fase. Para mim dói mais a tua desconfiança do que tudo o que já passei.
- E então o que queres fazer?
- Não sei. Não tenho cabeça para pensar agora.
- Não tomes decisões precipitadas. Pensa em toda a nossa trajectória. Deixa-me ir ao médico pedir segunda opinião.
- Vês? Mesmo agora tu precisas dessa confirmação para teres a certeza que o filho é teu. Mesmo agora continuas a duvidar de mim.
Que amor dizes sentir por mim que não confia? A minha palavra vale nada ao pé de uma folha de papel.Rodolffo ficou calado. Quanto mais falava mais se enterrava.
Juliette deixou-o com a filha e entrou em casa.
Sabia que não queria conversar com ele para não se desiludir mais e neste momento estava sim muito mais magoada do que antes.

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Permita-se Amar
Fanfiction...e pela rua, lado a lado, somos muito mais que dois (M. Benedetti)