Cap. XVIII

68 17 9
                                    

Durante esta primeira semana não nos falámos.  Ele levava a filha ao colégio,  eu ia trabalhar, no final do dia preparava o jantar, tratava da Vitória e ele jantava sózinho.

Eu não me aproximei e ele também não fez questão.

Eu enjoava muito mais do que da Maria Vitória.  Todas as manhãs eu vomitava e geralmente ia sem comer para o trabalho.  Já perdi algum peso, mas a médica diz que é normal.  Deixa de ser se eu estiver constantemente a perder peso ao longo dos meses.  Um dia eu vou precisar ganhá-lo.

Uma coisa também foi diferente.  Desta vez eu tinha muito sono.   Custava-me imenso levantar para trabalhar todas as manhãs.

Hoje era domingo.  Rodolffo acordou e preparou a filha para ir ao parque como fazíamos todos os domingos de manhã.  Eu estava na cama quando ele foi perguntar se queria sair.

- Não.   Vão vocês dois.  Só quero dormir.

Rodolffo não disse mais nada.  Saiu com a filha e eu virei-me para o lado e adormeci.

Não me preocupei com almoço pois era habitual aos domingos fazer o pedido a um restaurante que ambos gostávamos.

Regressei do parque já perto do meio dia e não vi resquícios de Juliette.  Subi ao nosso quarto e ela dormia profundamente. Fui acordá-la.

- Juliette, o almoço está a chegar.  Levanta e vem almoçar.   Não comeste nada hoje.

- Não tenho fome.  Deixa-me dormir.

- Mas dormiste toda a noite e toda a manhã!

- Por mim dormia toda a vida.

- Vem lá. Depois sentamos para conversar.

- Não há nada para conversar, até eu poder fazer um teste de ADN.  Depois teremos uma conversa definitiva.

- Vamos conversar agora.

- Sai daqui Rodolffo.   Não quero ouvir a tua voz.

Ele abandonou o quarto e foi dar o almoço à filha e comer também.   Tinha comprado strogonoff que ela gostava.  Fez um prato e foi levar-lho.

- Pelo menos come e depois dormes.  Vou deixar aqui o teu almoço.

Juliette levantou-se para ir ao banheiro e sentiu as pernas cederem.   Sentou-se na beira da cama e esperou um pouco antes de se levantar de novo.  Ela estava há mais de 23 horas sem comer e sentia todo o corpo tremer.

Voltou do banheiro, comeu um pouco do prato e deitou-se de novo.

Ouviu a Maria Vitória chorar e chamar pela mãe e então decidiu levantar-se.  A sua menina precisava dela.

Vestiu uma calça e blusa desportiva e desceu até onde estava a filha que correu assim que a viu.

- Tu estavas a chorar,  minha bébé?  Vem à mamãe.

Sentou-se no sofá com ela no colo e não tardou para ela adormecer.

Juliette subiu e foi deitá-la na cama e depois desceu com o tabuleiro  de seu almoço.
Lavou os pratos que estavam sujos, limpou a bancada da cozinha, fez um café que levou para o jardim onde ficou a apanhar um pouco de sol.

Rodolffo estava deitado no sofá.   Nunca eles tinham tido um domingo assim tão silencioso.  Habitualmente faziam coisas com a filha e quando ela dormia eles aproveitavam para  namorar.

Permita-se AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora