Cap. II

65 14 8
                                    

A desconfiança de Rodolffo estava certa.  Após novo exame, Iara não estava grávida.

- Amor, tentamos para o mês que vem novamente.

- Avó, eu já  começo a desistir de te dar um neto.

- Não deves desistir, Rodolffo.   Desistir é para os fracos e isso tu nunca foste.  Eu não te criei para desistires à primeira tentativa falhada.

Iara voltou à clínica no dia seguinte.

- Quase estragas o esquema, Ediberto!  Devias estar cá ontem para atestares a minha gravidez.  Agora temos que começar tudo de novo.

- Não pude.  Estava de plantão numa outra clínica.  Porque não marcaste o exame para hoje?

- Porque o trouxa lá exigiu vir ontem.  Parece que estava desconfiado e a velha lá com a pressa de ter um fedelho a chorar pela casa também não ajuda nada.

- Tem calma.  Foi só um acidente de percurso.  O plano segue direitinho.

- Espero bem que sim, porque se der tudo errado, todo o mundo vai sofrer.

...

Era o dia marcado para Juliette voltar à clínica.   Por conta do antibiótico que tomou, as dores desapareceram.

- Vou-lhe dar uma sedação ligeira e vamos ver como isso está.
Não vai doer nada e vai ser rápido.

O médico fez o procedimento e logo a liberou com a indicação de que estava tudo bem e para voltar em um mês.

- Aí fazemos apenas um ultra som e assunto resolvido.

Juliette encontrou novamente Iara na saída,  mas desta vez convidou-a para um café.

Falaram sobre os problemas de cada  uma e quem visse diria que eram as melhores amigas.

Iara contou que estava a fazer tratamento para engravidar pois era desejo do marido.

- E seu não é?

- Eu dispensava bem um filho, mas sei que devo ter que aguentar por ele.

- Não fale assim.  Um filho é a bênção  ainda mais se for de quem gostamos.

- No meu caso é moeda de troca.  Eu dou-lhe o filho e ele dá-me vida de rainha.

Aquela conversa estava a deixar Juliette enojada.   Inventou uma desculpa e saiu dali assim que pode.

Como é possível haver mulheres que pensem nos filhos como moeda de troca?  Estar com um homem só pelo dinheiro?

Não.   Isso não entrava na cabeça dela.  Sempre foi criada dentro dos valores cristãos e entendia um filho como uma bênção para o casal.

Pobre do homem que está com ela sendo enganado.  Será que ele gosta dela ou também só a quer como reprodutora?

Voltou para casa.  Como o médico recomendou repouso absoluto durante pelo menos dois dias  ela nesses dois dias nem saiu para ir ver o irmão.

A saúde dele piorava de dia para dia e ela já só esperava o pior desfecho.
Sentia-se triste, mas pedia a Deus que se era para o irmão morrer que não o deixasse sofrer mais.

Três dias depois recebeu a notícia da morte dele.
As lágrimas, há muito que tinham secado.   Tratou do funeral, fez a cremação do corpo e ao chegar a casa sentiu-se realmente sózinha.

Permita-se AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora